Todos concordam que 2016 foi um ano estranho, para não dizer ruim, mas também devemos concordar que, definitivamente, a culpa disso não foi da música.
Apesar desse ter sido o ano em que nos despedimos de Prince e David Bowie, foi também o ano em que, mais uma vez, Beyoncé deu um novo sentido para o lançamento de discos, bem como – finalmente – pudemos presenciar o retorno de Frank Ocean, entre outros nomes.
Mesmo com as paradas não refletindo isso como gostaríamos, a música pop também esteve muito bem representada e, sobre isso, agradecemos em especial Ariana Grande, Carly Rae Jepsen e Britney Spears, sem deixar de nos lembrar, é claro, daquelas que não hesitaram em ousar, garantindo que a roda continue girando pelos próximos e próximos anos, como Rihanna e Lady Gaga.
Falamos demais, mas estamos só começando. Esses são os melhores discos de 2016:
50. HINDS, “Leave Me Alone”
O pop roqueiro de garagem das meninas do HINDS e seu disco de estreia, “Leave Me Alone”, é o que provavelmente esperaríamos de uma parceria da Sky Ferreira com o HAIM. De Madrid para o mundo, o quarteto tem chamado a atenção das principais publicações alternativas americanas e, nesse álbum, imprime uma identidade instigante, que nos faz querer mais dessa sonoridade suja e descoordenada, acompanhada de letras tão pessoais. É um disco para se ouvir bêbado.
Pra testar: “Garden”, “Warts” e “Fat Calmed Kiddos”.
49. Nick Jonas, “Last Year Was Complicated”
Se aproveitando do gap na indústria pop masculina, com poucos cantores que representem bem o gênero, e sem soar remotamente parecido aos destaques como The Weeknd e Bruno Mars, Jonas apresenta uma proposta cool e um pop cada vez mais atual, refrescante e cheio de sintetizadores. “Last Year Was Complicated” soa como um material de transição, cumprindo a promessa de nos entreter, enquanto gera mais expectativas quanto ao que está por vir. – Nathalia
Pra testar: “Voodoo”, “Under You” e “Touch”.
48. Elliphant, “Living Life Golden”
Na sua chegada musical aos EUA, a sueca Elliphant veio acompanhada por uma lista de grandes produtores, incluindo nomes como Diplo, Skrillex e o nome por trás do disco de estreia da Lorde, Joel Little. Mas se, com tantos nomes conhecidos, seu público esperou por um álbum óbvio, foi pego de surpresa pela mesma agressividade de seus trabalhos anteriores, aqui somados a um maior cuidado quanto às letras e arranjos, que resultaram num disco que grita por ser uma novidade do início ao fim, prendendo-nos desde a primeira audição. – Tintel
Pra testar: “Everybody”, “Love Me Long” e “One More”.
47. Tove Lo, “Lady Wood”
O pop está a salvo na Suécia e, depois de nomes que vão da Robyn à Icona Pop, estamos prestes a acrescentar mais um na lista. Famosa por seus hábitos destrutivos, Tove Lo se esforça para fazer de “Lady Wood” seu álbum mais completo até aqui, costurando todas suas histórias e sonoridades dentro de um só conceito, enquanto se abre para possibilidades cada vez mais dançantes e eletrônicas. – Tintel
Pra testar: “True Disaster”, “Imaginary Friend” e “Cool Girl”.
46. The 1975, “I Like It When You Sleep”
O visual todo banda de rock, somado ao seu inexpressivo álbum de estreia, quase nos engana quanto ao potencial da boyband The 1975. No disco “I Like It When You Sleep, For You Are So Beautiful Yet So Unaware Of It”, entretanto, os caras se permitem explorar seu lado mais pop e o resultado é verdadeiramente animador, fazendo desse um disco dançante, cheio de nuances e com uma proposta oitentista contagiante. – Tintel
Pra testar: “UGH!”, “Somebody Else” e “The Sound”.
45. Sia, “This is Acting”
Foram poucas as novidades entregues por Sia em “This is Acting”, álbum que, inicialmente, propunha algo inusitado, sendo composto por músicas que ela escreveu para outros artistas. Mas, ainda assim, o disco reúne algumas das melhores músicas de sua carreira desde a ascensão nas paradas, nos fazendo questionar coisas como “o que Rihanna tinha na cabeça quando descartou ‘Reaper’?”. – Tintel
Pra testar: “Reaper”, “Cheap Thrills” e “Space Between”,
44. Birdy, “Beautiful Lies”
Mesmo jovem, Birdy sempre nos mostrou uma maturidade instigante. Em seu novo trabalho, a britânica coloca tudo isso à prova, se permitindo um passo à frente na ousadia, enquanto arrisca novos estilos e firma ainda mais os seus poderosos vocais. “Beautiful Lies” é um dos álbuns mais consistentes e emotivos do ano, além de ser também o melhor registro de sua carreira, até aqui. – Maicon Alex
Pra testar: “Keeping Your Head Up”, “Hear You Calling” e “Save Yourself”.
43. Gwen Stefani, “This Is What The Truth Feels Like”
Num mercado onde as divas pop estão todas correndo para o conceitual, alguém tinha que voltar para nos lembrar como é maravilhoso esse gênero que tanto amamos. Eis que Gwen Stefani nos presenteia com “This Is What The Truth Feels Like” e, fazendo jus ao seu título, aborda temas de forma sincera, como a doída “Used To Love You”, sem deixar de lado o papel principal da música pop: a diversão. A verdade até pode doer, mas, se for feita com tanta música boa, queremos que ela sempre a jogue na nossa cara. – Gustavo Hackaq
Pra testar: “Where Would I Be?”, “Naughty” e “Make Me Like You”.
42. Tegan and Sara, “Love You To Death”
O synthpop foi muito bem representado por nomes como Taylor Swift e Carly Rae Jepsen nos últimos dois anos, mas se tem uma artista que sabe fazê-lo como ninguém, é a dupla Tegan and Sara. No seu álbum de retorno, “Love You To Death”, as meninas parecem terem feito a lição de casa sobre as rádios atuais, enquanto mantém a maturidade de suas letras, sob arranjos comerciais e, ainda assim, muito bem elaborados. – Tintel
Pra testar: “That Girl”, “Boyfriend” e “Dying To Know”.
41. Flume, “Skin”
Apesar de ainda ser um nome em ascensão, o jovem produtor australiano, Flume, trouxe em “Skin”, talvez, o álbum mais diversificado do ano, cumprindo um importantíssimo papel, ao possibilitar uma experiência que transcende a simples vontade de mover os pés. Seja ao lado de nomes tão novos quanto o seu, como do rapper Vince Staples, ou que já emplacaram hits anteriores, tipo Tove Lo, Flume equilibra muito bem todas as nuances desse grande álbum. – Maicon Alex
Pra testar: “Never Be Like You”, “Lose It” e “Take A Chance”.
40. Drake, “Views”
O sucesso de “Hotline Bling” fez de Drake o rapper mais pop dos últimos tempos e, enquanto tocava nas rádios sem parar, o canadense se preparava para entregar um disco prometido há muito tempo, enfim apresentado no que conhecemos como “Views”. Neste álbum, o rapper marca uma importante fase da sua carreira, na qual está mais disposto a assumir riscos, se afasta dos raps ágeis de suas mixtapes e entrega um trabalho ora contido e comercial, ora verdadeiramente ousado, e indiscutivelmente funcional. – Tintel
Pra testar: “Feel No Ways”, “With You” e “Too Good”.
39. OneRepublic, “Oh My My”
Cada vez mais familiarizado com a produção de hits para cantoras pop, Ryan Tedder parece ter tido a oportunidade de ousar em “Oh My My” e, obviamente, o resultado foi o mais positivo possível. Esse é um dos poucos álbuns em que você terá a oportunidade de escutar um legítimo hit da OneRepublic ao lado de improváveis parcerias com Peter Gabriel e Santigold. – Tintel
Pra testar: “Oh My My”, “A.I.” e “NbHD”.
38. Panic! At The Disco, “Death of a Bachelor”
Saber que o disco “Death Of A Bachelor”, do Panic! At The Disco, foi o primeiro da banda a alcançar o topo das paradas americanas não é algo impressionante. Desta vez, apenas com Brendon Urie, a banda soube reunir o melhor do seu lado dramático e teatral, enquanto mescla influências que vão do blues ao hip-hop, além de, claro, o rock que os tornaram conhecidos. Daqueles discos que não conseguimos – e nem deveríamos – passar nenhuma faixa. – Tintel
Pra testar: “Victorious”, “Death Of A Bachelor” e “The Good, The Bad and The Dirty”.
37. Emeli Sandé, “Long Live The Angels”
Emeli Sandé demorou, mas não decepcionou. Mais minimalista e despojado que seu álbum anterior, “Long Live The Angels” é um material que grita por reconhecimento, sendo repleto de canções emotivas, letras fortes e arranjos que nos deixam facilmente no chão, sendo possível sentir a paixão da cantora por cada uma das faixas, sem a necessidade de recorrer a acrobacias vocais para sustentá-las. – Maicon Alex
Pra testar: “Hurts”, “Breathing Underwater” e “Give Me Something”.
36. Santigold, “99c”
Sucedendo o disco “Master Of My Make-Believe”, “99c” mostra os efeitos da música atual na sonoridade de Santigold que, numa discussão sobre o preço da arte, se permite reproduzir aquilo que tocam nas rádios. Essa é uma escolha arriscada, já que poderia fazer com que ela perdesse sua autenticidade, tornando-a “apenas mais uma”, mas basta ouvir o disco para saber que, desse risco, ela passou longe.
Pra testar: “Banshee”, “Chasing Shadows” e “Run The Races”.
35. Kendrick Lamar, “untitled unmastered.”
“To Pimp A Butterfly” colocou Kendrick Lamar no centro das atenções, fazendo com que todos quisessem um pedaço do rapper que entregou um dos melhores álbuns de hip-hop do ano passado. Mas, sem se apegar à pressão de superar o álbum anterior, o cara revelou uma compilação de faixas que não foram finalizadas e sequer intituladas, com uma ousadia que, sem dúvidas, Kanye West amaria ter feito primeiro. Embora seja um projeto apresentado de maneira despretensiosa, na medida do possível, “untitled unmastered.” mantém o nível dos outros trabalhos do rapper, provando que, sem muito esforço, ele consegue manter as nossas expectativas sob controle.
Pra testar: “untitled 02”, “untitled 04” e “untitled 07”.
34. Wet, “Don’t You”
O trip-hop, R&B noventista e alt-R&B se encontram em “Don’t You”, do trio novaiorquino Wet. Com vocais delicados, que contrastam com o peso momentâneo de seus arranjos, o disco nos pega pela profundidade de suas letras, além de instrumentais que criam toda uma áurea bastante singular, semelhante ao que Lorde nos causou com seu “Pure Heroine” (2013). É um álbum que consegue soar grandiosamente minimalista e te entrega novidades a cada nova audição. – Tintel
Pra testar: “Don't Wanna Be Your Girl”, “All The Ways” e “You're The Best”.
33. Little Mix, “Glory Days”
Se Little Mix ficou em dívida com seu público no álbum anterior, regredindo para uma sonoridade e letra infantilizadas, que visaram conquistar fãs ainda mais novos, podem considerá-la quitada com “Glory Days”. De volta ao posto de donas do Reino Unido, neste disco elas retomam a postura fierce de seus trabalhos anteriores, sob arranjos eletrônicos e pra lá de radiofônicos. – Tintel
Pra testar: “Power”, “Down and Dirty” e “Touch”.
32. Banks, “The Altar”
Banks não conseguiu imprimir uma identidade muito clara em seu primeiro disco, “Goddess”, mas trilha um caminho promissor em seu trabalho seguinte, que soa como uma evolução sem grandes pretensões, marcando melhor o seu território, para um nicho cada vez mais repleto de novas apostas, de Halsey à Melanie Martinez. “The Altar” é docemente agressivo, com batidas tão sutis quanto um soco no estômago. – Tintel
Pra testar: “Gemini Feed”, “This Is Not About Us” e “27 Hours”.
31. Fitz and The Tantrums, “Fitz and The Tantrums”
Ironia ou não, em seu primeiro disco autointitulado, a banda Fitz and The Tantrums foge por completo da sonoridade pela qual eram conhecidos. No terceiro registro da banda, com a produção do hitmaker em ascensão Jesse Shatkin (Sia, Fifth Harmony, Kelly Clarkson), eles miram no pop-de-festival, com refrãos certeiros, muitas palmas e arranjos verdadeiramente dançantes, sem perder o ar de frescor que sempre manteve o interesse do público em seus outros trabalhos. É despretensiosamente grandioso. – Tintel
Pra testar: “Handclap”, “Complicated” e “Get Right Back”.
30. Daughter, “Not to Disappear”
Embora seja novo, o trio londrino Daughter já possuía uma sonoridade bem definida e aceitou os riscos de fugir da fórmula consolidada em seu novo material, “Not To Disappear”. No trabalho, a melancolia, carregada pela voz da vocalista Elena Tonra, continua, mas Daughter ousa e se aventura em novas referências adicionadas ao seu repertório. Aqui, podemos ver toques eletrônicos, dream pop e até faixas que nos remetem ao The XX, The Drums e até Florence + The Machine, mostrando um amadurecimento muito bem-vindo. – Luccas Almeida
Pra testar: “Numbers”, “Alone/With You” e “Mothers”.
29. ZAYN, “Mind of Mine”
Ainda que apresente certas similaridades com outros trabalhos lançados nos últimos anos, é inegável dizer que através de "Mind of Mine", ZAYN conseguiu se desprender da imagem teen que o seguia no 1D. Mostrando toda sua qualidade vocal entre baladas, midtempos e uptempos, que flertam desde o Pop, passando pelo R&B contemporâneo, até chegar no Alt-R&B (claramente influenciado por Frank Ocean e Malay Ho, que produziu ambos), o moço mostra nesse ótimo material de estreia, que não só tem muito potencial, como sair da boyband foi a decisão mais certeira de sua carreira. – Maicon Alex
Pra testar: “Pillowtalk”, “Befour” e “Wrong”.
28. DNCE, “DNCE”
Quando ouvimos “Cake By The Ocean” pela primeira vez, jamais imaginaríamos que Joe Jonas e sua nova empreitada, com a banda DNCE, nos fariam dançar com um trabalho tão completo quanto esse disco de estreia. Esse primeiro CD é uma surpresa e tanto, que serve como um motivo para não tirarmos os olhos e ouvidos de seus próximos trabalhos e incentivo pra que os caras do Maroon 5 tomem vergonha na cara e voltem a fazer músicas minimamente aceitáveis. – Tintel
Pra testar: “Unsweet”, “Unsweet” e... Já dissemos “Unsweet”? Porque ela é realmente muito boa.
27. St. Lucia, “Matter”
Os anos 80 voltam para os dias atuais com o disco “Matter”, da banda St. Lucia. Com um synthpop “para cima” e refrãos que fazem de cada uma dessas faixas, verdadeiros hinos para cantarmos a pleno pulmões, esse álbum é daqueles que nos fazem dançar sobre a maior decepção amorosa de nossas vidas e cresce a cada audição, sendo, de longe, uma das nossas maiores surpresas desse ano. – Guilherme Tintel
Pra testar: “Home”, “Help Me Run Away” e “Always”.
26. Fifth Harmony, “7/27”
Com uma integrante a menos, o futuro do Fifth Harmony é incerto, mas se temos alguma certeza nesta vida, é de que, em seu segundo disco, a girlband acertou e muito. “7/27” é um álbum pop na medida, apostando numa sonoridade que vai dos clássicos de Britney Spears no final dos anos 90 ao som que as próprias emplacaram no ano passado, e prova seu amadurecimento artístico sob produções bem mais confiantes, sem a necessidade de outrora de atirar para todos os lados. – Allan Correia e Guilherme Tintel
Pra testar: “That's My Girl”, “Scared Of Happy” e “Not That Kinda Girl”.
25. Chairlift, “Moth”
“Moth” significa “mariposa”, em inglês. Antes de ganhar asas, o inseto passa por um processo de metamorfose semelhante aos da borboleta, mas parece sofrer algum problema nesse caminho, tornando-se uma espécie diferente e com uma curiosa característica: ela é atraída pela luz, ainda que essa possa matá-la. Em seu terceiro disco, lançado meses antes de anunciarem sua separação, o duo Chairlift gosta de usá-la como uma metáfora sobre a vulnerabilidade humana, que se entrega às suas atrações, cientes dos riscos que poderão machucá-los mais do que gostariam. Tudo isso sob uma sonoridade pop fora do comum, repleto de coros, palminhas e sintetizadores, flertando com trip-hop e uma verdadeira variedade de gêneros. – Tintel
Pra testar: “Ch-Ching”, “Crying In Public” e “Moth To The Flame”.
24. ANOHNI, “Hopelessness”
O álbum “Hopelessness”, da britânica ANOHNI, definitivamente, não é para qualquer um. Da sua sonoridade à capa, na qual mistura o seu rosto com o Boy George que ilustra o disco de estreia do Culture Club (1982), esse é um álbum que provoca, toca em inúmeras feridas e, com seus arranjos, ora tímidos e contidos, ora agressivos, transforma todas elas em discursos poeticamente lindos, ainda que, na maioria dos casos, trágicos. Esse é um disco que, com todo o eufemismo do mundo, te fará cantarolar sobre assuntos que vão do transtorno de identidade de gênero à crise da AIDS que devastou toda uma geração queer. – Tintel
Pra testar: “Drone Bomb Me”, “Execution” e “Why Did You Separate Me From The Earth?”.
23. Carly Rae Jepsen, “Emotion: Side B”
Não satisfeita em lançar o melhor álbum pop de 2015, o ícone canadense Carly Rae Jepsen deu aquela força para o gênero no ano seguinte, apresentando o lado B do disco “E.MO.TION”, com algumas das canções que não integraram o hinário e, ainda assim, poderiam agradar seus fãs. Todo composto por descartadas, o material consegue ser ainda mais interessante que muitos discos lançados no mesmo ano. – Tintel
Pra testar: “Cry”, “Higher” e “Fever”.
22. Broods, “Conscious”
O som pop alternativo do disco de estreia do Broods, “Evergreen”, pouco mostrava ao que os irmãos vinham, repetindo bastante uma fórmula que seu produtor, Joel Little, já havia explorado ao máximo com a revelação daquela época, Lorde, mas eis que, em seu novo trabalho, a dupla se encontrou dentro de uma sonoridade tão mais comercial quanto autêntica, que resultou num disco mais sólido, coeso e interessante que seu antecessor. – Tintel
Pra testar: “Hold The Line”, “All Of Your Glory” e “Full Blown Love”.
21. M.I.A, “AIM”
Na contramão dos cuidados tomados no disco “Matangi”, o provável último trabalho da carreira de M.I.A. reflete o seu cansaço da indústria atual, sem deixar perder o senso de novidade que, desde seus primeiros materiais, a manteve à frente de qualquer outra estrela pop – título esse que ela não pensaria duas vezes em recusar. “AIM” é controversamente impactante, político e dançante, passeando do funk brasileiro ao batidão africano, com momentos que remetem as suas primeiras parcerias com Diplo, que até faz uma ponta no remix de “Bird Song”. – Tintel
Pra testar: “Borders”, “Go Off” e “A.M.P. (All My People)”.
20. dvsn, “SEPT 5TH”
The Weeknd fez um ótimo trabalho enquanto cantava sobre sexo no disco “Beauty Behind The Madness”, com uma maturidade que já não ouvíamos com o R&B nas rádios há algum tempo, mas bastou chegar o disco de estreia do duo contratado pelo Drake, dvsn, pra que Abel perdesse o seu posto. “SEPT. 5th” é um disco extremamente adulto, mas nada vulgar, no qual temos refletida em cada uma de suas letras a experiência de seus integrantes, contrastada com a leveza e sensação de novidade oferecida por seus arranjos, que vão do alt-R&B ao trip-hop. – Tintel
Pra testar: “With Me”, “Hallucinations” e “Angela”.
19. Glass Animals, “How To Be A Human Being”
Quando um artista lança um álbum de estreia brilhante, a pressão para o amaldiçoado segundo álbum pode fazer com que as coisas desandem, e aquele brilhantismo de outrora soe pura sorte. Felizmente, esse não foi o caso do Glass Animais. No disco “How To Be A Human Being”, os britânicos trazem, como o título sugere, um som mais humano e letras mais acessíveis, todavia, sem abandonar a sonoridade tropical e vocais estranhamente cativantes que marcaram o disco “Zaba”. Não há nada que soe como Glass Animals atualmente. – Gustavo Hackaq
Pra testar: “The Other Side of Paradise”, “Youth”, “Pork Soda”.
18. JoJo, “Mad Love.”
A gente esperou dez anos para colocar os assuntos em dia com JoJo e, quando finalmente tivemos essa oportunidade, fomos agraciados por um álbum repleto de conclusões, pontos finais, sem tempo para mais nenhuma reticência. “Mad Love.”, segundo a própria cantora, conta histórias que marcaram sua vida nos últimos anos, e, com poucas participações, apresenta uma sonoridade que vai do pop ao R&B sem grandes esforços. – Tintel
Pra testar: “I Can Only”, “Like This” e “Clovers”.
17. Alicia Keys, “HERE”
2016 foi um ano e tanto para a música negra, que quebrou inúmeras barreiras, representada por nomes que foram de Beyoncé ao Frank Ocean, e sem perder tempo, Alicia Keys aproveitou o momento para se redescobrir, apresentando, de madeixas soltas e pouca maquiagem, o seu álbum mais político, honesto e pessoal até aqui. Ela se dizia em chamas no CD “Girl On Fire”, mas é em “Here” que sentimos sua música ferver. – Tintel
Pra testar: “She Don’t Really Care_1 Luv”, “Girl Can’t Be Herself” e “In Common”.
16. Rihanna, “ANTI”
Quando se permitiu ir além dos hits, Rihanna descobriu todo um lado inexplorado de sua musicalidade, no qual conseguiu encaixar até um cover de Tame Impala. Em seu anti-disco, a cantora encarna uma persona mais séria, centrada em fazer boa música, e ainda que se perca vez ou outra, demonstra bastante maturidade, numa oportunidade de aprender mais do que é capaz e ensinar isso ao seu público.
Pra testar: “Consideration”, “Same Ol' Mistakes” e “Love On The Brain”.
15. Britney Spears, “Glory”
Os fãs da eterna princesa do pop nem precisaram fingir: Britney Spears lançou um dos álbuns pop mais fodas do ano. “Glory” é um disco glorioso, com o perdão do trocadilho, e confirma em seu conteúdo a benção presente no seu título, que quase o intitula como o novo testamento da cantora. Reinventando suas fórmulas clássicas para as rádios atuais, Britney nos entrega seu melhor trabalho desde “Circus” (2009) e, independente do desempenho nas paradas, cumpre o famigerado retorno que seus fãs tanto esperavam. – Tintel
Pra testar: “Slumber Party”, “Liar” e “If I’m Dancing”.
14. Jack Garratt, “Phase”
Uma versão mais descolada do Sam Smith, Jack Garratt fez seu hype valer a pena com o disco de estreia “Phase”, lançado em meio ao tumulto que estava a sua carreira, após ter sido aposta da BBC e cumprido uma série de festivais Reino Unido afora. Enquanto o disco “In The Lonely Hour”, do Sam, nos afundava naquela bad que nem imaginávamos sofrer, o “Phase” do Garratt serve mesmo para nos levantar, com arranjos pop desconstruídos e vocais que, sem dúvidas, parecem ter saídos de algum remix do Disclosure. – Tintel
Pra testar: “Far Cry”, “Wheathered” e “Worry”.
13. The Knocks, “55”
A EDM teve uma ascensão significativa nos últimos anos, enfim, voltando a dominar as rádios e paradas, mas, com todo esse sucesso, também aconteceu de grandes hits se tornarem cada vez mais genéricos e, com isso, o gênero sofresse com uma enorme falta de novidades. Nesse meio, quem vai contra a maré, merece o seu reconhecimento e, em 2016, um disco que fez a sua parte nesse quesito foi o material de estreia do The Knocks, “55”. Seu pop passeia entre o dance para às pistas e para às rádios, com influências que vão do funk ao alt-pop, além de inúmeras participações especiais. – Tintel
Pra testar: “Tied To You”, “Love Me Like That” e “Purple Eyes”.
12. Lady Gaga, “Joanne”
Se a espera foi grande, as especulações e murmúrios foram ainda maiores. O público ansiava por um disco em que Lady Gaga voltasse aos tempos do pop chiclete de “The Fame” e, com Mark Ronson na dianteira, “Joanne” se tornou mais um disco para a lista de divas pop fora da sua zona de conforto, nos revelando um lado ainda mais íntimo de Gaga, com músicas que vão do country ao dance-rock, pensadas em estruturas inegavelmente pop. Antes de novos hits, tudo o que ela queria era nos lembrar que é uma das maiores artistas de sua geração. – Allan Correia
Pra testar: “John Wayne”, “Diamond Heart” e “Dancin’ In Circles”.
11. Foxes, “All I Need”
Desde a primeira vez que escutamos o segundo álbum da cantora Foxes, “All I Need”, sabíamos que voltaríamos a falar dele no final do ano por essa lista. Apesar do fracasso comercial, semelhante ao que assistimos com Carly Rae Jepsen e o maravilhoso “E.MO.TION”, o novo trabalho da inglesa apresenta uma evolução extrema ao que conhecemos em seu primeiro CD, “Glorious”, com uma produção convidativamente pop, que carrega dos ótimos refrãos aos arranjos que, em qualquer disco da Katy Perry, fariam um verdadeiro estrago nas paradas mundo afora. Todos os dias, antes de dormir, pedimos por um mundo que reconheça o valor desse hinário. – Tintel
Pra testar: “Body Talk”, “Better Love” e “Devil Side”.
10. AlunaGeorge, “I Remember”
Se o álbum de estreia do AlunaGeorge, “Body Music”, consagrou a dupla com uma sonoridade que passeava do R&B ao neosoul, seu novo trabalho, “I Remember”, os catapulta diretamente ao cenário pop que foram apresentados pelos hits com DJ Snake e Jack Ü, mas sem se deixar cair na obviedade, como seus singles iniciais sugeriram. Apesar do breve intervalo desde o trabalho anterior, o segundo álbum de Aluna é um ousado e bem-sucedido passo que ruma para ares ainda maiores. – Tintel
Pra testar: “Full Swing”, “Not Above Love” e “Mediator”.
09. Bruno Mars, “24K Magic”
Passados tantos hits, Bruno Mars se permite priorizar o conjunto em “24K Magic”. O resultado não poderia ter sido melhor, sendo esse seu disco mais curto e harmônico até aqui, no qual temos o cantor transbordando as inspirações em Michael Jackson, James Brown e Prince, numa ode ao groove oitentista, com margem para suas habituais fórmulas radiofônicas, sem se deixar levar por receitas de fácil digestão. É neste disco que temos os melhores registros vocais de Mars e, entre tanta sensualidade, sexualidade e romantismo, uma evolução sonora que o torna facilmente comparável aos que te influenciaram. – Maicon Alex
Pra testar: “Versace On The Floor”, “Chunky” e “That’s What I Like”.
08. Solange, “A Seat At The Table”
Enquanto Beyoncé busca por meios de tornar o seu discurso cada vez mais abrangente, o que inclui sonoridades que passeiem por todos os gêneros possíveis, de forma bem apurada e, ainda assim, comercial, sua irmã se permite algo mais classudo, sutilmente grandioso. Quando nos sentamos à mesa com Solange, o que temos é uma sincera e poética conversa sobre empoderamento negro, carregada pelo R&B em suas mais variadas essências. O resultado é um conjunto que, antes de qualquer coisa, exige a total atenção de seu ouvinte. – Tintel
Pra testar: “Cranes In The Sky”, “Mad” e “Don’t Touch My Hair”.
07. Ariana Grande, “Dangerous Woman”
Com o perdão do trocadilho, Ariana está mais do que pronta para brigar pelas paradas como gente grande. “Dangerous Woman” foi uma das amostras mais legitimamente pop da música em 2016 e, se aventurando por cada vez mais gêneros, Ariana se permitiu fugir das fórmulas óbvias e, gradualmente, explorar além do R&B que a colocou em exposição, nos entregando uma obra para emoldurarmos e não deixarmos de enaltecer tão cedo. – Allan Correia e Guilherme Tintel
Pra testar: “Touch It”, “Into You” e “Forever Boy/Knew Better”.
06. Blood Orange, “Freetown Sound”
Em seu terceiro álbum sob o nome de Blood Orange, Dev Hynes sente em sua música o impacto dos EUA que não apenas mata negros, mas também os gays. “Freetown Sound” é um disco que dialoga com outros como “To Pimp A Butterfly”, do Kendrick Lamar, e “Lemonade”, da Beyoncé, enquanto aborda assuntos que vão do racismo ao feminismo, trazendo muito empoderamento e, sendo esse um cuidado louvável, participações que permitem que as pessoas certas falem sobre suas lutas. Tudo isso, entretanto, é embalado por uma sonoridade que passeia pelo R&B, soul e funk, tornando essa jornada menos pesada, ainda que repleta de assuntos sérios, e até um tanto dançante. – Tintel
Pra testar: “Augustine”, “Best to You” e “Better Than Me”.
05. Frank Ocean, “Blonde”
Foi longa a espera pelo novo álbum de Frank Ocean e, quando ninguém esperava, lá estava ele e suas duas versões. “Blonde” é um registro ainda mais pessoal que seu disco anterior, “channel Orange”, e se propõe a discutir temas que vão além dos relacionamentos amorosos, passando pelas perspectivas do cantor na infância, adolescência e vida adulta, além de todos seus medos, inseguranças e sedutoras angústias. As produções sublimes evidenciam ainda mais esses sentimentos de imersão aos seus ideais românticos, filosóficos e melancólicos. Um verdadeiro massageador de 17 estágios para os ouvidos e alma. – Maicon Alex
Pra testar: “Ivy”, “Pink + White” e “Self Control”.
04. The Weeknd, “Starboy”
Foram muitas as entrevistas em que The Weeknd revelou sua admiração por Michael Jackson, contando coisas como o fato de que a música “Dirty Diana”, do clássico “Bad”, foi sua inspiração para começar a compor, e em seu novo disco, “Starboy”, essa inspiração no rei do pop fica mais do que clara. O sucessor do “Beauty Behind The Madness” é mais dançante que seu anterior, mas com letras tão obscuras quanto, e demonstra uma preocupação pouco vista atualmente quanto a qualidade dos hits pop. Michael ficaria orgulhoso. – Tintel
Pra testar: “I Feel It Coming”, “Sidewalks” e “Reminder”.
03. Kanye West, “The Life of Pablo”
Nas palavras do próprio Kanye, “não é o melhor álbum de todos os tempos, mas é um dos”. Em um dos momentos mais conturbados de sua carreira, o rapper ainda será bastante lembrado por “Pablo”, disco esse que sintetiza bem sua controversa personalidade, por letras que vão do reflexivo ao bem-humorado, passando por momentos agressivos e, inclusive, o tal verso sobre aquela tal cantora. Apesar de todo seu perfeccionismo, é neste álbum que Kanye se permite lançar uma obra inacabada, repleta de recortes e correções que acompanhamos ao longo do ano, carregando ainda vocais de Nina Simone, Rihanna, Sia e até Frank Ocean. – Tintel
Pra testar: “Ultralight Beam”, “Famous”, “I Love Kanye”.
02. Beyoncé, “Lemonade”
Não é preciso comprar prêmios ou derrubar aviões quando se é Beyoncé. Ninguém esperava que a cantora pudesse superar o impacto do seu álbum visual de 2013 e, nos surpreendendo outra vez, Queen B fez valer todo o apreço por seu trabalho com o disco mais maduro de sua carreira, no qual aborda da importância do feminismo negro à luta contra o racismo, com a famigerada traição de Jay Z sendo usada para costurar todo esse discurso. “Lemonade” é mais que um álbum, é um marco na sua carreira e na cultura pop moderna. – Tintel
Pra testar: “Don’t Hurt Yourself”, “6 Inch” e “Daddy Lessons”.
01. Chance The Rapper, “Coloring Book”
Se seu álbum favorito do ano não se chama “Coloring Book”, o mais provável é que você ainda não tenha o escutado. Três anos após a mixtape o lançamento da mixtape “Acid Rap”, que o tornou uma das grandes apostas do hip-hop, Chance The Rapper retorna com um dos trabalhos mais singulares e ousados do ano, combinando suas ágeis e despretensiosas rimas com arranjos que vão da música pop ao gospel afro-americano. Um disco para ninguém botar defeito e que, entre outras coisas, justifica o fato dele ser admirado por artistas fodas como Kanye West, Beyoncé e Madonna. – Guilherme Tintel
Pra testar: “No Problem”, “Blessings” e “How Great”.
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