David Guetta já pode ser considerado um parceiro de longa data de Nicki Minaj e, quando entra em estúdio com a rapper, o produtor francês se esforça pra fazê-la experimentar algo que nunca fez, como foi o caso de suas colaborações em “Turn Me On” e “Where Them Girls At”, que também contava com a participação de Flo Rida, mas Guetta possui também uma necessidade inexplicável em tentar nos fazer acreditar que Minaj, além de rapper, é uma ótima cantora pop, omitindo o fato de que suas parcerias contam com vocais de terceiros em seus refrãos.
A dona de “Anaconda” não é tão estranha à prática e, antes de se encontrar com David Guetta, já havia feito isso em “Super Bass”, que não credita, mas traz a participação de Ester Dean em seu refrão, juntos eles repetiram o feito em “Turn Me On”, com vocais da mesma cantora (até hoje tem quem acredite se tratar da voz de Nicki Minaj durante toda a canção), e tentaram fazer isso outra vez em “Hey Mama”, do disco do francês, “Listen”, só que não colou.
Inicialmente lançada como uma parceria entre Guetta, Nicki Minaj e Afrojack, “Hey Mama” traz em seu refrão a participação da cantora em ascensão Bebe Rexha, mesma parceira do Cash Cash em “Take Me Home” e que recentemente lançou “I Don’t Wanna Grow Up”, seu EP de estreia e com músicas como “I’m Gonna Show You Crazy” e “I Can’t Stop Drinking About You”, só que toda a canção é tão repleta de efeitos que sequer notamos a alternância entre a voz das rimas de Minaj e de quem canta no refrão e era daí que David Guetta queria tirar alguma vantagem.
É difícil ter rappers indo além de sua zona de conforto e Nicki Minaj faz isso como ninguém (“Starships”, “Pound The Alarm”, “Anaconda” e o último lançamento da rapper, “The Night Is Still Young”, não nos deixam mentir), sabendo se aventurar fazendo música pop sem que perca sua identidade no hip-hop, tudo muito balanceado, e para Guetta seria um crédito e tanto passar a impressão de que, com ele, ela se dispõe a cantar como uma aspirante à cantora pop, mas tudo isso era bem injusto, principalmente quando a verdadeira dona da voz, Bebe Rexha, não concordava com a ideia de ter pessoas pensando que outra pessoa estava fazendo um trabalho que era seu.
Conversando com a Billboard, a cantora americana, que também é responsável pela composição de “The Monster”, do Eminem com a Rihanna, afirmou que gostaria de ter seu nome entre os créditos de “Hey Mama” e que chegou a conversar sobre isso com David Guetta, com quem colabora dentro do mesmo CD na canção “Yesterday”, e teve como resposta que teria seu nome omitido apenas por não ser comercial um título com três participações especiais, o que de certa forma até que é um argumento convincente, porém, não foi o suficiente para a pequena fã base da cantora que, pelas redes sociais do produtor, insistiu pra que ele reconhecesse oficialmente a participação de Bebe Rexha. E eis que o momento chegou.
Numa sutil atualização, a equipe de David Guetta não só trocou a capa do single no iTunes e outras lojas virtuais, incluindo o nome de Bebe Rexha entre as participações de “Hey Mama”, como também passou a mencionar a cantora em todos os players oficiais da faixa, seja no Youtube, VEVO, Spotify, TIDAL (???), todo lugar que imaginarem, e a gente agradece.
Pode parecer bobeira e temos uma infinita lista de cantoras que fariam um bom trabalho dentro do mesmo espaço concedido à Rexha em “Hey Mama”, mas já que o trabalho foi todo dela, da composição à voz, não há nada mais justo do que tê-la creditada por o que lhe diz respeito. Principalmente se tivermos em mente que ela é um nome em ascensão e, nesta fase da carreira, a menor das ajudas é bem vinda. Imagine o efeito de ter seu nome dentro de um smash hit em potencial? Um empurrão e tanto. E dizemos mais, daqui em diante, Ester Dean e outras cantoras que se permitem serem omitidas assim também não deveriam aceitar tal coisa, ainda que tudo seja sobre o dinheiro que receberão um pouco mais tarde, pois são as próprias quem sofrem para conseguir algum espaço dentro desse cruel mainstream depois. Nem todas dão a sorte de Kesha, que não dependeu do crédito que não aconteceu em “Right Round”, do Flo Rida, para acontecer com sua própria carreira.
Por fim, a vitória foi do povo de Deus. Assista abaixo ao clipe de “Hey Mama” que, infelizmente, não conta com a participação de Bebe Rexha, mas aproveita para conhecer também os trabalhos da moça (tag dela aqui no blog), que são de uma qualidade indiscutível e, de fato, merecem a sua atenção.
PS.: Na baladinha “Grand Piano”, do disco “The Pinkprint”, é mesmo Nicki Minaj quem canta e, para todos os efeitos, as vozes dentro dos discos de Britney Spears também são da cantora.