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A vida e morte de "Britney Jean": por que o novo álbum de Britney Spears se tornou um erro?


O oitavo álbum de Britney Spears, o auto-intitulado "Britney Jean", foi lançado mundialmente dia 04 de dezembro, e veio envolto de muita expectativa, afinal, um álbum da Princesa do Pop já carrega muita coisa por si só. Isso já era quase uma garantia de sucesso, afinal, "Britney Spears" além de artista é uma marca, e das poderosas. Seu nome consegue alavancar quase tudo que toca (exemplo maior que "Scream & Shout" do will.i.am não há), porém algo estranho aconteceu com o "Britney Jean": ele não está se saindo como o esperado. E qual o motivo disso?


Podemos enumerar algumas razões para o baixo rendimento do álbum, alguns mais diretos do que outros. Começa pelo seu visual: a capa é simples demais, o nome é batido (auto-intitulação em 2013 foi febre, "Demi", "Ciara", "Avril Lavigne" são alguns exemplos), nada que chame a atenção de alguém que passa numa loja ou mesmo rola a página do Facebook - você vê a capa e passa direto (e ela já tinha lançado o "Britney", pra que outro com seu nome?). Todo artista acha que são seus fãs que fazem seu sucesso em vendas; claro, eles são absurdamente importantes, mas a maior parte das vendas vêm de NÃO FÃS, e é nisso que vários artistas pecam, já que eu, como não fã, tenho que ser convencido a comprar aquele material, e, com uma capa dessas, a última coisa que alguém vai fazer é se interessar.


O álbum foi descrito pela cantora como "o mais íntimo da carreira"; ela, inclusive, co-escreveu todas as faixas (o mais próximo que isso aconteceu foi com o "In The Zone"). Apesar de não ser o seu álbum mais "pessoal" no fim das contas ("Blackout", considerado por muitos o melhor da loira, é muito mais sincero, tratando da fase conturbada de maneira pop maravilhosa -"Piece of Me" não poderia ter outra dona do mundo, é uma música Britney sobre Britney), "Britney Jean" é o "Unapologetic" da Spears, um álbum com todas as "Britneys". Entretanto, se é (ou deveria ser, no caso em questão) o mais íntimo, consequentemente seria "voltado" para os fãs, certo? 

Na opinião da crítica, o álbum tem recebido opiniões muito medianas. No "Metacritic", "Britney Jean" é o álbum com a pior nota da cantora, um ralo 50/100 (a nota mais alta é para o "Oops!...I Did It Again", 72/100). Uma das críticas fala "Ouvindo esse álbum do início ao fim é difícil não sentir que o fundo dessa gratificação barata nada mais é que miséria" (e tem outras bem piores).

No debut, o álbum foi aquém de todas as previsões. No Reino Unido debutou em #34 com 12,959 cópias (seu mais baixo desempenho na terra da Rainha havia sido um #13 com o "In The Zone"). Nos Estados Unidos o álbum estreou em #4, com 107.000 cópias, o pior desempenho na primeira semana de um álbum dela por lá. Vamos analisar o desempenho dos outros:
"...Baby One More Time": #1 na Hot 200, 121.000 cópias na primeira semana.
"Oops!...I Did It Again": #1 na Hot 200, 1.300.000 cópias na primeira semana.
"Britney": #1 na Hot 200, 745.000 cópias na primeira semana.
"In The Zone": #1 na Hot 200, 609.000 cópias na primeira semana.
"Blackout": #2 na Hot 200, 290.000 cópias na primeira semana.
"Circus": #1 na Hot 200, 505.000 cópias na primeira semana.
"Femme Fatale": #1 na Hot 200, 276.000 cópias na primeira semana.
"Britney Jean": #4 na Hot 200, 107.000 cópias na primeira semana.
Devemos levar em conta o início da "era digital", que começou por volta do "Blackout" (que bateu o recorde de vendas digitais na época), ou seja, a tendência é que as vendas caiam mesmo - em 2000, quando o "Oops!...I Did It Again" foi lançado, ou você comprava o álbum ou ficava sem ouvir, coisa impensável hoje em dia. Então o que devemos pensar? Britney está acabada? Porque as "concorrentes" venderam muito mais na primeira semana (e pegaram o famigerado #1).

Não, não e não. É impossível comparar o desempenho de álbuns que foram lançados em semanas diferentes, afinal, cada semana tem uma vendagem geral totalmente diferente da outra. Um álbum lançado hoje que vende 100.000 cópias pode debutar em #2; o mesmo álbum, debutando com a mesma vendagem só que na semana seguinte poderia debutar em #1. Qual a diferença então? Nenhuma. Aliás, pra que comparar mesmo? Um álbum só é bem sucedido se pegar o #1? Mas sim, as vendas do "Britney Jean" foram baixas e decepcionantes, tanto pelos motivos já citados quanto pelos que comentaremos agora. 

"Work Bitch", o lead-single do álbum, foi a club banger que prometia destruir os charts, só que não funcionou. Com peak de #7 no UK e #12 no US, a faixa tentou bastante sobreviver no iTunes, conseguindo apenas colocações mais baixas da tabela. A principal razão é a absurda falta de divulgação. Enquanto Lady Gaga, Katy Perry e Miley Cyrus, todas com álbuns lançados no mesmo período, suavam o bumbum com entrevistas, aparições, performances, colocando seus singles nos classificados do jornal e tudo mais, Britney não moveu um dedo. Claro, a culpa não é só dela, a gravadora, a RCA (tinha que ser) não colabora em quase nada. A faixa acabou no esquecimento. Seu videoclipe, super divertido, ajudou a colocá-la de volta sob os holofotes, entretanto não foi o suficiente para disputar atenção.

#suando #pra #hitar
Aí como não deu certo a fórmula dance, Britney foi para o extremo oposto e lançou "Perfume" como segundo single, todavia a situação piorou. Enquanto "Work Bitch" tinha o apelo das pistas de dança, "Perfume" soou como uma balada água com açúcar sem a menor força (peak de #76 no US e nem sinal no UK). O clipe, clichê e quase um "Criminal 2.0" também não deve ajudar muita coisa, então mais uma frustração.


Ainda há salvação para o álbum? Há sim. "Alien", "Body Ache" e "Tik Tik Boom (feat. T.I.)" são faixas excelentes que bem trabalhadas podem dar ótimos singles e levantar a moral do álbum, contudo, levando em conta o histórico recente da RCA com álbuns mal sucedidos, o futuro do "Britney Jean" pode ser o "arquivamento" ("Warrior" da Ke$ha, "Trespassing" do Adam Lambert, "Lotus" da Christina Aguilera, todos com trabalhos encerrados cedo demais graças ao "flop" inesperado, que ironicamente tem grande peso da própria RCA, péssima em divulgação).

Com toda essa falta de cuidado de Britney e sua equipe fica parecendo que ela não está dando a mínima para o álbum. É só olhar o nome da série de shows que ela fará em Las Vegas, "Britney: Piece of Me". Nomes de turnês e shows com algum álbum de apoio sempre recebem ou o nome do próprio álbum ("The Femme Fatale Tour") ou algo que remeta ao mesmo ("The Onyx Hotel Tour"), então por que intitular o atual espetáculo com o nome de uma música "antiga"? E por que não uma turnê mundial? Tudo isso ajuda a fase baixa da cantora, que parece não amar seu próprio álbum da mesma forma que as suas amigas do pop, algo que deixa uma impressão bem ruim.

Mas afinal, o que diabos tudo isso significa na verdade? Nada. Nadinha. Você como fã deve apoiar a cantora, comprar o álbum, ouvi-lo, mandar aquela farofa delícia pros amigos fazerem a coreografia e afins. E isso vale pra qualquer fã de qualquer artista. Ser fã é casar. Você tem que estar do lado do ídolo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Claro, não é o mesmo que ficar cego e amar tudo que ele faça, achar tudo perfeito, pelo contrário, é ser crítico dele mais do que de qualquer outro, porque você o conhece bem. Ser fã é saber reconhecer o erro, e sim, queridos, "Britney Jean" é cheio deles, o que é uma pena. Então Britney, amiga, you betta work, bitch. Se continuar assim você estará justificando o fracasso, e nem você nem seus fãs merecem isso.

P.S.: Parem de colocar a culpa dos erros do "Britney Jean" no will.i.am. A culpa é da equipe inteira, da gravadora até à própria Britney.

disqus, portalitpop-1

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