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Review: batam continência para as Little Mix e seu exército de ótimas canções em "Salute"!


Desafios são sempre bem vindos na vida de qualquer um, porque te dão a chance de provar que consegue ir além das expectativas depositadas em você. No caso das Little Mix, o árduo desafio era o de provar que todo o prestígio alcançado com o "DNA", seu álbum de estreia, não era apenas passageiro, mas sim o começo pra um plano ardiloso: se tornar a maior girlband da atualidade, o que pra uns pode até ser bem pretensioso, mas para nós, isso se chama "afirmação de um talento".


Para dar início a esse ambicioso projeto, Perrie, Leigh-Anne, Jade e Jesy optaram por reiventar-se. Seja no visual, largando as roupas coloridas e divertidas da outra fase, apostando em algo mais maduro, sensual e sem ser vulgar; ou pela nova proposta de sonoridade, migrando do pop chiclete para um som mais R&B/Pop 90's. Ao passo que, tendo mais liberdade na criação/composição do material dessa nova etapa (13 das 15 faixas tem assinatura delas), não somente se sentiriam mais seguras, como também assumindo um risco como esse, mostrariam novas facetas de um trabalho que já conquistou várias partes do mundo em apenas dois anos. O resultado de toda essa reinvenção pode ser conferido no sensacional "Salute", segundo álbum em estúdio da girlband formada há apenas dois anos no X Factor UK.  E que a partir de agora inicia sua dominação de terrítório na nossa review.


1) "Salute"

Dando início ao brilhantismo do álbum, surge "Salute", invadindo o território com seu exército feminista. Além de ser a melhor coisa saída delas até hoje, a faixa produzida por TMS e contando com as próprias meninas em sua co-autoria, já simboliza a primeira grande mudança sonora delas nesse novo projeto. É um pop urbano gigantesco, te convidando a prestar continência cada vez que a palavra "salute" surge na canção. Apostamos que, se bem trabalhada, tem muito potencial pra ser um hino de verão. Urbana, com uma interlude maravilhosa, semelhante a uma marcha fúnebre, um refrão matador que gruda na cabeça e um break no final, abrem espaço até explodir novamente no excelente refrão, onde cantam sobre como dominarão o mundo com seu exército feminista: "Moças em todo o mundo, escutem: estamos à procura de recrutas. Se você estiver comigo, deixe-me ver suas mãos. Levante-se e faça a saudação. Ponha seus saltos plataforma, tênis, sapatilhas, ou rendas por cima das suas botas, representando todas as mulheres. Saudação! Saudação!". Sério, essa música GRITA desesperada pra ser single!

2) "Move"

Escolhida como primeiro single do álbum, "Move" já simbolizava um grande choque se comparada à sonoridade do "DNA". A inesperada faixa urban sem refrão propriamente dito (!), com beatbox ao seu redor e crescendo progressivamente com a percussão, traz todas as harmonias lindas que nos fizeram amar as meninas no ano passado, mas com a diferença de que aqui, elas estão muito mais confiantes e se arriscando em meio a vários elementos, ainda assim, sem perder a linda essência delas, capaz de deixar com que cada uma brilhe individualmente, sem estrelismos. No fim, até é uma escolha acertada como single, pois imprime bem a transição da antiga para a atual fase.

3) "Little Me"

No meio de tantas canções interessantes que o "Salute" oferece, "Little Me" foi a escolha para ser o atual single e a decisão é perfeita, muito embora elas ainda não tenham se saído tão bem nas charts mundo afora com um midtempo. A faixa que ainda traz um trecho sampleado de "Pavane", clássico de origem francesa e de autoria de  Gabriel Fauré (1887) em sua interlude, se soma a uma combinação de elementos simples, mas que fazem a canção ainda mais incrível. É um hino arrebatador, só confirmando o quanto a evolução dessas meninas é gritante em apenas um ano. Esbanjando confiança vocal, elas querem encorajar você a ser autoconfiante e enfrentar as adversidades da fase adolescente, fazendo um paralelo entre o que enxergam agora com a forma que encaravam as coisas antes:  "Gostaria de saber na época o que sei agora. Gostaria de alguma forma voltar no tempo e talvez ouvir o meu próprio conselho. Eu diria a ela para falar, gritar, falar um pouco mais alto, ser um pouco mais orgulhosa. Diria a ela que é linda, maravilhosa. Tudo o que ela não vê".

4) "Nothing Feels Like You"
"Sambante", assim poderíamos definir a quarta faixa do "Salute". Trabalhando com uma percussão que lembra realmente uma escola de samba em alguns momentos, temos aqui uma ótima combinação urbana entre arranjo + refrão que ecoa na cabeça por muito tempo, tendo como resultado uma faixa pop excelente. Seria uma boa opção pra futuro single, a propósito.

5) "Towers"
Entre tantos mid e uptempos, surge, enfim, a primeira baladinha do álbum. Embora não seja a melhor, é uma canção muito fofa, sincera e vulnerável, assim como "Turn Your Face" se encarregava de fazer no "DNA". É meio que, depois de ser virado do avesso com as músicas anteriores, é hora de parar, refletir, tomar um fôlego e se acalmar na bela introspecção de "Towers".

6) "Competition"
Quando ouvi o álbum pela primeira vez, tive uma clara sensação de revisitar a sonoridade dos anos 90, que tanto adoro. E "Competition" se encarrega muito bem disso. Desde seu arranjo com esse piano de cabaré, até a forma como os vocais foram divididos e postos na música, com direito a essa ponte maravilhosa que a Jade faz diminuindo seu tom vocal, até chegar no ótimo, classy e catchy refrão 90's. Lindas.

7) "These Four Walls"

Ao afirmar em "Towers", que apesar de linda, não era a melhor balada do álbum, é porque existe essa delícia de cortar o coração aqui. Aparentemente simples no arranjo e nos vocais iniciais, que são mais controlados, "These Four Walls" esconde sua beleza justamente ao final da composição, quando as vozes vão crescendo e se incorporando, deixando o resultado final grandioso. E mais uma coisa: não há girlband melhor vocalmente que elas. That's all folks!

8) "About the Boy"

Voltando na questão 90's urban pop, chegamos em "About the Boy", metade da versão deluxe. As inspirações aqui são mais que evidentes. A faixa exala 90's vibe por toda parte: arranjo, composição, vocais, swing e disposição lírica. E o melhor disso tudo? Sem soar nadinha datado ou cópia de algo. É um material bem original e fiel à personalidade de Perrie, Jade, Jesy e Leigh-Anne. Pra encerrar: e essa parte aguda da Perrie em 2:38, que é seguida por um suspiro aliviado e termina na brilhante risadinha? Sério, é muito amor <3.

9) "Boy"

Num CD tão bom, é até complicado eleger sua faixa preferida. "Boy" é uma das que mais me deixou apaixonado pelo novo trabalho das Little Mix. É como se elas tivessem se encontrado com as Destiny's Child na primeira metade da década de 2000 e recebido vários conselhos, ou melhor, uma passagem de bastão para ser "A" girlband da geração atual. Harmônias, beatbox, o lado urban tomando conta de novo, a bela e encorajadora letra, tudo funciona perfeitamente. Curiosidade: só eu escuto o gritinho de um bebê aos 2:39? Hahahahaha.

10) "Good Enough"
Talvez minha única restrição com o "Salute" apareça aqui. Em meio há tantas coisas excelentes, "Good Enough" não chega a ser ruim, mas é uma baladinha que destoa um pouco, justamente por não apresentar evolução. Ou melhor, soa como algo descartado do "DNA". Não sinto a força do "Salute" em nada nela, apenas um forte desejo de ser comum. E ser apenas "comum", não é a proposta delas aqui. Próxima.

11) "Mr Loverboy"
Enquanto a anterior não acrescenta nada, nem interage da forma que devia, "Mr Loveboy" se encarrega disso com louvor. Preparando terreno para o encerramento, temos a 90's vibe outra vez, agora num midtempo swingado e  harmônico, que tocaria muito nas boates/matinês daquele ano. Deliciosa.

12) "A Different Beat"
Fechando a versão standard temos a faixa que melhor se encarrega disso: "A Different Beat", que volta a aproximá-las da sonoridade mais pop outra vez. Mesmo assim, nada que tire os méritos de sua composição.

Deluxe Edition:

13) "See Me Now"

Teria como a edição deluxe do "Salute" começar melhor do que com uma faixa da Nicola Roberts, nossa eterna Girls Aloud favorita? Não, né?! "See Me Now" é um samba delicioso e, talvez, a faixa mais pop de todo álbum, o que explica o porquê de ter parado na deluxe version, mas cumpre muito bem seu papel como faixa-bônus.

14) "They Just Don't Know You"
Assim como a anterior, os motivos para terem descartado "They Just Don't Know You" (também da Nicola Roberts) da versão padrão, são bem óbvios. É outra que se aproxima muito mais da sonoridade pop, descompromissada, mas sem relevância do "DNA", do que da proposta ousada-urbana-da-melhor-grilband-dessa-geração.

15) "Stand Down"
Os mesmos motivos que fizeram as duas anteriores caírem fora da versão standard do álbum, também serve para "Stand Down". Apesar de gostar da faixa, é essencialmente pop e, de fato, não se encaixaria (embora seja fácil propôr a troca por "Good Enough") na sonoridade buscada no "Salute", muito menos se aproxima do que foi feito no "DNA". Seria uma nova fase?! Espero que não. Hahahaha.

16) "Little Me" (Unplugged)


Elas amam tanto essa faixa, que pediram pra que uma versão acústica fosse incluída no álbum. O resultado? Um show de performance vocal. Repito: essa é a melhor girlband vocalmente falando. Tudo se encaixa perfeitamente, tanto nos solos, quanto nas partes harmônicas. E que harmonias, por sinal! <3

Pra encerrar... 
Quando assumiram os riscos de uma provável evolução, as Little Mix tinham dimensão do quanto ainda podiam/podem entregar, desde que tivessem liberdade pra isso. "Salute" é, sem dúvida, um dos melhores (meu favorito) álbuns pop do ano. Consistente e arrebatador na sua nova proposta de estilo sonoro, baseado no urban pop 90's até o início dos 2000, apresenta um belo choque em quem já acompanha o trabalho dessas lindas desde seu surgimento no X Factor UK, passando pelo "teste" com o álbum de estreia e tendo nessa nova fase, toda a afirmação de talento presente nesses quatro diamantes que são Perrie, Jade, Leigh-Anne e Jesy. E o mais chocante disso tudo sabe o que é? Essa evolução toda se deu num curto espaço de apenas DOIS ANOS! O que faz com que as expectativas em torno de seus novos e futuros trabalhos sejam ainda mais esperançosas. No fim, "Salute" apenas comprova que todas as expectativas tidas em cima delas desde o fim do reality show britânico não eram em vão. As Little Mix são, de longe, a melhor girlband existente no mercado e, se bem trabalhadas e evoluindo tanto assim, por que não podem ser a da história também? Só depende delas. E nós acreditamos nisso, sem medo de errar.

disqus, portalitpop-1

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