Após conquistarem fãs do cenário indie com o delicioso “Tourist History”, os britânicos do Two Door Cinema Club tinham a difícil missão de manter este público com seu novo álbum de inéditas, intitulado “Beacon” e, mostrando uma fase de amadurecimento em sua sonoridade, conclui a missão com sucesso. Antes de escrever esta review sobre o álbum novo da banda, li alguns artigos gringos e nacionais, e fica muito claro que grande parte do público sentiu falta de canções mais “cativantes” como “Something Good Can Work” e “What You Know” – sendo esta última a mais citada nas reviews alheias -, mas basta re-escutar o CD para notar que isso será uma questão de digestão. Desta vez, o Two Door Cinema Club não vem com um indie-pop mastigado e não se engane, “Beacon” é tão bom e animado quanto o aclamado “Tourist History”, mas o que temos aqui é uma banda que amadureceu.
De uma forma um tanto covarde, o álbum já te ganha na ótima primeira faixa, “Next Year”, que já adianta parte deste amadurecimento e vem com um refrão que gruda, da melhor forma possível. Na primeira faixa, a banda também entrega parte de suas características que resistiram a esta “mudança” e isso prossegue pelas próximas duas faixas, “Handshake” e “Wake Up”, porém, temos aqui o adicional da letra, que foi muito valorizada nesta nova produção.
Após o agitado e como eu disse, covarde início, a banda apresenta a primeira baladinha do CD em sua quarta faixa, “Sun”. Nesta, a guitarra e os vocais são os fatores que nos lembram que esta é uma canção do Two Door Cinema Club, mas eu arriscaria dizer que temos aqui um quê dos Beatles e um tempero a mais (é Sazon, Brasil?!), que faz com que a canção não passe despercebida – mesmo sendo sucedida pela agitadérrima “Someday”. Com o fim da ensolarada baladinha, vamos com muitos riffs de guitarra em “Someday”, quinta e uma das melhores faixas do CD. Nessa faixa, a banda mostra mais deste amadurecimento de sua sonoridade e por mais que o instrumental da canção te ganhe logo nos primeiros segundos, é a letra do refrão que te convida para ficar até o fim da festa: “Não há tempo para perder tempo. Esse é o fim da linha, o final definitivo do que seremos um dia”.
O mesmo que disse sobre “Someday”, também serve para a faixa seguinte, “Sleep Alone”, que tem seu apelo instrumental e lírico, também sendo uma das melhores do CD, se não a melhor. Em sua sétima faixa, “Beacon” vem devagar com “The World Is Watching”, a banda investe muito bem no lirismo mais uma vez e para o instrumental, que com uma fórmula semelhante a “Sun”, o que também acaba funcionando muito bem. Sucedendo “The World Is Watching”, a banda vem com a semi-baladinha dramática, “Settle”, mostrando uma vontade imensa de voltar para sua terra (Gugu, pfvr!). No instrumental de “Settle”, a banda vem com uma crescente batida, que ensaia diversos vôos, porém, a intensidade do refrão não permite que a mesma decole.
Depois do momento “De Volta Para Minha Terra”, Two Door Cinema Club vem cantando sobre amor na bonitinha “Spring”. Nessa faixa, temos diversas semelhanças com as canções do “antigo” Two Door, indo do delicioso refrão ao instrumental que beira algo mais dançante, mas sem se render por completo para as pistas [alternês] e, após essa canção, vamos para uma das que eu mais amei neste CD: “Pyramid”. Ai que Illuminati! Na décima faixa deste material, a banda vem com uma letra quase que enigmática, em que pede para ser levada através da pirâmide e fala sobre o modo com que as coisas são diferentes “do outro lado”. Assim como muitas das faixas deste CD, “Pyramid” também mescla um ótimo lirismo com uma cativante batida e pensando bem, já estou até revendo o comentário sobre “Sleep Alone” ser a melhor do álbum.
Por fim, mas não menos importante, temos a faixa-título “Beacon”, que fecha com chave de ouro toda essa produção. Também sendo uma semi-baladinha, “Beacon” mostra um pouco mais desta “nova fase” do Two Door Cinema Club e de uma forma curiosa, também volta a falar sobre sentir falta de casa: “O farol está me chamando [...] Estou voltando para casa”.
Resumindo: pensando no álbum em geral, de “Next Year” à “Beacon”, o que temos é uma fantástica viagem, indo de refrões fáceis à versos mais complexos e ainda assim, sendo acompanhado por um fascinante instrumental, que não vem com uma fácil digestão – como do “Tourist History” -, mas insiste para que você dê um pouco mais de atenção para os detalhes e assim, note que há muitos motivos para amar tudo isso.
Resumindo o resumo: decidir se “Beacon” é ou não melhor que o “Tourist History” é uma questão de gosto pessoal e sendo assim, nem a melhor review do mundo poderá decidir isso por você. Se quer saber a minha opinião, ela é tão bom quanto o álbum que o antecede e para mim, isso já é ótimo o suficiente.
Resumindo o resumo do resumo: ótimo o suficiente.
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