O primeiro concorrente ao
Oscar de “Melhor Filme” na 85ª edição do prêmio a receber a nossa review é, de
longe, o mais polêmico e controverso. Polêmico pelo tema, pela abordagem, pelo
desenrolar e impacto histórico-cultural. A
Hora Mais Escura (Zero Dark
Thirty, 2012) conta como o governo dos Estados Unidos conseguiu capturar, e
matar, o maior terrorista de todos os tempos: Osama Bin Laden.
Dirigido por Kathryn
Bigelow - diretora ganhadora do Oscar pelo filme Guerra Ao Terror (The Hurt Locker, 2008) e roteirizado por Mark
Boal, também ganhador do Oscar pelo mesmo - A Hora Mais Escura recebeu fortíssimas
críticas. Logo nos primeiros minutos dos longos 157 já somos apresentados a
algumas práticas de tortura, e bem explícitas, secas, sem rodeios. O governo
norte-americano (agora indo para a realidade) atacou a distribuidora Sony
Pictures pelo conteúdo do filme, que eles chamaram de “grosseiramente impreciso
e enganoso”. Para eles, a fita passa a imagem de que, só foi possível chegar até Bin Laden através da tortura. Mas a confusão não para por aí: o
Comitê de Inteligência do Senado Americano instaurou uma investigação junto à
CIA para tentarem descobrir se alguém da agência passou informações secretas, e
para eles, errôneas, para a diretora e o roteirista sobre a missão de maio de
2011. O que tudo isso causa? 1: A fama do filme aumenta, e consequentemente,
sua bilheteria. Ponto positivo. 2: Bigelow é esnobada nas indicações ao Oscar,
perdendo seu posto para outros diretores com trabalhos “menos bons” (não “piores”).
Lastimável.
Voltando ao filme em si. A
história é por vezes bem lenta e arrastada, e somos (perdão pelo trocadilho) bombardeados com milhares de informações de cunho político e bélico que não nos leva a lugar
algum (numa cena de reunião no início eu não consegui assimilar quase nada). Em
contra partida, há um punhado de cenas extremamente poderosas para a trama que
nos fazem ficar presos à poltrona, como a cena chave do projeto: a morte de Bin
Laden. Tudo isso graças à competente direção de Bigelow, que orquestra um filme
com moldes faraônicos.
O elenco é bem diverso,
com poucos destaques, já que Jessica Chastain rouba a cena. Todavia, esse
roubar não foi feito com uma atuação eufórica ou forte, foi definido pelo
próprio roteiro, o que ainda me intriga o motivo da bela atriz ganhar tantos
prêmios pela atuação, incluindo o Globo de Ouro (Melhor Atriz Drama). Chastain
está ruim? Não, muito pelo contrário, porém nada avassalador como Emanuelle Riva
em Amor (Amour, 2012), Naomi Watts
em O Impossível (Lo Imposible, 2012),
e a pequenina Quvenzhané Wallis – Indomável
Sonhadora (Beasts of the Southern Wild, 2012). As chances do filme levar a
estatueta principal eram muito grandes (principalmente por se tratar de uma
história americana numa premiação americana), mas depois da esnobada na
direção, a dúvida paira. Veremos se a Academia nos reservará surpresas (creio
fortemente que não). O filme concorre em 5 categorias: Melhor Filme, Melhor
Roteiro Original, Melhor Atriz - Jessica Chastain, Melhor Montagem e Melhor
Edição de Som.
Por fim, Bigelow cria um filme sólido, que evoca o patriotismo da maior potência mundial (ou ele na verdade mostra o lado frágil e destrutivo desta?). Yes, we can, até o mais temido terrorista caiu perante seu poder. Vemos toda a operação costurada cirurgicamente, e isso até surpreende, já que o filme foi escrito, produzido, dirigido e lançado um ano após o fato, rapidez impressionante. Se o produto final ficou mais para o lado cultural (um filme feito para nos entreter) ou histórico (feito para guardar o “marco americano”), ou os dois, isso depende de você que assiste.
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