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Hitômetro: Lady Gaga - "Applause"


Seiscentos e trinta e seis dias. 636. Esse foi o intervalo de tempo entre o último lançamento de Lady Gaga ("Marry The Night", em 15 de novembro de 2011) até "Applause", seu novo single, lançado em 12 de agosto de 2013. Quase dois anos. Um absurdo comparado com a fase frenética entre 2008 e 2011, onde a cantora teve seu apogeu musical soltando hits que já viveram clássicos na música pop. Depois do vômito criativo da era "Born This Way" não ter agradado como deveria (e como ela prometeu), Gaga teve a missão de se renovar, e essa função caiu nas costas de "Applause", primeira amostra da era "ARTPOP", terceiro álbum de estúdio da diva.

Gaga mostra que realmente está querendo trazer algo novo ao abandonar produtores que trabalharam com ela desde o início da carreira, como RedOne (produtor de "Poker Face" e "Judas") e Fernando Garibay ("Dance In The Dark" e "The Edge Of Glory"), apostando agora em White Shadow (Paul Blair), um DJ emergente do cenário americano com pinta nigga e um faro para o cenário pop inigualável.

"Applause" começa nostálgica, com toque que lembra os velhos jogos dos consoles dos anos 80, até que cai nos roucos e orgânicos vocais de Gaga, meio teatrais como David Bowie. "Se a fama apenas vem por intravenosa, querido eu posso suportar ficar longe de você", canta ela antes de desembocar na ponte, onde há a quebra da melodia. E a cantora revela o óbvio: "Eu vivo pelo aplauso. Eu vivo da maneira que torcem e gritam por mim". Claro, além de ser uma das cantoras mais excêntricas da atualidade, qual artista não vive pelo reconhecimento? A ponte é absolutamente catchy - não dá para não viciar no "I live for the applause -pplause, live for the applause -plause, live for the-", mas ainda tem o refrão, para completar o laço certeiro da canção: Gaga joga um electropop libertador, daqueles para bater palmas entoando os versos. Indo mais adiante surge a parte que me incomoda: há o verso "Eu ouvi a sua teoria, 'Nostalgia é para geeks'. Eu acho senhor, se você diz. Alguns de nós apenas gostam de ler", que particularmente não entendo o motivo de estar ali, já que não se encaixa no contexto da canção.

Não, "Applause" não é a melhor música do mundo, não é a melhor música da carreira da cantora e não é uma revolução, um marco no pop (para deixar claro, a cantora em momento algum falou que o single ou o álbum iriam mudar a história como os detratores estão usando como argumento - ela aprendeu dessa vez), porém é uma reviravolta mais que necessária dentro da própria Gaga, que, apesar de entregar uma música até simples para o senso ~badromanciano, jamais fica por baixo.


Com pé no clássico e pé no novo, "Applause" é o mais próximo que Gaga chegou na sonoridade do amado "The Fame" desde o próprio álbum, sem soar datado ou "já ouvi isso antes". A faixa é fresh, é divertida, é um pop refinado que só poderia ter saído das mãos de quem saiu - ganha muitos pontos por ser totalmente autoral, não pré-fabricada e vendida para cantoras que decidem se vão ou não querer cantar aquilo. "Então, de repente, a arte sou eu". Se Lady Gaga realmente vive pelo aplauso, dependendo dessa canção ela viverá por toda a eternidade.
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