FILME: Gravidade (Gravity)
DIREÇÃO: Alfonso Cuarón
ROTEIRO: Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón, Rodrigo García
PAÍS: Estados Unidos
ELENCO: Sandra Bullock, George Clooney
CATEGORIAS NO OSCAR: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz (Sandra Bullock), Melhor Montagem, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Fotografia, Melhor Edição de Som, Melhor Trilha Sonora, Melhor Mixagem de Som, Melhor Design de Produção.
Quando um filme se torna o mais falado do ano é porque ele tem algo de extraordinário. "Gravidade" é o dono desse cargo em 2013. Mas por quê? Porque ele é o feito tecnológico cinematográfico mais impressionante do ano, de longe. Desenvolvido durante quatro anos, Alfonso Cuarón costura seu filme em prol da sensação.
"Gravidade" conta a história de astronautas que, ao fazerem manutenção numa estação espacial, acabam sofrendo um acidente graças aos escombros de um satélite que explodiu, deixando-os à deriva no espaço. Só isso. E a premissa é rápida, logo nos primeiros minutos o acidente acontece (num plano sequência maravilhoso) e já estamos sufocando com Sandra Bullock e George Clooney. O roteiro é básico, sem grandes diálogos ou passagens (aparentemente) profundas. O bom de "Gravidade" é mesmo a experiência.
Cuarón cria um gigantesco parque de diversões espacial e nos joga dentro. Malabarismos, rodopios, guinadas inesperadas, tudo para estarmos na mesma situação dos personagens. A câmera não exita, não para, percorre o espaço, vai e volta, entra e sai do capacete dos astronautas e chegamos a ficar tontos. Em 3D então, a experiência é ainda maior. São pedaços de naves e satélites voando na direção do seu rosto sem dó, enquanto Cuarón brinca de deus com sua câmera.
O filme ganhou alguns (muitos) detratores por ser um trabalho onde o visual supera o conteúdo. Ele, sim, é aberta e assumidamente comercial. Blockbuster com muito prazer. Mas o que o difere de filmes como "Transformers"? A própria realização e a justificativa. As toneladas de efeitos não são gratuitas, não são puro exibicionismo. É tudo montado para arrancar sentimentos de quem assiste, e o fundamento básico do Cinema é a sensação. E quando falamos de "toneladas de efeitos" não são só os visuais. Os efeitos sonoros, indo da mixagem à trilha sonora, são fenomenais.
Como já deu para perceber, Clooney e - principalmente - Bullock carregam o filme inteiramente sozinhos. As autuações não são tão espetaculares quanto a técnica do filme, mas são eficientes. Bullock está segura e firme no seu papel de protagonista, apesar de às vezes ficar firme demais (nas partes sentimentais ela poderia ter se entregado mais), porém nada que a diminua. Algumas passagens do roteiro soam gratuitas e piegas (a parte do cachorro), mas de uma forma torta elas são "alívios" da extrema tensão da situação. Nós grudamos na cadeira de uma forma impressionante.
Ainda temos as metáforas visuais: o acontecimento é como um purgatório para Ryan, personagem de Bullock. Ela terá que enfrentar todos os obstáculos e seus próprios limites para atingir o nirvana, a transcendentalidade, ou o nome que você quiser. Prova disso é a cena que ela se encolhe em posição fetal. Ela precisa renascer. Ela precisa aceitar a superioridade do universo diante sua existência mínima e insignificante, mesmo que isso cause assombros.
Assim como "Avatar" em 2009, "Gravidade" é mais um degrau que o Cinema sobe. Um feito que já entrou para a história e, da mesma forma que "2001: Uma Odisseia no Espaço" de Stanley Kubrick, deverá arrancar suspiros e jorrar adrenalina daqui a 50 anos.
PRÓXIMA OSCAR REVIEW: "Ela", de Spike Jonze, sexta-feita, 14 de fevereiro.