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Review: will.i.am não inova, mas impressiona no in.crí.vel "#willpower"!


Quatro anos, esse foi o tempo que o produtor will.i.am levou para compactar os seus poderes em um disco com 18 faixas. Inicialmente intitulado “Black Einstein”, o quarto álbum do líder da banda Black Eyed Peas passou por diversas mudanças antes de chegar aos nossos ouvidos e foi com essas mudanças que algumas parcerias como “The Hardest Ever” (com a Jennifer Lopez e o Mick Jagger) e “Hoola Hoop” (com o alter-ego da Nicole Scherzinger, Nicci Sundae) foram cortadas do material, enquanto outras que “se encaixariam” melhor na proposta do disco ocuparam seus lugares.


Agora chamado “#willpower”, o disco finalmente foi lançado e resume bem o que will.é.ele nos mostrou durante os últimos anos, indo do lado humano do “Songs About Girls” aos exageros tecnológicos do “The Beginning” — último disco lançado por ele ao lado dos Black Eyed Peas. Mas vamos lá, vale a pena ir na loja comprar uma cópia? É muito bom ou teve propaganda demais para coisas de menos? E o mundo, vai se dividir em “a.#willpower” e “d.#willpower”?! Acompanhem com a gente, nesta resenha faixa-à-faixa!

1) “Good Morning”

A primeira faixa abre o disco de uma forma bem literal ao que seu título sugere, nos dando bom dia. Com ares épicos, os vocais de will contam com uma suave base de apoio, que parece acordar uma nova criatura aos poucos, dizendo o que ela encontrará neste mundo. “Bem-vinda à essa coisa chamada luz [...] Bom dia, se levante e viva sua vida, mas não se esqueça de sonhar”. Achei Xuxa, só que high tech.

2) “Hello”

Agora que já acordamos pra vida, will.i.am mostra que é um rico educado e nós cumprimenta com um “olá!”. Essa é a primeira farofa do disco e lembra bastante “This is Love” e “Great Times (Are Coming)”, que escutamos ano passado, mas ainda temos uma surpresa mais que boa: o primeiro contato com o hip-hop. Na primeira vez que ouvi o CD, essa foi a única inédita que eu senti vontade de ouvir outra vez.

3) “This is Love (com a Eva Simons)”

Falando em “This is Love”, olha ela aí! Todos já conhecem, sabem de cantar de cor, amam, mas continuam desconhecendo a ruivinha do cabelo legal, né? Foi #1 nas paradas e, por mais que eu não leve em consideração os números quando o assunto é qualidade, é um reconhecimento mais que merecido. Hit sem prometer e sem samplear hits antigos pra facilitar a aceitação do público.

4) “Scream and Shout (com a Britney Spears)”

Releiam a última linha sobre “This is Love” e depois retorne para essa parte do texto. “Scream and Shout” é genérica e a quantidade de efeitos na voz da Britney quase a deixa irreconhecível, mas will.i.am é um produtor esperto e por isso aproveitou a presença da loira pra samplear a frase icônica de “Gimme More”, facilitando a aceitação do público apelando pela sonoridade familiar. Quando lançada, soou como a pior coisa que eu já havia escutado desde [coloque aqui o nome de uma música ruim], mas deu pra aprender a gostar.

5) “Let’s Go (com o Chris Brown)”

Ainda nas farofas, “Let’s Go” é uma das vertentes mais genéricas e “eu já ouvi isso antes” do disco. Com a participação do Chris Brown, a música é uma daquelas que qualquer outro DJ poderia lançar e você nem notaria diferença. Will.i.am, por sua vez, aparece não só nas batidas como também mandando algumas rimas, mas é tudo bem chatinho e repetitivo. Próxima!

6) “Gettin’ Dumb (com 2NE1 e apl.de.ap)”

Quem te viu e quem te vê, hein will? Essa é a aguardada parceria do cara com a girlband sul-coreana, 2NE1, e conta ainda com a participação do ~Black Eyed Pea~, apl.de.ap. Aqui, a pegada mais hip-hop volta a marcar presença, mas em momentos parece que resumiram as 2NE1 num só vocal, deixando de lado qualquer toque de k-pop que tenhamos esperado. A letra é um detalhe a parte, pois vocês sabem, o will é o Shakespeare da nossa geração.

7) “Geekin’”

Desta vez sozinho, will.i.am faz com que a gente se sinta um Albert Einstein negro, enquanto canta sobre ser um geek-rico-f*dão. A letra é um tanto repetitiva e a vibe hip-hop continua em alta, mas a parte mais legal é, sem dúvidas, um sample que rola perto do fim da música. Todos ~geekando~, pfvr!

8) “Freshy (com o Juicy J)”

Esse Juicy J já fez parcerias com Deus e o mundo, mas ainda não consigo ver graça nele. O bom é que o cara só aparece aonde tem um bom produtor por perto e “Freshy” não é uma exceção. Às vezes parece que na verdade estamos ouvindo um daqueles ringtones monofônico, mas a coisa melhora quando a música vai chegando ao fim. Enfim, já pode mudar?

9) “#thatpower (com o Justin Bieber)”

Esse Justin Bieber já fez parcerias com Deus e o mundo, mas ainda não consigo ver graça nele. Depois de “Scream and Shout”, esse foi um dos erros mais fatais do will com o “#willpower”, por motivos de: 1) essa música não acontece; 2) Justin Bieber não sabe voar; 3) levando em conta que essa é a única música com “power” no nome, ela se torna quase que a faixa-título, ou seja, a única que obrigatoriamente PRE-CI-SA ser incrível no disco. Que dessepçãun.

10) “Great Times Are Coming”

Botando o disco nos trilhos outra vez, “Great Times Are Coming” nos leva de volta para o climão de “Good Morning”. Antes de escutá-la, eu tinha certeza que iria ouvir aquela farofa que foi single promocional do cantor aqui no Brasil, mas não, é uma versão digievoluída bem boa, em que will diz que bons tempos estão pra chegar e cumpre com a previsão até o fim da música. Farofa sem apelar e tinha tudo pra fazer aquelas trilhas-sonoras de olimpíadas, sabem?

11) “The World Is Crazy (com o Dante Santiago)”

“Eu acho que todos no mundo estão perdendo suas cabeças”, canta will no primeiro verso de “The World Is Crazy”. Longe das farofas que abriram o álbum ou as gangstá/trap que deram sequência para o mesmo, a faixa mantém esse climão wannabe épico e traz um instrumental quase que acústico, enquanto will conta com o apoio de um coro ao fundo e auto-sample de seus próprios vocais fazendo um “uh uh uh uh”. Dá até pra se lembrar que dentro dele ainda bate um coração humano.

12) “Fall Down (com a Miley Cyrus)”

Cheios de gente louca ou não, will.i.am sabia que o mundo ainda estava disposto a escutar suas músicas e principalmente se fossem músicas boas, por isso ele chamou a Miley Cyrus para “Fall Down”. Se assemelhando muito à “Die Young” e “Crazy Kids”, do último CD da Ke$ha, a parceria retorna pra proposta das faixas iniciais do disco, fazendo uma mistureba de pop-farofa com hip-hop... e funciona como uma perfeita club-banger! Com produção do hitmaker Dr. Luke, a canção tem tudo para se tornar um hit tão grande quanto “Scream and Shout” e é, inclusive, bem mais interessante que a parceria com a Britney *BOOOM*. Quanto aos vocais da Cyrus, ela nunca foi uma Adele, mas eles estão uma delicinha, principalmente no trecho em que ela canta “always on my membrane I love you so I give it up”.

13) “Love Bullets (com a Skylar Grey)”

Já que confessei preferir “Fall Down” à “Scream and Shout”, acho válido dizer que nenhuma das duas é a melhor parceria do disco, uma vez que esse cargo é de “Love Bullets”, com a Skylar Grey. Deixando de lado, outra vez, as farofas de cada dia, a canção tem um ar melancólico-com-dubstep, com will cantando sobre amor e Skylar clamando por um tiro de amor do rapaz. “Atire em mim com seu amor e não sentirei dor alguma”.

14) “Far Away From Home (com a Nicole Scherzinger)”

Fiquei com um pouco de dó da Nicole Scherzinger. Como disse no início do post, sua participação com o alter-ego Nicci Sundae em “Hoola Hoop” foi cortada do disco, mas em compensação will a manteve em duas outras canções, sendo elas “Far Away From Home” e “Smile Mona Lisa”. O problema é que Scherzinger não tem nenhum verso principal que possa cantar sozinha, servindo mais de backing vocal do que featuring em si. Ainda assim, a música é uma delícia e uma das minhas favoritas do álbum.

15) “Ghetto Ghetto (com a Baby Kaely)”

Ué, outra parceria com o Justin Bieber e desta vez com ele cantando sem auto-tune?! Ah não, na verdade é uma jovem (jovem, BEEEEM jovem) rapper de 8 anos, chamada Blue Ivy Baby Kaely! A menininha prodígio causa buzz na internet desde os cinco anos (essa já nasceu cantando, gente) e como will.i.am não perde a chance de pagar de inovador, tratou de colocar a mocinha no seu catálogo de parcerias. A música, por sua vez, é uma das mais bonitinhas do CD e lembra o will humano de “Where Is The Love?” do BEP (SDDS).

16) “Reach For The Stars (com Lil’ Jon)”

Essa foi aquela lançada em Marte, se lembram? Parece que o will sentia falta de um fator x na música, aí a mandou para que os hitmakers do planeta vermelho dessem um trato final e eles fizeram. Ao retornar, a música voltou como está no disco, chiclete, farofa, genérica, dizendo que o céu não é o limite e super gostosinha. Só fica complicado compreender a existência do Lil’ Jon no mundo, pois às vezes parece que ele só participa de músicas para berrar algumas palavras. A vida tá difícil assim?

17) “Smile Mona Lisa (com a figuração Nicole Scherzinger)”

Se em “Far Away From Home” a participação da Nicole foi pequena, aqui é menor ainda. Com samples de “Manhã de Carnaval”, canção conhecida na voz de nomes como Maysa e Clara Nunes, a faixa mostra o lado cult do will, enquanto ele canta para sua Mona Lisa interior. Já Nicole Scherzinger, fica fazendo uns “la lari, laah, lari [...] whoa, iiih, uuuh” durante a música. É, não tá fácil.

18) “Bang Bang (com a Britney Spears)

Fechando o disco, will.i.am mostra que atirou para todos os lados com “Bang Bang”. Com um toque latino + faroeste, seu refrão é tão chiclete que pode causar diabetes, mas isso não a torna ruim. Uma coisa curiosa a ressaltar é que os vocais femininos que aparecem durante os principais momentos da música são mais parecidos com a voz da Britney Spears do que a participação da própria em “Scream and Shout”. “Love him down, I shot my baby with a bang, bang” é melhor que "We No Speak Americano".

Resumindo: 

will.i.am foi inteligente em lançar dois singles ruins após "This is Love", fazendo com que a gente esperasse bem menos do disco e tivesse, desta forma, uma surpresa ao ouví-lo. Não é um CD que vai dividir a história da humanidade num antes/depois, mas é bem melhor que qualquer coisa que tenhamos imaginado, sendo assim, ir à uma loja e adquirir sua cópia é algo válido, mas que seja em sua versão deluxe por motivos de "capa".
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