Enfim chegamos, a última
review do nosso especial da 85ª edição do maior prêmio cinematográfico do
mundo, o Oscar. Depois de muito babado, confusão, tiroteio, amores e gritaria
com os oito filmes (e suas reviews, principalmente, risos), o último
concorrente ao Oscar de “Melhor Filme”, mas não menos importante, é Os Miseráveis (Les Misérables, 2012),
do diretor Tom Hooper. Aqui vão as razões para você amá-lo e, quem sabe,
começar a amar musicais, um gênero ainda visto com estranheza pelo grande
público.
Esta minha colocação final
pode ser percebida por mim ao falar do filme em questão. Quando eu dizia que Os Miseráveis se tratava de um musical,
muitos perdiam o encanto e até mesmo deixavam de assisti-lo. Porém, eu até
consigo entender isso. Pra começar, existem dois tipos de musicais. Aqueles que
os números são intercalados com a história, como por exemplo, o meu musical
favorito de toda a história da raça humana, Rocky Horror Picture Show, ou o mega clássico Cantando Na Chuva. Aqui tem toda a estrutura fílmica convencional,
com as músicas introduzidas entre os atos. Agora existe outro tipo, o que o
filme é inteiramente um musical, como é o caso de Os Miseráveis. Ele tem umas
cinco falas, apenas. O resto é tudo cantado. TUDO. Isso causa algo ruim: quando
há somente dois atores em cena, conversando, soa terrivelmente falso e tosco eles
dois cantando um pro outro, mas isso é compensando com os números em grupo.
Mas que falta de educação,
eu não apresentei o filme a vocês! Os
Miseráveis é uma das adaptações para o cinema da obra clássica de Victor
Hugo. Vou copiar e colar agora a sinopse para sermos mais práticos. O filme “narra
a busca do implacável inspetor Javert (Russell Crowe), oficial da lei que
precisa recapturar um fugitivo chamado Jean Valjean (Hugh Jackman), ladrão
acusado de roubar comida para alimentar sua família e que, ao mudar de
identidade para tentar escapar, passa a cuidar de uma fábrica que contrata
Fantine (Anne Hathaway)”.
O filme foi dirigido por
Tom Hooper. Caso esse nome não soe familiar, ele é o ganhador do Oscar pelo blérgh
ao cubo O Discuro do Rei, Oscar
esse dado injustamente, mas não vamos chorar pelo homem careca dourado
derramado. Os mesmos maneirismos que Hooper utiliza no seu filme anterior são
repetidos aqui. Os Miseráveis é
tresloucadamente perfeito. É tudo no lugar, tudo lindo, cada milímetro medido
para soar incrível na tela, cada grão de poeira da roupa dos miseráveis
habitantes daquela França decadente (magicamente representada pela direção de
arte, que é crível ao mostrar a pobreza, a desordem e o caos daquela época),
tudo. Só que a história, os personagens e o desenrolar de Os Miseráveis conquista e encanta, ao contrário de O Discurso do Rei, por isso essa mão
filhinho-da-mamãe e almofadinha do diretor não incomoda aqui.
O melhor do filme não é o
visual impecável. São as atuações. Hugh Jackman, nosso eterno Wolverine, dá um
show de atuação, digna da sua indicação ao Oscar e do prêmio de “Melhor Ator –
Musical ou Comédia” no último Globo de Ouro. Como são muitos atores, deixa eu dar
uma resumida antes de apontar os ruins (e a melhor atuação). Amanda Seyfried
(Cossette), Sacha Baron Cohen, Helena Bonham Carter (Monsieur e Madame
Thénardier) e Eddie Redmayne (Marius), maravilhosos. Principalmente a dupla
Baron Cohen e Bonham Carter, extremamente espirituais e cheios de um rancor
sujo belíssimo.
Os ruins. Samantha Barks, que interpreta Éponine, é uma cantora
que que ficou em 3º lugar no reality show “I’d Do Anything” da BBC do UK. Na
hora de cantar, Barks se sai muito bem. Mas na de atuar... ela soa totalmente
perdida. Não foi verdadeiramente ruim, só irregular, não passando o amor
devastador que ela sentia por Marius. E o Oscar de “Melhor Atuação Com O
Botãozinho De ‘Foda-c' Ligado” goes to... Russell Crowe! O ator parece que não dá
a mínima para o filme, com a mesma cara causadora de dores nos rostos dos expectores
(a minha doeu no final da sessão de tanta careta que eu fazia ao vê-lo na tela)
o filme inteiro. Um horror. Agora, a melhor atuação, o deleite, a apoteose:
Anne Hathaway, diva, linda, poderosa, sambista, vai ganhar seu primeiro Oscar
pela atuação, e já saiu dando uma de Adele e comendo todos os prêmios que
concorreu, incluindo o Globo de Ouro de “Melhor Atriz Coadjuvante”. Mas por que
ela está tudo isso? Além de ser a estrela da melhor cena de todo o filme (ela
cantando o clássico I Dreamed A Dream
<3333), que arranca lágrimas e destrói qualquer um, o filme tem quase 3
horas de duração e Anne aparece somente por uns 20 minutos, e o personagem dela
é o mais lembrado no término. Poder, luxúria, ryqueza, esse Oscar já é seu
minha delícia <3.
Apesar de a história ser
bem conhecida, deve ter pessoas que não conhecem as reviravoltas (eu não
conhecia algumas), então é bom eu parar por aqui. Só para comentar um último
samba do filme, todas as cenas, eu repito, TODAS as cenas são com os cantores
cantando AO VIVO. Nada ali é playback, pré-gravado, tudo no gogó na frente da
câmera, e esse é o primeiro filme a se arriscar assim. Bejão para quem é lindo,
para quem ganhou o Globo de Ouro de “Melhor Filme – Musical ou Comédia” e para
quem concorre em 8 categorias do Oscar (Melhor Filme, Melhor Ator – Hugh Jackman,
Melhor Atriz Coadjuvante – Anne Hathaway, Melhor Figurino, Melhor Canção
Original – Suddenly, Melhor Mixagem
de Som, Melhor Design de Produção – antes chamado de Melhor Direção de Arte – e
Melhor Maquiagem e Penteado). Caso você ainda não tenha se convencido a amar Os Miseráveis, vá ao cinema só para ver
Hathaway cantando I Dreamed A Dream.
Vale o filme inteiro.
Todas as reviews do nosso especial:
- A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow.
- As Aventuras de Pi, de Ang Lee.
- Amor, de Michael Haneke.
- Argo, de Ben Affleck.
- Django Livre, de Quentin Tarantino.
- Lincoln, de Steven Spielberg.
- O Lado Bom da Vida, de David O. Russell.
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