Retornos de grandes nomes da indústria sempre se tornam
verdadeiros acontecimentos e a coisa fica maior ainda quando o artista em
questão é um dos “pais” de um dos gêneros mais lucrativos de todos os tempos,
então não tinha outra forma de reagir quanto ao retorno do duo Daft Punk, se
não esperando algo muito bom. Planejada aos mínimos detalhes, essa volta da
dupla parece ter sido trabalhada há anos e fomos então encurralados por um
grandioso esquema de marketing. Teve chamadas durante um dos programas
humorísticos mais assistidos dos EUA, documentários divulgados no Youtube,
falsos vazamentos e a hypada parceria com Pharrell Williams no carro-chefe do
CD, “Get Lucky”.
Com esse single, veio então o primeiro choque e tivemos a constatação de que uma das músicas mais “orgânicas” do ano foi lançada justamente por uma dupla de robôs. Dados os fatos, ainda era incerto o que deveríamos esperar do novo disco, intitulado “Random Access Memories”, até que foram reveladas suas colaborações (Julian Casablancas, Nile Rodgers, reaparições de Pharrell Williams, Panda Bear e George Moroder) e nossa imaginação começou a trabalhar. Mistério, teasers, anúncios e mais anúncios, tudo gera expectativa e, geralmente, isso acaba em decepção.
Composto por treze faixas, o
CD pode dar as mãos para o “The 20/20 Experience” do Justin Timberlake e
dar uma passeada para conhecer a década atual, uma vez que são extremamente
perdidos no tempo, mas isso não significa que isso seja ruim e sim chato. Nunca
fui fã de Daft Punk, mas reconheço o valor dos caras no cenário eletrônico e o
tanto que fizeram antes que surgissem os David Guettas e Calvin Harris e é
justamente por isso que fiquei com a cara no chão ao escutar o Random. Ao meu
redor, só lia elogios e mais elogios sobre o disco e até pensei que o problema fosse eu, mas então me lembrei de
como tive receio em compartilhar meus pensamentos sobre o álbum e compreendi
que, por mais que muitos possam ter gostado de verdade, outros só estão dizendo
que é bom pelo “curtir” de cada dia.
As rádios deverão ter problemas pra tocar alguns singles desse álbum e não é à toa que a própria dupla já está trabalhando numa série de remixes para suas faixas, mas devo confessar que a forma com que eles assumiram o risco, mesmo sem dar a cara à tapa, foi louvável. É um punhado de músicas que soariam como a última novidade do dance há alguns trinta anos, com toda essa junção de instrumentos “humanos”, sintetizadores e a quase redescoberta do auto-tune propositalmente notável, mas para os dias atuais soam datadas e, ouso repetir, chatas.
Entretanto, não dá pra negar que temos algumas coisas bem
legais no disco, como “Doin’ It Right” com o Panda Bear, “Lose Yourself to
Dance” que repete as colaborações de “Get Lucky”, “Touch” com o Paul Williams e
Julian Casablancas na “Instant Crush”, mas tudo o que consigo pensar é na forma
com que fomos injustos com o Pitbull, até porque seu remix de “Get Lucky”, no
fim das contas, nem ficou tão ruim.
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