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Review: “Lincoln”, de Steven Spielberg, é o grande favorito ao Oscar, será que ele realmente merece?


Nossa antepenúltima review para os concorrentes ao Oscar de “Melhor Filme” é para o favorito Lincoln (Lincoln, 2012) de Steven Spielberg, diretor prestigiado que já ganhou duas estatuetas de Direção – com os filmes A Lista de Schindler (Schindler's List, 1993) e O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998); concorrendo em outras cinco vezes – e está à caça da terceira. Lincoln, como o próprio nome já diz, conta uma parte da vida de Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos e um dos mais famosos. Esse período contado no filme é a aproximação do fim da Guerra Civil americana enquanto Lincoln tenta aprovar a emenda que dá a abolição da escravatura. Como era de se esperar, todos acham aquilo um absurdo, e o presidente tem que convencer o plenário a assinar a emenda e mudar o destino da nação já fragilizada pela guerra.

Okay, vou começar dizendo os pontos bons. O filme é deslumbrante. Toda a parte técnica é um colírio: os cenários de guerra, o figurino, a fotografia, direção de arte, iluminação (essa, um dos melhores pontos do filme) maquiagem, tudo lindo. E é isso. Ou “só isso”. O filme gira completamente em torno de Daniel Day-Lewis, que interpreta o presidente. Não por ele ser o protagonista, mas por ele ser a única coisa que valha aguentar as quase três horas de duração, afinal, técnica bonita a gente pode ver em – quase – todo lugar. Day-Lewis está absurdamente igual ao presidente, i-g-u-a-l. Esquecemos a todo o momento que ali está o ator, e isso é fenomenal.

Mas o ator, que já ganhou praticamente todos os prêmios da categoria, incluindo o Globo de Ouro (e já levou dois Oscar), merece levar o Oscar de “Melhor Ator” não por essa caracterização, e sim por conseguir decorar toooodos aqueles diálogos sem um pingo de emoção, soníferos, lexotan aplicado via nossos ouvidos. São três horas de lenga-lenga, blá blá blá, que não empolgam, não prendem, não chamam a atenção, nada. Entre bocejos e cochilos, a fita anda quase se arrastando, e o relógio fica quase gritando para que nós fiquemos a todo o momento falando/pensando “ainda falta muito”? Spielberg, que está numa direção tão sóbria e contida que nem parece ser um filme dele (ele gosta de ação megalomaníaca, não esqueçam), parece que está mais preocupado em conquistar a Academia do que o público, e foi exatamente isso que ele conseguiu, já que Lincoln é o grande favorito nessa edição – e, caso venha a ganhar, será um dos piores “Melhor Filme” dos últimos tempos, e olha que já tivemos filmes questionáveis (alguém gritou O Discurso do Rei aí atrás?). O filme concorre em 12 categorias, o maior da edição: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator – Daniel Day-Lewis, Melhor Ator Coadjuvante - Tommy Lee Jones (note que eu nem comentei sobre ele, tamanha falta de significância dele no filme), Melhor Atriz Coadjuvante – Sally Field (repete o parênteses anterior), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino, Melhor Montagem, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Mixagem de Som e Melhor Design de Produção (antes chamada de Melhor Direção de Arte).

Lincoln não é um filme ruim, apenas uma aula de história muito, mas muito chata. Como li certo dia, Spielberg fez o filme com 30 anos de atraso, que atualmente não tem a mesma relevância na forma de sua direção, já que, para não soar melodramático, acabou sendo frio e sem vida. Porém, como é uma história de glória americana, sobre um dos mais emblemáticos diretores americanos numa premiação americana, não há para onde fugir. Apesar de o filme ter perdido no último Globo de Ouro a categoria “Melhor Filme – Drama” para Argo (Argo, 2012) – este é realmente melhor – não parece provável que a academia surpreenda. O jeito é bater palmas calado.


Últimas Reviews:
A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow.
As Aventuras de Pi, de Ang Lee.
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  • Próxima Oscar Review: O Lado Bom da Vida, de David O. Russell, quarta, 20/02.
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