Se 2011 foi o ano da
melancolia de Adele, 2012 foi a vez de Lana Del Rey. Goste ou não, tão
impactante quanto Adele ou não, Lana foi a artista estreante mais importante do
ano, e olha que a safra desse ano foi boa. Depois de começarmos o ano com o
belíssimo, lindíssimo, gatíssimo, perfeitíssimo e todos os –íssimos da vida,
“Born To Die”, que, particularmente, foi uma das melhores coisas que meus
ouvidos já ouviram, Lana mostra que há sim uma forma de ser diferente sem ser
pedante; dá pra fazer arte sem aquelas firulas pseudo-cults. Alguns torceram o
nariz quando apareceu a notícia de que a cantora relançaria seu álbum,
principalmente porque seria com menos de um ano do lançamento do debut, porém
essas pessoas esqueceram de que estamos falando de Lana Del Rey, e com ela o
jogo é diferente. Toma um café, um suco de maracujá, coloca um fone de ouvido e
se joga num lugar bem confortável para então apertar o play no “Paradise”,
porque a viagem aqui é profunda.
01)
“Ride”
O lead single do EP,
confesso, não foi recebido com muito entusiasmo por mim. Parecia algo meio
quebrado, uma Lana estranha, apesar de ser bem bela. Não tinha aquela áurea humanamente
amorosa do “Born To Die”. Mas ao assistir ao clipe e entender o conceito do
todo, a música ganhou um poder esmagador. Ride
é a busca incansável pela liberdade, pelo eu, e é uma das músicas mais
verdadeiras que Lana já compôs. Um hino. Viva
intensamente. Morra jovem. Seja selvagem. Divirta-se.
02) “American”
Uma versão mais clean de Ride na melodia, mas liricamente mais
forte, pois aponta o dedo na cara. Lana desconstrói o – utópico?- american dream, dizendo para todos serem
jovens, dopados e orgulhosos, como um americano. A bridge da música é incrível.
03)
“Cola”
Eis a melhor música do EP
e uma das melhores ever da Lanoca. Sexy, ousada, polêmica, atrevida, deliciosa
(tanto que é o novo single do EP), Lana diz que sua região sul tem gosto de
Pepsi (larguei Coca). Na verdade ela revelou que o namorado dela fala
isso, então vamos concordar, né? Os gemidos da música são avassaladores e causam
arrepios (não são vulgares como os de Gimme
More, por exemplo – amo essa da Brit, tá?). My pussy tastes like Pepsi Cola is the new black.
04)
“Body Electric”
Música que Lana vem
cantando há algum tempo nos shows, e resume completamente o conceito do álbum. “Eu
canto o corpo elétrico”, é isso que Lana prega com “Paradise”, o corpo em
chamas, queimando de desejo (opa, mais à frente vocês vão entender). O primeiro
verso é primoroso e a melodia nos faz cantar em plenos pulmões.
05)
“Blue Velvet”
Regravação da música do
The Clovers, gravada em 1954 e que conseguiu #1 na Hot 100 e que serviu de
inspiração para o filme de mesmo nome, de David Lynch. Lana pega uma música já
vintage e classuda e redobra tudo isso, adicionando sensualidade, o que termina
num mix só dela. Belíssima.
06) “Gods & Monsters”
Lana derrama o medo do ser
humano de sua própria natureza e seus impulsos que o fazem sucumbir, como a
fama, a bebida e o amor. Tudo isso faz com que ela e Deus não se deem bem, e
ela vive no Jardim do Mal. Mas ela questiona a existência desse Deus e para que
raios a vida foi feita. Sim, cabe isso e tudo mais em menos de 4 minutos de
música. Isso é Lana Del Rey, bebê.
07)
“Yayo”
Essa música foi
originalmente lançada no “Lana Del Ray a.k.a. Lizzy Grant”, e deveria ter ficado
apenas por lá mesmo. Chata e desnecessária. Existem inúmeras unreleaseds que mereciam muito mais
estar aqui (Damn You, Never Let Me Go e outras gritam). Enfim,
tem quem goste.
08)
“Bel Air”
Mais uma vez Lana e suas
referências automobilísticas. Depois do Del Rey ser homenageado, é a vez do
Chevrolet Bel Air. Lanete recria a paisagem de Born To Die, com o início bem parecido; só que, ao em vez de contar
com os pés como em Born To Die, Lana
conta com o Bel Air para levá-la até a porta do Céu, e espera ser perdoada por
tudo quando chegar lá.
09) “Burning Desire”
Opa, olha o parênteses que
abri em Body Electric aqui. A
faixa-bônus do Paraíso consegue terminar o laço perfeito no EP, tornando-o glorioso.
Lana queima de desejo, e não há limites que ela não ultrapasse para cessar esse
fogo que queima sua carne. Você me
pergunta onde eu estive, eu estava em todo lugar, mas eu não quero estar em
outro lugar exceto aqui.
Resumindo:
Com Lana Del Rey o patamar
é outro. Arte é algo que ela tem o dom de fazer. Sua epopeia para a morte que
começou lá em janeiro e termina 24 faixas depois é algo absurdamente épico. O
Del Rey em alta velocidade conseguiu quebrar barreiras na música, e, apesar de
ter derrapado uma vez, jamais saiu da estrada. Como li em um fã-site da
cantora, o “’Born To Die’ é um álbum humano sobre amor, enquanto o ‘Paradise’ é
um EP celestial sobre sexo”. E esse EP faz jus ao nome que tem.
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