Parece que foi ontem que acompanhamos a história de amor e ódio entre Cher Lloyd e o público por trás do mercado britânico. Com seu single de estreia, "Swagger Jagger", a cantora, revelada pelo reality show X-Factor, conseguiu notoriedade devido a reação negativa do público quanto ao lançamento, mas rapidamente e com muita marra, converteu essa negatividade em ótimos números, atraindo público o suficiente para os singles seguintes e seu primeiro disco, "Sticks + Stones".
Quem nos lia nesta época, deve se lembrar do quão positiva foi nossa reação com tudo o que Lloyd apresentou em seu primeiro álbum, mas não deixamos de ficar curiosos para o que ela mostraria em uma segunda oportunidade, passado tempo o suficiente pra que amadurecesse e perdesse também essa postura na defensiva, obviamente feita pra rebater as críticas iniciais. Eis que, neste ano, a moça retornou e com um disco que por pouco não terminou engavetado. "Sorry I'm Late", o segundo álbum de Cher, conta com diversas colaborações, incluindo produtores que já passaram pelas mãos de nomes como Britney Spears e One Direction, além da vocalista do Gossip, Beth Ditto, na composição de uma das suas canções (com mais exatidão, "Sweet Despair"), e toda essa preocupação da gravadora em chamar para o álbum grandes nomes foi válida e tem um resultado pra lá de notável, sendo o disco bem mais homogêneo e consistente que a proposta inicial da cantora.
Nos fazendo sentir falta do hip-hop com quem ela flertou em sua estreia, "Sorry I'm Late" é um disco propriamente pop, e soa bem redondo neste contexto, parecendo pronto para as rádios do início ao fim. Nos alinhando melhor quanto ao atual público alvo de Cher, mais numa tentativa de manter o que já conquistou do que encontrar gente nova em si, o disco soa mais jovem, teen, e somando isso aos clichês cantados, até nos remete ao disco de estreia da Lea Michelle, "Louder", mas tem sua consistência como um ponto a favor, além da personalidade de Lloyd que, mesmo bem debilitada, ainda dá o ar de sua graça aqui ou ali, fazendo toda a diferença no disco, que talvez também venha a agradar os fãs da atriz de Glee.
O ponto alto do disco está em suas canções iniciais, "Just Be Mine" e "Bind Your Love", sendo também seu carro-chefe, "Sirens", algo a ser considerado. A baladinha aos moldes de Sia Furler, "Human", dá o tom emotivo ao material, muito bem sequenciado pelo dubstep de "Sweet Despair". E com tudo soando tão certeiro para as rádios, encontramos até um pouco de Katy Perry em faixas como "Killing It" e "Alone With Me", além da canadense Avril Lavigne na grudenta, mas descartável, "M.F.P.O.T.Y.".
Ao lado do rapper T.I., Cher Lloyd se perde no caminho com o R&B de "I Wish", sendo aparentemente parte de alguma ideia perdida logo após o primeiro engavetamento do disco, e ainda sobra espaço para algumas fillers, como a acústica "Goodnight" e o drum'n'bass de "Dirty Love".
Em suma, "Sorry I'm Late" seria um desperdício e tanto se realmente tivesse ficado na geladeira da Epic Records, então somos muito gratos à Cher Lloyd que, de certo, precisou ceder a alguns mimos da gravadora antes de ter seu álbum oficialmente lançado. Sem grandes novidades para as rádios, o segundo álbum de Lloyd é redondo, genérico mesmo, mas por trás disso ainda conta com uma qualidade inegável, ainda que bem calculada, e dá os primeiros sinais de um amadurecimento da britânica de apenas 20 anos, musicalmente falando, mas com uma mira clara no público adolescente.