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Review: a redenção artística de Ciara em seu ótimo álbum homônimo!


Ciara sempre foi marcada por ser uma ótima performer, mas que infelizmente não conseguia traduzir essa capacidade toda para a qualidade de suas músicas e, consequentemente, para o andamento de sua carreira, ficando na sombra de tantas outras cantoras de sua mesma geração e estilo, mas que tiveram um caminho bem diferente, rendendo bem nas paradas. Cansada disso e também com as constantes crises com sua gravadora, a Sony Music, por conta de datas de lançamento não cumpridas, divulgação nula, trocas de nomes e regravações de várias faixas, Ciara seguia seu calvário em termos de ser relevante mundialmente, até que, em 2011 tomou um caminho que tranquilamente pode ser definido como determinante para ela se encontrar como artista: rescindiu contrato e anunciou um novo com a Epic Records, gerida pelo empresário L.A. Reid.

Começando do zero e trabalhando com ótimos produtores, casos de Wynter Gordon (Chris Brown), Jasper Cameron (Christina Aguilera), Darkchild ("Telephone" hino eterno de Lady Gaga feat. Beyoncé), The Underdogs (responsáveis pela trilha-sonora de "Dreamgirls") Rock City (Jennifer Hudson) e Mike Will Made It ("We Can't Stop", da Miley Cyrus) e Future, Ciara voltou neste ano com um álbum autointitulado (quinto de sua carreira), que pode ser considerado como sua redenção. Onde, pela primeira vez, ela aparece com um material conciso, esbanjando talentos não apenas como performer, mas como uma boa cantora, que não tem medo de se experimentar e arriscar quando finalmente teve liberdade para tal.

Abaixo segue nossa resenha para as 10 faixas desse álbum:



1. "I'm Out" (feat. Nicki Minaj)

A faixa que abre os trabalhos  deste novo álbum da Ciara e escolhida como segundo single, pode ser considerada um hino feminista, sendo totalmente contra a submissão. Club banger que é, aqui, ela quer apenas que as seguidoras de sua filosofia esqueçam os boys que somente as fazem sofrer e se joguem na pista de dança sensualizando bastante para comemorar o fim dessa doentia relação, afinal, são maiores que isso tudo. "I'm Out" ainda conta com a parceria pra lá de acertada de Nicki Minaj, que com sua capacidade em fazer rimas rápidas e sexuais, dita o ritmo da produção, que ainda conta com corais, sirenes, palmas, que a tornam ainda mais viciante. Isso tudo nos faz crer, que esta produção é uma das melhores coisas voltadas ao R&B/Hip-Hop lançadas no ano. E não estamos brincando.

2. "Sophomore"
Completamente sensual, "Sophomore" continua o ritmo que já começou quente na faixa anterior. Sua letra não traz muita relevância, mas é muito bem construída em cima de uma relação entre aluno-professor, repleta de metáforas sexuais: "Eles querem me levar para o próximo semestre, para eles eu sou uma professora. Então você diz que é um licenciado. Faremos o seu jogo e te direi quem manda. Ficará com nota ruim se não se comportar. Não me compare às outras meninas, pois não somos parecidas". A melodia, baseada na sensualidade, traz sussurros, bateria progressiva ao fundo e, mesmo que poucos, alguns sintetizadores também podem ser ouvidos.

3. "Body Party"

Se o clima esquentou, mas ficou apenas nas conversas durante as duas primeiras faixas, aqui, poderíamos afirmar que o ato foi consumado rs. Canção que abriu os trabalhos de divulgação do álbum, contando com os dedos de Future e Make Will Made It na produção, nos dando um downtempo sexy, atrevido, num tom classudo e cheio de swing, onde Ciara brada de maneira muito sensual: "Meu corpo é sua festa, querido. Ninguém mais, além de você, está convidado".

4. "Keep On Lookin'"
"Eu já disse para os inimigos se f***rem, mas eu ainda sou uma dama. Odeio admitir o que disse para vocês, agora conseguem ver que não paguei o preço. Estou em outro nível, você deveria me visitar. Ninguém pode fazê-lo melhor que eu, isso é tão difícil de acreditar?". Essa é a nova Ciara mandando um "cala boca" para todos seus haters e que um dia riram de seus flops e duvidaram de sua capacidade. Aqui, ela está por cima, é autoconfiante e que, principalmente, sabe onde quer chegar, tem um foco, não apenas na relação, mas em sua carreira, senhora de si que agora dá as cartas. A faixa produzida por Rock City não apresenta nada inovador, mas sua letra ao menos, nos diz muita coisa.

5. "Read My Lips"
Sedutora, ardente e divertida explicitamente, é assim que poderíamos definir a quinta faixa do álbum. Bem radiofônico, o uptempo cercado de versos amorosos e sensuais, solta chamas em coisas como "Então, nós vamos ficar em casa hoje. Todo mundo está saindo, mas nós podemos ficar de fora disso, querido? Eu tenho outra coisa em mente. Feche as cortinas, diminua as luzes e é melhor você trazer o seu apetite. (...) Eu só quero cuidar de você, querido. Você é o único que quero dá-los (leia meus lábios). Isso tudo é para você". No fim, o que Ciara quer ao final da noite, é apenas que seu parceiro interprete suas ações e jogos de palavras, seja de forma sexual ou não.

6. "Where You Go" (feat. Future)
A sexta faixa, é um R&B calmo, misterioso e inspirado no amor, que conta com a parceria de seu namorado e nome por trás da produção do álbum, o rapper Future. Ciara aqui, se sente mais leve após experimentar várias situações implícitas e explícitas nas faixas anteriores, fazendo juras de amor a quem ela quer ao seu lado. Originalmente escrita para o álbum do Future e encaixada de última hora no "Ciara", não é das melhores do álbum, podendo tranquilamente ser descartada, pois há claramente uma ausência de algo aqui, talvez voz de ambos ou outra forma em sua produção.

7. "Super Turnt Up" (feat. Ciara)
Após uma pausa para juras de amor, Ciara prepara o terreno para a segunda parte de sua noite de amor. Dividida em camadas, temos ela inovando sem medo de se arriscar, incorporando a Nicki Minaj que há nela e fazendo as vezes de rapper, num surpreendente feat. com ela mesma hahaha. Embora tenha uma das letras mais fracas do álbum, achamos ozada e dinâmica a proposta, mas ainda estamos na dúvida se gostamos totalmente ou não.

8. "DUI"
A cativante baladinha R&B tem um tom mais calmo, que traz uma melodia simples, enquanto Ciara sussurra e nos seduz com a simplicidade sexual da faixa: "No meio da estrada, estamos eu e meu amor. R. Kelly no rádio, deixe-o tocar. Sua mão na minha coxa, uma (minha) no volante e a outra... ah, prefiro não mencionar, teria que parar."

9. "Livin' It Up" (feat. Nicki Minaj)

Produzida por Wynter Gordon, temos outra boa parceria com Nicki Minaj e mais uma excelente e radiofônica faixa em "Livin' It Up", que queremos pra single. A deliciosa faixa transmite uma energia boa e altamente confiante, onde Ciara deixa claro que sua felicidade depende apenas dela: "Porque uma garota deve fazer aquilo que quer, uso minhas próprias regras pra isso". Ciara brilha nela com seus vocais baixos, suaves, mas bem encaixados com essa produção no ponto. À Minaj, cabe sua parte final, mas que assim como em "I'm Out", é bem executada.

10. "Overdose"

Para encerramento, temos "Overdose", aquela que logo quando o álbum foi lançado, muito se falou de ser a melhor faixa, e acreditamos que os executivos levaram o gosto popular em consideração, pois ela foi anunciada como terceiro e novo single do "Ciara". Produzida por Josh Abraham e Oliver Goldstein (Carly Rae Jepsen e Britney Spears), temos um uptempo animado, que combina demais com os vocais de Ciara. A letra é bem interessante, o som futurista e, de novo, bem radiofônico, apelando para os lados mais urban e pop, agradando várias fatias do mercado e soando como uma combinação deliciosa para anunciar que a festa chegou ao fim. Ótima escolha como single.


CONCLUSÃO
Com vários percalços vividos num passado nebuloso, de alguém que vendeu míseras 37 mil cópias na primeira semana com seu "Basic Instinct" (2009), era um tanto quanto injusto ver tantas artistas semelhantes por aí fazendo sucesso, enquanto Ciara vivia na mais profunda obscuridade, sendo comumente tachada de "cantora flopada e em eterno feat. com Nicole Scherzinger (outra também que precisa se reinventar, caso queira atingir o sucesso que mereça e sabemos do potencial que tem)". Ao rebelar-se contra sua gravadora, Ciara assumiu as consequências em busca de sua liberdade e deu um tiro que se mostra certeiro. Hoje, não temos dúvidas em afirmar que, ela pode até não ser um sucesso absurdo (ainda), mas ao menos, "se encontrou" artisticamente com esse álbum, que de fato, entra para a lista dos melhores neste ano do gênero ao qual ela se insere, senão o melhor. Demonstrando que, quando deixaram que ela tivesse tempo para trabalhar, e ofereceram instrumentos bons (leia grandes produtores) para isso, teve condições de dar o melhor de si, sendo autoconfiante, arriscando-se e podendo ousar, criando um álbum conciso, honesto, bem radiofônico, que encaixou completamente no seu limitado tom vocal, fazendo do "Ciara", o trabalho mais forte desde quando surgiu para a música, lá na primeira metade da década de 2000.
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