[ESTE POST CONTÉM SPOILERS DO EPISÓDIO 4x03]
“Quando você joga o jogo dos tronos, você ganha ou morre. Não existe meio termo.”
Com essa máxima de Cersei Lannister para Eddard Stark (1ª temporada), começamos nossa review de “Breaker of Chains”. Ao contrário do que o título denuncia, o destaque maior aqui não foi "somente" a nossa querida Dany Natini Natili Lohana Savic de Albuquerque Pampic de La Tustuane de Bolda de Targaryen, que está prestes a tocar o terror em Meereen, mas sim o terreno que começa a ser preparado para uma segunda partida do jogo dos tronos.
Por mais que Stannis Baratheon tenha sobrevivido à Guerra dos Cinco Reis, nenhuma casa antes aliada ao seu irmão se uniu ao clã do veado em chamas. A quem não se recorda, Ponta Tempestade pertence a Casa Baratheon, mas o finado Rei Robert havia nomeado Stannis (irmão do meio) como o senhor de Pedra do Dragão, deixando Ponta para o irmão mais novo, Renly (também morto). Stannis também nunca fora o melhor dos diplomatas. Sem apoio dos antigos vassalos da casa original, ilhado em terras pouquíssimo produtivas, sem um exército/ouro e com uma raiva descomunal de todos que não aceitam a verdade, não é de menos que apelasse para a bruxaria de Melisandre e seu Senhor da Luz. É notável que ele não liga pra todo esse fanatismo religioso ou qualquer outro meio adotado, contanto que o trono de ferro seja seu.
Mas a Guerra acabou e não saiu nenhum vencedor, ou pelo menos esse não viveu por muito tempo. E as cartas já começaram a ser jogadas na mesa. Já calcula Tywin Lannister: Balon Greyjoy está furioso (Yara/Asha principalmente), já que sequer o Norte conseguiu dominar por completo e ainda perdeu Theon para o atual protetor do Norte, Roose Bolton. No leste, uma garota Targaryen possui 3 dragões e um dia irá retornar a Westeros. Hora então de formar alianças com o máximo de grandes casas possíveis, já casando imediatamente o novo rei Tommen Baratheon com Margaery Tyrell (Renly, Jof… será que agora vai?) e tentar fazer as pazes com os Martell, de Lançassolar. Tudo isso pensado no meio do velório de seu falecido neto. Aliás, que cena fantástica a conversa com o novo rei, que já demonstra ser mais manipulável por ele do que Joffrey jamais foi. No final das contas, o casamento roxo não foi um golpe tão fatal assim para a casa do leão dourado. Falo da casa como um todo e para os sete reinos… a loucura de Cersei e o que ela fará com isso já é outra história.
Por falar na loucura de Cersei, Tyrion também está em sua lista. Obviamente ele em nada contribuiu para o assassinato do rei, mas seus sempre pontuais ataques à irmã e ao sobrinho o levou a posição em que se encontra agora. Ainda que Tyrion esteja aguardando o seu julgamento, Cersei continua implacável, chegando até a pedir ao irmão/pai de seus filhos/estuprador(?) que mate o outro membro da família. Alguém chama Cristina Rocha pelo amor de R’llor. Se Sansa não tivesse fugido imediatamente do local, com a ajuda de Dontos e Mindinho, pode ter certeza que Cersei já teria ela mesmo executado Sansa com sua lixa de unha.
É comum ler por aí o ódio completamente não justificável que muitos telespectadores sentem pela “Sonsa”, como gostam de chamá-la. Game of Thrones possui um universo de mulheres fortes e únicas e Sansa é uma delas. Força obrigatoriamente não implica o sentido literal da palavra, ou algum título, nome que carrega ou ser calculista. Sansa foi criada cercada por irmãos guerreiros, filha de duas das casas mais honradas desde os Primeiros Homens, uma destas carrega “Família, dever e honra” em suas bandeiras. Ela foi criada em um ambiente completamente tradicional, com o único objetivo de ser mãe e se tornar uma rainha no futuro. Da desilusão que sofreu com Joffrey, a ver seu pai ser executado a poucos metros, ter suas roupas arrancadas no meio da sala do trono, quase ser estuprada nas ruas de Porto Real, ser torturada, saber que sua mãe teve a garganta cortada e jogada ao rio e seu irmão costurado à cabeça de Vento Cinzento… sem ter notícias de que seus irmãos mais novos continuam vivos e ainda assim se manter completamente composta em um lugar onde muitos desejariam sua cabeça, a transformação de Sansa foi uma das mais marcantes em toda a série (“Minha pele transformou-se em porcelana, em marfim, em aço.”). Por mais que não tenha um comportamento rebelde como todas as outras mulheres da série que fazem você vibrar em casa a cada gota de sangue derramada, ou que tenha que “agir como homem” para sobreviver… Sansa é, de fato, uma das personagens mais fantásticas da atualidade e uma das representações feministas mais relevantes da história da TV.
Claro que quando se fala em personalidades femininas, Daenerys Targaryen é um dos primeiros nomes que nos vem à cabeça. A Mhysa chega à Meereen já desafiando o status quo dando as costas aos aristocratas, que assistiam ao espetáculo sentados sobre o altos muros da cidade de escravos, para falar diretamente com aqueles que os construíram. Seus mestres obviamente encheram suas cabeças com falsas ideias sobre a mãe do dragões, mas não esperavam que ela iria quebrar as correntes de todos os escravos crucificados na estrada para a cidade, arremessando (literalmente) aos escravos o que lhes é de direito: sua liberdade. Mas isso foi só o cliffhanger para o próximo episódio. Avante, Khaleesi!