O filme queridinho do
momento, que está atraindo toda a atenção, bilheteria e até prêmios é Argo (Argo, 2012), do ator-que-quando-não-tem-nada-melhor-para-fazer-dá-uma-de-diretor
Ben Affleck (sim, o Demolidor, risos). Argo, baseado em fatos reais, conta a história de “Argo”, um
filme fictício que foi criado para conseguir tirar seis funcionários da
embaixada americana no Irã que estão marcados para morrer pelos revolucionários
do país. Soa à politicagem e guerrilhas, certo? Certo, é isso mesmo, só que ao
contrário do seu concorrente A Hora Mais
Escura, ele não se foca nesses pontos, e sim no plano mirabolante do filme
falso, e é aí que está sua força.
O uso da metalinguagem (um
filme contando a história de um filme) se torna ainda mais interessante quando
este último é uma estratégia militar de salvamento. Exagerado? Sim, e muito.
Respondendo a pergunta que abre esse post: não, não é. Por quê? A direção de
Affleck, que também atua no filme (já falarei desse ponto), é patética. Ele
utiliza artimanhas mais que clichês e batidas para dar tensão ao filme, ponto
que é alcançado, como colocar uma trilha nos momentos de “será que eles vão
conseguir?” e, ao conseguir, retirá-la, dando o tom de alívio. Você já viu isso
em zilhões de filmes. Ou até mesmo se prestar ao trabalho de colocar a velha e
ridícula cena de “o carro não liga no momento mais crítico”. Crie vergonha, Affleck.
E o pior de tudo: o diretor ganhou o seu prêmio no Globo de Ouro, e olha que
concorria com Steven Spielberg, Kathryn Bigelow, Ang Lee e Quentin Tarantino.
Quanto à atuação de
Affleck, ela consegue ser pior que a direção. Ele tem a MESMA cara o filme
inteiro, do início ao fim. Porque Complexo de Kristen Stewart pouco é
bes-te-i-ra. Sofrível. O resto do elenco soa bem convincente, principalmente os
seis funcionários, e a caracterização oitentista, tanto dos personagens quanto
dos cenários, excelentes. Tecnicamente não há do que reclamar. O filme concorre
em sete categorias: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante – Alan Arkin (prêmio
de “Indicação Avulsa do Ano”), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem, Melhor
Edição de Som, Melhor Trilha Sonora, e Melhor Mixagem de Som. Notem que Affleck
não concorre ao Oscar de Melhor Diretor. Ainda bem.
Se me alongar mais,
acabarei revelando detalhes da história, então, finalizando, Argo era um filme que tinha tudo para
ser um espetáculo, todavia abre mão de saídas mais refinadas para conduzir sua
história. Novamente, ele consegue sim dar a tensão necessária, mas a troco de
quê? Usando macetes batidos e vergonhosos? Seu próprio diretor é o erro em
todos os sentidos que envolvem a fita, e isso destrói qualquer filme. E no fim
das contas ele conseguiu enganar muita gente (Globo de Ouro de Melhor Filme - Drama, cof cof cof). Ah, e Argo, f*ck yourself,
please.
- As Aventuras de Pi, de Ang Lee.
- Amor, de Michael Haneke.
- Próxima Oscar Review: Django Livre, de Quentin Tarantino, terça, 05/02.
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