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Review: E o melhor é quando vamos pra baleia... Banda Tereza lança seu álbum de estreia, "Vem Ser Artista Aqui Fora"!

Antes de começar o post, preciso fazer uma confissão: sempre tive uma certa aversão por músicas e artistas nacionais. Não sei, talvez fosse por toda a influência da mídia, que me fez crescer ouvindo músicas gringas e me fazendo acreditar que só o povo de lá podia fazer coisas de qualidade, mas eis que um dia eu resolvi comprovar isso com meus próprios olhos e ouvidos e descobri que eu estava errado, minha visão estava errada, eles estavam errados. Até temos nossos "ai se eu te pego", "quero tchu e tchá", "tche tchê rê-rê", "bará berê" e derivados, mas nem tudo do lado de lá é perfeito e sendo assim, ficamos quites. Agora provando que os meus pensamentos estão certos, venho com este post falar sobre o álbum de estreia de uma banda nacional chamada Tereza, que já passou pelo blog antes, e lançou recentemente o seu álbum de estreia, "Vem Ser Artista Aqui Fora" (Pedro Bial curtiu o título).
Formada por Mateus Sanches (guitarra e teclado), João Volpi (baixo), Sávio Azambuja (guitarra e teclado), Rodrigo Martins (bateria) e Vinícius Louzada (vocal), Tereza é uma banda que nasceu em Niterói e que começou a formar seu público com o EP "Onça", mas só veio mostrar que realmente estava pronta para o jogo com seu ótimo álbum de estreia, que foi generosamente disponibilizado para download gratuito no site da banda. Com onze faixas, o "Vem Ser Artista Aqui Fora" é um dos álbuns mais surpreendentes que eu escutei neste ano e não tenho dúvidas de que deverão aparecer em muitas daquelas listinhas de fim-de-ano, de maneira positiva, óbvio. 
Para carro-chefe do material, os rapazes de Niterói escalaram a faixa "Vamos Sair Para Jantar", que teve seu clipe lançado há pouco tempo, e é com ela que abrem o trabalho do CD. Com direito a muita percussão, um coro ao fundo e o cativante vocal de Louzada, a faixa foi o grande motivo pelo qual eu resolvi escutar o CD e pra quem ainda não conhecia a banda, deverá ser a responsável por fazer com que você ouça o álbum até o fim e tire uma conclusão de todo o material - que é um tanto imprevisível. Sucedendo a deliciosa faixa de entrada, partimos para a veranesca "Sandau", que de início logo nos remete a bandas como Skank e Paralamas do Sucesso, mas começa a riscar uma linha característica, que deverá formar uma reta ao fim do CD.

Pelas duas primeiras faixas do CD, fica muito claro que os planos da Tereza com esse álbum não são dos maiores e invés de mover revoluções ou massas de garotas jovens dispostas a gritar por horas seguidas, o material é algo just for fun, que deverá entreter a muitos por muito (muito, muito) tempo e isso sem se tornar cansativo - a proposta chega a soar divertida se você der atenção para o lirismo da banda e o mais impactante, a capa do CD, que traz duas baleias de plástico. A terceira faixa do CD, "Não Vou Brigar", é uma das vertentes mais pop do material, nos remetendo a nomes como Two Door Cinema Club (algo como o trabalho da banda em seu primeiro álbum, vide os hits "Something Good Can Work" e "What You Know"), e com ela, passamos a notar a versatilidade do álbum e notamos também a dificuldade de encaixar esses caras em um só nicho.

Como a vida não é apenas diversão, Tereza também se torna uma mulher melancólica em "Máquina Registradora", que é a quarta faixa do CD, e mesmo com uma letra não alegre, a banda consegue fazer com que a canção não diminua o clima e velocidade do álbum, não quebrando toda a ideia inicial do álbum. Um bom truque da banda neste CD, é o fato de nenhuma das canções serem necessariamente longas, isso faz com que o álbum seja uma experiência rápida e como passa numa grande velocidade, você logo quer ouvir de novo e numa contrapartida, a boa sensação se torna algo duradouro. A quinta faixa do álbum, "Siris", sequencia o que o instrumental de "Máquina Registradora" adiantava gradualmente e chega ao indie-rock que se tornou tendência nos últimos anos, nesta faixa a banda passa longe dos nomes que já citamos neste post, mas mantém suas características líricas.

Chegando na sexta canção, notamos que o álbum começa a ganhar um pouco mais de idade e isso também se reflete na canção em questão, "Adultos São Crianças", sob um instrumental que se diferencia de todo o resto do álbum, a banda vem falando sobre toda a influência que a sociedade tem sobre os atuais adultos, que são grandes por fora mas ainda tomam atitudes que de forma involuntária, são infantis. Após o climão da canção anterior, a banda retoma os acordes "alegres" do CD em "Um Dia Inteiro" e com ele, retoma também a temática amorosa que rodeia todo o material, mas acreditem, os acordes "alegres" de "Um Dia Inteiro" se tornam melancólicos quando você chega na "Calçada da Batalha", faixa que sucede a sétima canção. Com sintetizadores do início ao fim da canção, a faixa é uma das mais felizes do álbum e após escutá-la, a vontade que tenho é de ligar para o Chaves e para o Kiko, convidando-os para uma viagem a Acapulco, se é que me entendem.

Se você ainda não foi para a praia após a última faixa, você consegue chegar em "Araribóia". A faixa traz uma das letras mais marcantes do álbum e vem com diversas referências ao Arariboia, que foi chefe de uma tribo indígena Tupi. O instrumental desta canção fica num meio termo entre o pop veranesco inicial e o indie-rock, resultando numa mistura interessante. Chegando próximo ao fim do álbum, partimos para "Rumo ao Branco", que aparenta ser a faixa final do álbum, nela temos a presença dos sintetizadores mais uma vez e com um quê bem oitentista, porém, sem toda a animação das últimas faixas e com o coro que contribuiu para que chegássemos até aqui. Mas como eu disse, estávamos próximos ao fim do álbum e ele chega após "Rumo ao Branco", com a "Adultos São Crianças (pt. 2)". Óbviamente, a faixa é uma continuação para a sexta faixa do CD, porém, vem apenas com um instrumental que soa como algo tranquilizador, talvez a canção sirva para tirar a má impressão que a faixa deixa entre todas as divertidas propostas do CD - funcionou comigo.

Resumindo: se Tereza fosse uma mulher, ela não sofreria com TPM ou qualquer outra coisa que alterasse, de forma significativa, o seu humor e se ela fosse real, só poderia ser brasileira e daquelas que a Globo tentam alcançar com seus personagens em suas novelas de horário nobre, mas nunca chegam ao nível. Tereza é tímida, bonita, simpática, moderna e mais apaixonante que aquela tal de Gabriela.
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