Review: o "The 20/20 Experience II" do Justin Timberlake é enlatado, mas funcional

Na falta de um novo disco nos últimos seis anos, Justin Timberlake trouxe logo dois em 2013. Na primeira parte da intitulada The Experience 20/20, o cantor prometeu um trabalho de sinestesia e assim o fez, com um disco em que traz de volta às rádios uma qualidade sonora que já não escutávamos há muito tempo, mas toda a ladainha e ausência de coisas realmente radiofônicas fizeram com que muitos questionassem por onde estava aquele fogo que esperaram ao pensar numa volta do dono de “Sexy Back”, “Rock Your Body” ou baladas como “Cry Me A River”.

Ciente de que para muitos talvez a aceitação do estilo mais classudo do The 20/20 nunca chegasse, Justin saiu na frente e logo prometeu a sequência para o novo disco, que era na verdade o que todos aguardavam como a primeira e única parte deste retorno. Prevista pra sair em novembro, a segunda parte do “The 20/20 Experience” chegou ao mundo mais cedo por motivos de: Robin Thicke, mas ao mesmo tempo que anima por trazer de volta Justin Timberlake e Timbaland apenas sendo aquela dupla que já amávamos em outrora, nos preocupa pela forma com que os dois conseguem soar genéricos e enlatados trabalhando juntos depois de tantos anos.

Por mais que tenha parecido bem errada de início, a escolha de “Take Back The Night” como primeiro single do novo álbum foi genial. Ela é a única no disco que traria uma boa impressão quanto a transição entre a primeira e segunda metade do cd. Perfeita pra se ouvir seja vestindo terno e gravata ou com um traje social básico, numa festa que poderia tocar qualquer canção de outros discos do cantor. “TKO”, o segundo single, é o que nos preocupa de verdade. Prometida como uma mistura de “What Goes Around... Comes Around”  e “Cry Me A River”, ela é tão genérica que mais parece outra tentativa do Justin Bieber soar como o Timberlake e é nesse clima que caminhamos durante grande parte do álbum.

Sem tirar seus créditos, o disco tem lá suas músicas incríveis. A obscuridade cômica de “True Blood”, por exemplo, nos remete ao single de ouro do Michael Jackson, “Thriller”, além da demo “Aura”, da Lady Gaga, em seus “ra-ra-ra, ra-ra-ra, ra-ra-ra-ra”. O repeteco com Jay-Z em “Murder” faz com que questionemos as participações de Kanye West, Timbaland, Mila Kunis, Kim Kardashian e Beyoncé nesse heptágono amoroso, e outra parceria que também faz com que “The 20/20 Experience – Part 2 of 2” tenha um lugar especial em nossos corações é “Cabaret”, com o rapper Drake. Sabe-se lá a razão, pouco foi falado sobre essas colaborações, mas elas são as grandes razões por esse álbum não passar despercebido enquanto escutamos a discografia do cara.

Outro momento em que “The 20/20 II” se torna grande é quando Justin Timberlake se esforça para surpreender os que queriam mais que outro “Justfied”/”Future Sex, Love Sounds”, como nas deliciosas “Drink You Away” e “Only When I Walk Away” ou na genérica mas da letra funcional “Not A Bad Thing”, que se encaixa facilmente nos que dissemos sobre soar como o Bieber tentando parecer o Timberlake, mas nos vence seja pelo cansaço (ela tem mais de 11 minutos, rs) ou pela possível resposta a “Everytime” da Britney Spears em seus minutos finais.

No geral, “The 20/20 Experience – Part 2 of 2” pode ser concluída como uma experiência bem-sucedida. O disco parece mais uma sequência de “Mirrors” do que do “The 20/20 I” em si, mas traz justamente o que os fãs e não fãs do príncipe do pop esperavam desde quando ele deu os primeiros indícios de um novo material, láaaa antes de “Suit and Tie”. Talvez a falta de novidades possa o atrapalhar mais pra frente, pois logo vão notar a forma genérica com que todo esse material soa se comparado aos seus antecessores, mas é isso o que seu público queria, então foi o que Justin deu. Aliás, a primeira parte do disco e algumas faixas desse álbum ainda provam que, quando quer, ele surpreende.