O produtor Diplo disse algumas verdades sobre o Daft Punk, a internet e seus fãs... e vocês deveriam ler!

Ah, a internet, o lugar onde todos sabem e conhecem bem essa história de bom-senso, educação e liberdade de expressão, mas só utilizam quando lhes convém. Vira e mexe, nos pegamos explicando uma simples piada aos mínimos detalhes e justamente porque poucos sabem lidar com algo que não concordam e é justamente sobre isso que o produtor Diplo, atualmente por trás dos próximos discos de Britney Spears e Miley Cyrus, falou em uma carta aberta, divulgada em seu Facebook.

Só pra que entendam o andar da carruagem, quando a dupla francesa Daft Punk lançou seu novo disco, "Random Access Memories", para streaming, todos só eram mil elogios sobre o quanto o material era genial, incrível, inovador e bla bla bla, mas Diplo resolveu ser sincero e soltar algumas palavras sobre o que realmente achou do álbum no Twitter. E vocês sabem, se sua opinião não é a mesma que da massa, você está errado. Como consequência, diversos fãs da dupla francesa e outros que só acham legal dizer que escuta Daft Punk, mesmo sem conhecer nem o "Human After All", cairam em cima do produtor e, aproveitando o bafafá que isso renderia, diversos blogs/sites especializados em música também botaram lenha na fogueira.

Diplo falou, público achou ofensivo e mandou apagar, mas ele fez melhor e, em vez de voltar atrás, inventar que seu Twitter foi hackeado ou suas palavras distorcidas/mal interpretadas, ele falou outra vez e o que temos desta vez é a carta abaixo:

"[...] Vou lhes contar uma história. Meu poeta favorito é o William Blake. Quando eu era mais novo, tinha um professor que não gostava de suas poesias, sua opinião era que ele não deveria ser tão reverenciado e colocado lá em cima pelos outros. Eu não entendia nem metade do que William escrevia, mas gostava das palavras, amava os desenhos que vinham com seus poemas e a forma com que as frases me faziam lê-las 4 ou 5 vezes, até que meu cérebro enrolasse. Pra mim, William Blake era tudo ou nada, mas eu ia sair da escola porque meu professor não gostava dele? Claro que não, também não estava disposto a argumentar com ele, não me importava. Isso era entre mim e William, a opinião do professor não importava.

O fato é que ele ter uma opinião tornava a minha mais válida, porque eu decidi por conta própria do que gostava e mantive esse pensamento. Nada me influenciou e espero que vocês também pensem assim e estejam certos sobre o que pensam ou sentem por dentro. [...] Minha música favorita do Daft Punk de todos os tempos é 'Make Love', do último CD, e não as bangers, como vocês esperavam, mas a sutileza deste registro que é incrível. Amo sua produção! Também achei o novo álbum bom, minha favorita é 'Doing It Right' com o Panda Bear e acho que é minha música favorita deste ano... Meus tweets foram sarcásticos, meios de comunicação sociais pra mim são mais que performances artísticas. [...] Quando escutei Daft Punk pela primeira vez, estava na minha adolescência e indo para minhas primeiras festas que tocavam músicas dançantes — e sem palavras —, era um novo mundo pra mim.

[...] Talvez eu seja uma negação, porque estou velho, mas esse álbum é, obviamente, pra quem gosta de curtir a brisa passeando com seu cachorrinho enquanto fuma um cigarro em Malibu... eu não curto. [...] Não preciso do Daft Punk pra lembrar da minha idade e ainda gosto de virar as coisas do avesso e fazer muito barulho. Quando faço declarações no Twitter, costumo pensar que são apenas pra mim, mas elas sempre acabam em blogs de boatos ou fofocas. Se você me conhece pessoalmente, sabe que não sou um completo babaca, mesmo que minhas ex-namoradas pensem assim. Eu também sei que não publicarão essa carta em páginas sobre música, mas publicaram algumas linhas do meu Twitter em menos de uma hora e por que? Porque isso causa controvérsias e é divertido, trazendo leitores aos sites e provavelmente aumentando seu tráfego. Sou muito bom nisso, ser desagradável. Concordo com tudo o que o Daft Punk disse para a Billboard, é exatamente assim que me sinto quanto a música eletrônica mainstream.

Mas para esses fãs que me odiaram por ter uma opinião, isso é apenas ignorância. Também não acho que nenhum maníaco pelo Daft Punk lerá isso [a carta], eles só me viram como um DJ amargo com ciúmes da dupla. Provavelmente, só me jogaram no Google e escreveram em meu Facebook, pois foi essa a forma que encontraram de mostrar amor ao Daft Punk. Duvido que eles tenham sequer pensado em meu sarcasmo, 95% do meu Twitter é isso, me divirto com as redes-sociais usando-as incorretamente. Mas realmente estou com ciúmes do Daft Punk, porque seus fãs os defendem cegamente quando alguém diz não gostar de algo. Sim, sério! Ninguém boicotou o Pitchfork ou Philly Weekly quando eles acabaram com o último álbum do Major Lazer! Cadê meus fãs?! Brincadeira, eu adoro crítica negativas, pois elas me fazer trabalhar mais e pensar melhor sobre minha música. Mesmo sabendo que você sempre se arrisca quando pensa sobre elas...

Enfim, se você realmente se importa com música e não apenas com essas merdas e fofocas percebidas por blogs, e leu esse texto, eu te agradeço. Muito obrigado!"

Lemos, concordamos e, mesmo preenchendo muitas vezes esse papel de blog sobre celebridades, publicamos. Por nada, Diplo. Caso queiram ler a carta na íntegra (sim, ela é maior), aqui está!