Billboard é a mais conceituada revista de música do mundo, dona do chart que 10 em 10 amantes de música estão de olho: a Hot 100. E a Billboard é "contadora", trabalha com números - vendas, audiência, streamings e outros parâmetros para elencar quem foi melhor na semana. Isso é algo super válido e interessante - podemos assim acompanhar as tendencias musicais e mercadológicas do cenário, porém as pessoas a levam a sério demais. Brigas pipocam todos os dias na internet com argumentos (irrelevantes) tirados de suas tabelas. A que ponto chegamos?
A própria já foi acusada de incitar discórdia entre fanbases e todos sabemos que eles valorizam os artistas que estão em alta por lá. Agora foi divulgado um artigo intitulado "Uma resolução pop para o ano novo: é hora de parar com o papo de 'flop'" absurdamente urgente, esclarecedor e conscientizador sobre o mundo do "flop" que governa o pop atualmente e o transforma num verdadeiro inferno. Escrito por Jason Lipshutz, aqui está as principais partes, vocês REALMENTE devem ler tudo.
É moda fazer resoluções ambiciosas nessa época do ano, então está aqui a minha para 2014: eu resolvi parar de usar a palavra "flop" quando se trata de música. Essa palavra está pronta para ser aposentada, para nossa sanidade coletiva.
Até certo ponto, todos nós montamos na montanha-russa da música pop. Nós monitoramos os vários movimentos da carreira de um artista pop - seus singles, álbuns, tours, performances notáveis e atividades extracurriculares - como se suas vidas fossem parques de diversões. A prática de antecipar uma queda espetacular de um pico insustentável é como um coquetel de perigo e emoção... É um passeio divertido! Mas também é falso.
Sensacionalismo tragou 2013 em formas especialmente desconcertantes. Enquanto os artistas precisam usar a mídia social para se formar e se comunicar com suas fanbases, o Twitter e o Facebook também amplificam erros e acertos. Parte da diversão de twittar uma opinião sobre uma música ou álbum é que você se torna parte de uma discussão musical, e chamar algo de "acidente de trem" sempre terá mais respostas do que descrevê-la como "apenas ok". E o sentimento foi transmitido ainda mais incisivamente por Lady Gaga após o lançamento de seu último álbum, "ARTPOP", em novembro passado.
Gaga acabou de conseguir o segundo álbum #1 de sua carreira, e o primeiro single, "Applause", passou mais de três meses no Top 10 da parada Hot 100. Mas só porque "ARTPOP" estreou com 258 mil cópias vendidas depois que "Born This Way" debutou com 1,1 milhões 2011 - e porque "Applause" não chegou a #1 no Hot 100, como a faixa-título do "Born This Way" fez - as pessoas presumiram que tudo foi um passo embaraçoso e declinante para Gaga. Não importa que "Applause" contenha o gancho de Gaga mais suntuoso desde "Bad Romance", ou que estreia de "ARTPOP" seja exatamente similar com as estreias de Miley Cyrus e Katy Perry: número suficiente de pessoas (e alguns tabloides livres de fato) decidiram que "ARTPOP" não correspondeu às expectativas e deram-lhe uma morte pública.
Gaga é uma dos muitos artistas com um exército de fãs online - entidades dedicadas que promovem o artista favorito, mas que muitas vezes têm uma tendência desagradável para fazer guerras como se outros artistas estivessem "competindo" com seu ídolo. As perdas das guerras em 2013 são inúmeras: quantos Little Monsters e KatyCats sacrificaram a compostura quando "Applause" e "Roar" estavam sendo colocadas uma contra a outra em agosto? E o que fazer com os membros da Rihanna Navy que tiveram que defender a sua líder prolífica por não lançar um álbum em 2013 - uma coisa perfeitamente compreensível, depois de lançar sete álbuns em oito anos? Em 2013, todo mundo caiu, e ninguém caiu.
Isto não é um apelo à auto-desilusão: artistas pop celebrados vão lançar projetos que não funcionam e merecem ser criticados. Às vezes, uma crítica negativa pode mesmo levar à uma reinvenção positiva, como o que aconteceu com Miley Cyrus no ano passado e Madonna em cerca de três ocasiões distintas de sua carreira. Mas reconhecer um passo em falso artístico não é o mesmo que vomitar bile no músico depois de pedir o impossível e não o receber. Nos últimos dois meses eu já vi vários usuários do Twitter surrar a escolha de Katy Perry por usar "Unconditionally" como o segundo single do "PRISM", e declarar que a música é um "fracasso".
É certo que "Unconditionally" não é tão forte como sucessos de Perry na era "Teenage Dream", mas alguém pode mesmo menosprezar Perry, uma artista com oito singles #1 em pouco mais de cinco anos, por conseguir "apenas" um #14 na Hot 100 com uma balada mid-tempo? Nossas expectativas são sempre elevadas para os nossos artistas pop favoritos, por vezes absurdas. Assim, quando como "Unconditionally" torou-se um hit, mas não um smash hit, ele é classificado como um "flop". À medida que começamos um novo ano, vamos tentar sair dessa montanha-russa o quanto antes, parar com essa conversa de "flop" e ajustar as nossas expectativas para que todos, inclusive os fãs, possam ganhar.
Ficou claro ou é preciso mais? O mais gratificante, além da mensagem importantíssima transmitida por esse artigo, é o veículo em que ele foi transmitido, a própria Billboard. No artigo ainda temos uma parte falando sobre o Justin Bieber, comentando os atuais deslizes do garoto, como o desempenho fraco das músicas do "Journals" ou da bilheteria magra de "Believe", seu novo documentário.
Então vamos parar de usar a palavra "flop" como puro meio de ataque e menosprezo, né gente. Como diz Lady Gaga, stop the drama, play the music! Que a resolução de 2014 de Jason Lipshutz seja adotada por vocês. Nós pelo menos já a adotamos.
Então vamos parar de usar a palavra "flop" como puro meio de ataque e menosprezo, né gente. Como diz Lady Gaga, stop the drama, play the music! Que a resolução de 2014 de Jason Lipshutz seja adotada por vocês. Nós pelo menos já a adotamos.