Se já não tivéssemos começado uma matéria sobre a Britney Spears desta forma, a primeira linha desse artigo seria sobre a Beyoncé ser foda. Nesse ano ela foi atração do Superbowl pra não promover coisa nenhuma, mais tarde participou de enésimas ações publicitárias, como as da Pepsi e H&M, também esteve na trilha-sonora de “O Grande Gatsby” e “Epic”, respectivamente com uma versão para “Back to Black” da Amy Winehouse e a até então inédita e composta pela australiana Sia, “Standing On The Sun”, saiu com uma turnê que mais pareceu fazer justiça ao disco “4” que anteceder algo novo oficial e, paralelamente a isso, ainda rolaram os lançamentos descompromissados de “Bow Down”, “I Been On” e “Grown Woman”, todas canções sem nenhum destino definido, mas depois de tantas perguntas quanto ao seu novo álbum, eis que Beyoncé economiza nos discursos e promessas, trazendo o que seus fãs queriam de uma só vez: todo o tempo de trabalho duro resumido em algumas horas de download. Uma era produzida em cerca de um ano à mercê do público para ser consumida em menos de um dia.
“Pretty Hurts” – dirigido por Melina Matsoukas
Parece loucura, mas rolou. Se mostrando a artista mais bem preparada de todas essas divas atuais para um público cada vez mais sedento por novidades, Queen B lançou de uma só vez seu novo disco, autointitulado “Beyoncé”, composto por 14 canções e acompanhado por, pasmem, 17 novos videoclipes. Não teve caminhão nas ruas, mil e um teasers pra cada uma de suas canções. Absolutamente nada previamente anunciado. Ele só saiu e se saiu bem. No disco, Beyoncé vem acompanhada por nomes de peso, Pharrell Williams, Timbaland e Justin Timberlake são alguns dos produtores, Ryan Tedder, Miguel e Sia Furler estão entre os compositores, e ainda tem parcerias com Jay-Z, Frank Ocean e Drake, além das inusitadas aparições da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichi e da primeira filha da cantora, Blue Ivy. Para seus clipes, ela também não economiza. Jonas Akerlund, Melina Matsoukas, Jake Nava e Hype Williams são só alguns dos diretores envolvidos no projeto, mas o trunfo do disco, que em suas letras vai de temas como a tirania da beleza na indústria e feminismo ao monstro da fama em si, não termina aqui.
“Ghost” – dirigido por Pierre Debusschere
Explicando a razão de tê-lo lançado desta maneira, Beyoncé falou sobre sua forma de apreciar música. Ela, que já confessou conhecer um hit ao escutá-lo pela primeira vez, agora diz “ver música”, então quis fazer deste disco uma experiência completa, onde a pessoa não só escuta, como também assiste ao álbum. Todo o conceito nos remete um pouco ao discurso utilizado pelo Justin Timberlake antes de lançar o “The 20/20 Experience”, mas no fim a proposta dos dois nem é tão diferente, visto que ambos visam a revalorização da música neste mercado que favorece cada vez menos a qualidade e mais os números.
“Haunted” – dirigido por Jonas Akerlund
E aí que chegamos à outra questão que faz de “Beyoncé”, o álbum pra se ver, um dos lançamentos mais aplaudíveis desse ano, porque dizer que não faz canções para as paradas ou que faz isso pelo amor à arte, cultura, música e etc — pelo Twitter — é fácil, difícil é botar a mão no fogo desta forma, realmente arriscando algo novo e, consequentemente, botando tudo a perder.
“Drunk in Love” – dirigido por Hype Williams
Que a verdade seja dita, quando seu nome é uma marca tão forte quanto o de Beyoncé, realmente chega a ser engraçado pensar que realmente poderia dar errado, mas é assim que preferimos pensar, pois imprevistos acontecem e com um passo em falso, todo esse marketing genial poderia ter levado um ótimo disco por água abaixo.
“Blow” – dirigido por Hype Williams
EN-FIM. Ainda não escutamos o disco vezes o suficiente pra dizer se realmente é o melhor desse ano ou o melhor da carreira da Beyoncé, e mesmo se assim tivéssemos feito, ainda estaríamos sob o efeito de toda a animação pós-lançamento, o que resultaria numa crítica nem tão verdadeira ao material, mas toda a forma com que ele chegou até nós, assim como a maneira com que ele promete ficar, é muito excitante, principalmente agora que estávamos prestes a aceitar que 2013 foi o ano da Miley Cyrus.
“No Angel” – dirigido por @lilinternet
Seja muito bem-vinda de volta, Beyoncé, e muito obrigado por existir e continuar integrando esse grupo de “gente que faz”, incentivando tanta gente a, antes de qualquer Billboard ou iTunes, realmente fazer isso pela música. You run this motha.
“Yoncé” – dirigido por Ricky Saiz
“Partition” – dirigido por Jake Nava
“Jealous” – dirigido por Beyoncé, Francesco Carrozzini & Todd Tourso
“Rocket” – dirigido por Beyoncé, Ed Burke & Bill Kirstein
“Mine” – dirigido por Pierre Debusschere
“XO” – dirigido por Terry Richardson
“***Flawless” – dirigido por Jake Nava
“Superpower” – dirigido por Jonas Akerlund
“Heaven” – dirigido por Beyoncé & Todd Tourso
“Blue” – dirigido por Beyoncé, Ed Burke & Bill Kirstein
“Grown Woman” – dirigido por Jake Nava