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Review: Miley Cyrus e o bonde das gostosaz na sua libertação artística com o "Bangerz"!


Desde a metade do primeiro semestre o nome "Miley Cyrus" é presença garantida nos sites de cultura pop, fofoca e na boca do povo. Nesse espaço de tempo a cantora embarcou numa missão suicida: tocar fogo em todo e qualquer vestígio de Hannah Montana, personagem que ela teve que carregar por cinco anos. Durante esse período, sua imagem era totalmente vinculada com a da personagem. Foi a série, filmes e álbuns, fazendo com que a equação "Miley Cyrus = Hannah Montana" fosse concretizada, e sua gravadora, a Hollywood Records, a fazia viver nessa tenebrosa sombra. Aí que a cantora rompeu com sua antiga gravadora e assinou com a RCA. Depois veio a transformação visual: de queridinha do papai e exemplo infantil à amante do rap e profana da imagem padrão foi um pulo, e ela não poupou exageros. RIP Hannah Montana. Já foi tarde. E a cantora que estava enterrada nos escombros da peruca loira sobreviveu.


Miley considera o "Bangerz", seu quarto álbum, como seu o debut. Justíssimo. Os três anteriores eram claramente simbióticos à falecida personagem. Agora quem dita as regras é a loucura antes aprisionada de Cyrus, que choca aqueles que estavam acostumados com sua anterior postura. Mas enquanto você lê essa review e ouve o álbum, esqueça as roupas provocativas, esqueça as performances polêmicas, esqueça o twerk e esqueça a famigerada e incontrolável língua que a cantora levou para passear nos últimos tempos. Nada disso importa realmente. O que Miley quer de verdade é que você embarque no bonde das gostosaz na sua música. Vamos lá?


1. Adore You:
Miley abre o álbum com essa balada belíssima e bem doce. "Querido, você está ouvindo? Quero saber onde você esteve em toda minha vida". Vulnerável e tocante, a faixa é um convite singelo para embarcar nas confissões da cantora que, segundo ela, apenas começou a viver.

2. We Can't Stop:
O lead-single do "Bangerz" já foi amado e xingado por todo mundo, certo? Produzida por Mike Will Made It, novo padrinho da cantora e produtor executivo do álbum, a faixa traduz o conceito completo do "Bangerz": "Essa é nossa casa, essa são nossas regras". Resta saber se você vai querer jogar o jogo de Miley, que numa evocação pop vomita tudo o que passa a ditar: "A boca é minha e eu falo o que quiser", além do já icônico "Só deus pode nos julgar". Um dos hinos do verão de 2013, so la da da di, uma delícia.


3. SMS (Bangerz) (feat. Britney Spears):
Britney Spears era o "feat dos sonhos" de Miley, e quando soubemos que esse sonho se tornou realidade logo a faixa ganhou destaque. Não sei vocês, mas se eu fizesse um feat com meu ídolo eu teria aproveitado mais. Os vocais de Brit, apesar de estarem muito bem, acabam perdidos no meio da vidalokagem de Miley. Não é uma faixa ruim, mas mal aproveitada, tanto que é a mais curta do álbum, menos de três minutos. E não é isso que esperamos de um "feat dos sonhos".

4. 4X4 (feat. Nelly):
Deixando a Princesa do Pop de lado, Miley parte para o rapper Nelly que, mesmo entoando seus versos, não soam desconexos numa faixa COUNTRY! A sonoridade lembra um pouco os trabalhos enterrados da cantora nos álbuns anteriores, mas a diferença está nos vocais, na atitude e, claro, no feat. "Um pouco de safadeza nunca feriu ninguém". Produzida por Pharrell Williams, o refrão é super catchy.

5. My Darlin' (feat. Future):
A fóruma dessa balada já é conhecida. Caso você goste de "Loveeeee Song", música de Rihanna com, vejam só!, Future, vocês vão adorar "My Darlin'". Caso não gostem da primeira, essa será aquela faixa que sempre será pulada - o que acontece comigo.

6. Wrecking Ball
O hino demolidor de Miley Cyrus, a primeira música da cantora a alcançar o topo da Hot 100, um dos melhores singles de 2013. "Wrecking Ball" é o acerto máximo do "Bangerz", tanto liricamente, instrumentalmente, vocalmente, tudo. Fora isso, temos um vídeo polêmico e já icônico que fecha o laço completo de uma música perfeita, talvez o maior acerto de Dr. Luke no ano. "Tudo que eu queria era quebrar seus muros, mas tudo o que você fez foi me quebrar. Sim, você me demoliu". Magistral.


7. Love Money Party (feat. Big Sean)
Miley volta à raiz nigga com "Love Money Party", um rap com aquele trap delícia que faz seu quadril se mexer involuntariamente. Aí vem Big Sean para terminar de transformar a faixa numa digna de ser cantada por Nicki Minaj. Chama a Rihanna e vem fazer um twerk aqui! Não dá pra não se sentir truta.

Essa aí é da boa, mano? #chapadíssima
8. #GETITRIGHT
Outra produção de Pharrell Williams, dessa vez fica inconfundível. Com assobios, guitarrinha e ritmo cool, Pharrell mostra que é mestre no que faz, tanto que alguns dos maiores hits do ano tem dedo dele ("Get Lucky" e "Blurred Lines"). "Eu quero isso, faça com que dure para sempre" resume o que penso quando ouço a faixa (mas precisava de hashtag no título?). A cara do verão, não só pode como deve ser single.

9. Drive
Essa power-ballad com traços de dubstep parece ser um desabafo de Miley sobre sua relação com Liam Hemsworth, seu ex-noivo. "Você me disse que estava voltando. Se nosso amor está no fim, então por qu eu ainda quero você? / Eu sempre soube que nunca quis isso. Eu nunca pensei que isso poderia acontecer". Numa melodia que ziguezagueia, "Drive" hipnotiza pela beleza mórbida.

10. FU (feat. French Montana)
Uma das faixas mais poderosas do álbum, "FU" é algo que Lady Gaga cantaria com todo o prazer. Debochada, irônica, cínica e ácida, Miley canta de forma mega teatral: "Eu tenho duas letras para você. Uma delas é 'F' e a outra é 'U'". Enquanto em "Drive" ela chora as dores da separação, em "FU" ela literalmente manda se f*der com "Eu realmente não tenho muito a dizer, eu estava por dentro disso no segundo que vi o nome dela". French Montana dá um ar ainda mais sarcástico à faixa que termina como uma das melhores de toda a carreira da cantora. Recado dado?

11. Do My Thang
ALERTA DE HINO! "Do My Thang" é, de longe, a música mais viciante de todo o "Bangerz". Tendo um refrão bem pop (E DELICIOSO) com palmas ao fundo e versos em hip-hop, não há um segundo fora do lugar. Produzida pelo will.i.am (mas olha só), Miley canta recadinhos como "Todo dia e toda noite eu estou fazendo minhas coisas, então não se preocupe comigo, eu vou ficar bem", bem propícia para a chuva de opiniões que ela tem recebido sobre sua vida. "Você acha que eu sou uma vadia estranha, não se preocupe, eu tenho tudo arranjado, vadia. Cuide da sua vida, fique na sua" TÁ QUERIDAS? Hino, hino, hino, uma das músicas mais apaixonantes do ano. TEM que ser single, dona Miley ♡ ♡ ♡

12. Maybe You're Right
"Você deve pensar que eu sou louca, que eu sou perdida e tola deixando você para trás. Talvez você esteja certo". Outra música mais pessoal, Miley arrasa nos vocais incríveis do refrão e na letra sincera. "Você não pode me culpar por ser quem eu sou". Lembrou-me um pouco "Farewell" da Rihanna, ou seja, não tem como sair errado. Daquelas para cantar em plenos pulmões.

13. Someone Else
Numa mistura de pop com hip-hop que se confunde e se mistura de maneira incrível, "Someone Else" é ao mesmo tempo animada e contida, um paradoxo. A ponte cantada quase sem respirar por Miley é incrível, e suas paradas em seguida ("Hold, me, close, don't-let-me-go, I, hope, tell-me-that-now, is, not, the, eeeend") criam a ambiguidade da faixa. O final é nada além de magnífico. "O amor é paciente, o amor é altruísta, o amor é esperançoso, o amor é bondoso, o amor é ciumento, o amor é egoísta, o amor é impotente, o amor é cego".

14. Rooting For My Baby
Mais uma produzida por Pharrell Williams (pelo amor de deus, moço, para de ser perfeito), dessa vez escrita em parceira por ele e por Miley, tem um violão pra cair de amores e vocais suaves e arrebatadores, além de uma letra singela. Com partes ritmadas de "I know, I know" e "uuuuh uuuuh", "Rooting For My Baby" é histericamente simples, e é aí que está sua beleza. Poderia ficar no lugar de "My Darlin'" da versão standard do álbum facilmente.

15. On My Own
Mais uma do Pharrell, mais uma música incrível. Aqui temos as loucuras e devaneios de um adolescente, naquela fase de busca pela liberdade, e, por que não?, a fase atual de Miley. "Você não pode deixar isso pronto com a ajuda de ninguém? Eu vim para esse mundo por mim mesma, então eu não preciso de ninguém. Não tenha medo de se jogar". Um pop evocativo, dançante, oitentista, maravilhoso, que só podia ter saído das mãos de Pharell. Miley, não largue esse homem nunca! Ah, e um cover do Timberlake dessa música seria lindíssimo.

16. Hands In The Air (feat. Ludacris)
Miley fecha o álbum com mais uma produção do Mike Will Made It, ou seja, temos hip-hop. Com batidão pesado e lento, só comprova o quão bem Miley se dá com o gênero, e mostra sua versatilidade, ao sair do pop de Pharrell para o hip-hop de Mike Will (com os versos ferrenhos de Ludacris) sem cair no salto e sem tremer. Fecha o álbum do jeito que a cantora mais deseja: com nossas mãos no ar.


Resumindo: Miley Cyrs está num estágio artístico que muitos cantores (Adam Lambert, Ke$ha, Xtina e outros acorrentados aos mandados de suas gravadoras) dariam um braço para ter. Com o "Bangerz" ela mostra um amadurecimento absurdo, o que comprova que ela vivia à mercê de Hannah Montana. Com a personagem ela cantou, lá em 2010, que não podia ser domada, como num grito de "por favor, eu estou aqui em baixo!". E nós ouvimos, vimos uma Miley atrevida naquela canção, mas jamais ela esteve tão indomável quanto agora. Um álbum tão incrível como o "Bangerz" justifica a tentativa desenfreada de enterrar seu antigo e falso eu. Antes ela fazia festinha nos Estados Unidos. Hoje a festa é dela e ela pode fazer o que quiser. Miley Cyrus passou de guilty pleasure para artista que tenho o prazer de ouvir e prestigiar. E por favor, alguém ainda lembra que ela é uma ex Disney-star?

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