Formada por Mateus Sanches (guitarra e teclado), João Volpi (baixo), Sávio Azambuja (guitarra e teclado), Rodrigo Martins (bateria) e Vinícius Louzada (vocal), Tereza é uma banda que nasceu em Niterói e que começou a formar seu público com o EP "Onça", mas só veio mostrar que realmente estava pronta para o jogo com seu ótimo álbum de estreia, que foi generosamente disponibilizado para download gratuito no site da banda. Com onze faixas, o "Vem Ser Artista Aqui Fora" é um dos álbuns mais surpreendentes que eu escutei neste ano e não tenho dúvidas de que deverão aparecer em muitas daquelas listinhas de fim-de-ano, de maneira positiva, óbvio.
Pelas duas primeiras faixas do CD, fica muito claro que os planos da Tereza com esse álbum não são dos maiores e invés de mover revoluções ou massas de garotas jovens dispostas a gritar por horas seguidas, o material é algo just for fun, que deverá entreter a muitos por muito (muito, muito) tempo e isso sem se tornar cansativo - a proposta chega a soar divertida se você der atenção para o lirismo da banda e o mais impactante, a capa do CD, que traz duas baleias de plástico. A terceira faixa do CD, "Não Vou Brigar", é uma das vertentes mais pop do material, nos remetendo a nomes como Two Door Cinema Club (algo como o trabalho da banda em seu primeiro álbum, vide os hits "Something Good Can Work" e "What You Know"), e com ela, passamos a notar a versatilidade do álbum e notamos também a dificuldade de encaixar esses caras em um só nicho.
Como a vida não é apenas diversão, Tereza também se torna uma mulher melancólica em "Máquina Registradora", que é a quarta faixa do CD, e mesmo com uma letra não alegre, a banda consegue fazer com que a canção não diminua o clima e velocidade do álbum, não quebrando toda a ideia inicial do álbum. Um bom truque da banda neste CD, é o fato de nenhuma das canções serem necessariamente longas, isso faz com que o álbum seja uma experiência rápida e como passa numa grande velocidade, você logo quer ouvir de novo e numa contrapartida, a boa sensação se torna algo duradouro. A quinta faixa do álbum, "Siris", sequencia o que o instrumental de "Máquina Registradora" adiantava gradualmente e chega ao indie-rock que se tornou tendência nos últimos anos, nesta faixa a banda passa longe dos nomes que já citamos neste post, mas mantém suas características líricas.
Chegando na sexta canção, notamos que o álbum começa a ganhar um pouco mais de idade e isso também se reflete na canção em questão, "Adultos São Crianças", sob um instrumental que se diferencia de todo o resto do álbum, a banda vem falando sobre toda a influência que a sociedade tem sobre os atuais adultos, que são grandes por fora mas ainda tomam atitudes que de forma involuntária, são infantis. Após o climão da canção anterior, a banda retoma os acordes "alegres" do CD em "Um Dia Inteiro" e com ele, retoma também a temática amorosa que rodeia todo o material, mas acreditem, os acordes "alegres" de "Um Dia Inteiro" se tornam melancólicos quando você chega na "Calçada da Batalha", faixa que sucede a sétima canção. Com sintetizadores do início ao fim da canção, a faixa é uma das mais felizes do álbum e após escutá-la, a vontade que tenho é de ligar para o Chaves e para o Kiko, convidando-os para uma viagem a Acapulco, se é que me entendem.
Se você ainda não foi para a praia após a última faixa, você consegue chegar em "Araribóia". A faixa traz uma das letras mais marcantes do álbum e vem com diversas referências ao Arariboia, que foi chefe de uma tribo indígena Tupi. O instrumental desta canção fica num meio termo entre o pop veranesco inicial e o indie-rock, resultando numa mistura interessante. Chegando próximo ao fim do álbum, partimos para "Rumo ao Branco", que aparenta ser a faixa final do álbum, nela temos a presença dos sintetizadores mais uma vez e com um quê bem oitentista, porém, sem toda a animação das últimas faixas e com o coro que contribuiu para que chegássemos até aqui. Mas como eu disse, estávamos próximos ao fim do álbum e ele chega após "Rumo ao Branco", com a "Adultos São Crianças (pt. 2)". Óbviamente, a faixa é uma continuação para a sexta faixa do CD, porém, vem apenas com um instrumental que soa como algo tranquilizador, talvez a canção sirva para tirar a má impressão que a faixa deixa entre todas as divertidas propostas do CD - funcionou comigo.
Resumindo: se Tereza fosse uma mulher, ela não sofreria com TPM ou qualquer outra coisa que alterasse, de forma significativa, o seu humor e se ela fosse real, só poderia ser brasileira e daquelas que a Globo tentam alcançar com seus personagens em suas novelas de horário nobre, mas nunca chegam ao nível. Tereza é tímida, bonita, simpática, moderna e mais apaixonante que aquela tal de Gabriela.
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