Só quem acompanhou a última temporada do The Voice Brasil, sabe o quanto Nikki, do time da Claudia Leitte, se esforçou para estremecer as estruturas do programa e, com uma proposta pop como nunca antes mostrada no reality, esteve bem próxima do título de vencedora, o que só não aconteceu porque caíram de amores pelo talento de outro cantor, que acaba pendendo para o lado mais previsível dos vencedores desse formato.
Nikki, entretanto, tinha algo a mais. A cantora, que começou sua carreira com apresentações em boates de São Paulo, quando ainda atendia por Nicky Valentine, é um dos grandes nomes em potencial para o pop nacional e, desde seu disco de estreia, “Papa’s Princess”, entrou no nosso radar, se mantendo como algo extremamente promissor em seu material seguinte, que foi o EP “Nikki”.
Para um programa como o The Voice, o diferencial dela estava em sua proposta como um todo. Depois de um ano em que Anitta foi uma das artistas mais comentadas do país, continuamos com um cenário em que a música pop nacional respira com a ajuda de aparelhos, bem longe da variedade que o mesmo tipo de música oferece em outros países, e, na falta de nomes realmente interessantes, pipocam cópias e mais cópias da cantora de “Bang”, enquanto Nikki foge à regra, mas mantém o nível.
Do cabelo colorido ao repertório, que incluiu Miley Cyrus e até a poderosa “Hello”, da Adele, Nikki quis levar a cultura pop ao palco do The Voice e, com complicações aqui e ali, cumpriu sua missão, e só teria sido melhor caso tivesse conquistado o grande título do programa, o que contribuiria e muito para ascensão do gênero no país e, consequentemente, deixaria o recado para as outras que estão tentando encontrar o seu espaço: dá pra conseguir o seu público e espaço sem que você precise parecer outro alguém.
E, fechando essa grandiosa jornada dentro do programa, Nikki guardou para a grande final um dos seus momentos mais impactantes, raspando o cabelo rosa, que marcou seu rosto durante todo o programa, e revelando isso no meio da sua última apresentação: um cover de “Metamorfose Ambulante”, do incrível Raul Seixas. A emissora elegeu essa como a cena mais marcante da final do The Voice.
De volta aos dias atuais, já faz quase um mês desde que o reality da Globo chegou ao fim e Nikki, após algumas sessões em estúdio, finalizou seu single de retorno, que será a inédita “Eu Faço Assim”. Com previsão de lançamento para o fim de janeiro, a música é a primeira amostra do novo trabalho da cantora, que será lançado pela Sony Music/OH Records, e nós conseguimos conferir com exclusividade, contando agora nossas primeiras impressões.
Aos órfãos de “Me Valorizar”, de longe, a melhor música do EP “Nikki”, podem ficar tranquilos: o single novo é a melhor canção já lançada por ela até aqui. Tão conectada às tendências lá de fora, a música nova, toda cantada em português, pode ser facilmente associada aos últimos trabalhos da Ellie Goulding com o disco “Delirium”, principalmente músicas como “On My Mind” e “Don’t Need Nobody”, e, desta forma, também conversa bem com o atual cenário nacional, que bebe bastante deste “urban pop” americano, mas de uma forma bem singular.
Em sua letra, Nikki fala sobre ninguém conseguir atrapalhar a sua noite, entoando no refrão, sob muitos sintetizadores e palminhas ao fundo, os versos pegajosos a seguir: “sai, cansei de te escutar! A noite é minha e não tem hora pra acabar. Solta o som, deixa rolar! Quando a batida é certa, eu tenho que dançar. Eu faço assim”.
E a batida é certa, então dança, Nikki!
Sempre associada à música eletrônica, onde começou a fazer seu nome, Nikki parece ter encontrado em “Eu Faço Assim” o ponto de equilíbrio perfeito entre seus trabalhos anteriores e a persona que assumiu desde que decidiu se aventurar em busca do seu espaço no pop nacional e, mais uma vez, usando alguns versos de sua música nova, “não há nada a perder, vou me deixar levar”.
Vem com tudo, mulher!