Os pés ainda doem, o ouvido continua com aquele zumbido de quem passou de carro por um túnel, a cabeça vira e mexe dá algumas pontadas aqui e ali, enquanto o joelho, de vez em nunca, também parece estar no mesmo lugar, mas dá pra dizer que fez parte e mais, que valeu a pena. Esse é o blogueiro que vos fala após o primeiro e loongo dia do novo Lollapalooza Brasil, que neste ano, sob a produção da Time For Fun, aconteceu no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, e foi do carvalho. Hahahah.
Como não é surpresa pra ninguém, o primeiro dia do Lolla, 5 de abril, foi também o mais repleto de atrações imperdíveis, mas dada a distãncia entre os palcos, infelizmente não conseguimos assistir absolutamente tudo o que queríamos (o tempo em que caminhávamos entre alguns palcos era o mesmo em que as atrações se alternavam, sendo que, caminhar até um e se ajeitar seria o tempo de sentar, ouvir um hit e caminhar para outro lugar), por sorte, nós fomos, no plural, então ao menos nos dividimos pra tentar ver um pouquinho de tudo. Sendo assim, abaixo vocês podem conferir as impressões deixadas por todo esse pessoal nessa abertura do festival (a rima não foi proposital).
O Casablancas bem podia ter vindo ao Brasil com os Strokes e o CD "Comedown Machine", mas não, ele quis estrear seu projeto novo, The Voidz, com quem também lança nesse ano um novo álbum. Particularmente, havia ouvido nada além do primeiro single do disco Julian X The Voidz, mas confesso que curti o projeto em palco. Numa primeira impressão, dá pra dizer que ele reuniu um bando de tiozões cabeludos pra fazer uma barulheira no palco e no fim é isso mesmo o que temos, com o acréscimo de alguns sucessos dos Strokes e da sua carreira solo. Nosso momento favorito foi quando um dos seus assistentes foi corrigir uma falha de instrumento e ele brincou de Robin Thicke com Miley Cyrus no VMA 2013. Rs.
Era fim de tarde quando o Imagine Dragons subiu ao palco. Com apenas um álbum no currículo e uma trinca de hits nas paradas mundiais, a banda podia fazer inveja em qualquer veterano da música: arrastou uma das maiores multidões do festival pro palco Skol, num show cheio de energia e entusiasmo.
Ao longo de uma hora de apresentação, os fãs da banda deliraram com sucessos como "Demons" e "Radioactive" que eram cantados em coro, todo o tempo. Dan Reynolds, vocalista, ainda fez questão de lembrar o quanto amava o Brasil e se atirou nos braços da plateia ao som de "On Top of the World". Sem dúvidas, um show inesquecível e um dos melhores do primeiro dia do festival!
Que os cristãos de todo o mundo cumpram suas promessas, Jesus voltou e nasceu na Nova Zelândia, hoje é uma cantora de 17 anos e se chama Lorde. A neozelandesa sensação que já acompanhamos por aqui há um tempinho é, sem dúvidas, uma das artistas pop mais interessantes do mercado atual e em palco simplesmente nos encantou com seu vozeirão e seus trejeitos que demonstram claramente a forma com que ela sente suas músicas ("Suas definições de pacto foram atualizadas com sucesso", leia com a voz do Avast).
Com a felicidade estampada em seu rosto em boa parte do show, Lordelícia teve como repertório seu primeiro disco e EP, "Pure Heroine" e "The Love Club", cantando também sua parceria com o Son Lux, "Easy", e um cover do Kanye West. Não sabemos vocês, mas ao menos nós lembramos muuuito da Florence + The Machine em palco assistindo-a e isso é uma ótima coisa, visto que a Flô também não sabe economizar quando quer arrasar. Quase choramos quando ela agradeceu por estarem todos ali prestigiando-a (mesmo competindo o horário com Phoenix, que tocava no palco contrário, a platéia estava numa ostentação fora do normal), dançamos ao som da moça como se no mesmo dia nem houvesse Disclosure e fizemos nossa parte, como comunicadores, gritando "devia ser single!" durante a performance de "Buzzcut Season" — durante a apresentação também gritamos coisas como "Rainha do Pop", "renovou [o pacto]" e "Exu Caveirinha", sério, mas não vem ao caso.
Nossos momentos favoritos ficaram para as performances de "Tennis Court", "Royals" e "Team", em que, obviamente, o público vibrou demaaais junto e tornou todo o momento ainda mais lindo. Ela até disse que São Paulo é sua cidade dos sonhos, o que significa que, sim, somos da realeza.
A gente acha que os caras do Muse não curtiram muito o que falaram sobre a performance pop que eles fizeram no Rock in Rio em 2013, então trouxeram algumas mudanças nessa volta ao Brasil. Por problemas de saúde, a banda cancelou em cima da hora um show extra que faria em São Paulo, na Lollaparty que aconteceria sexta-feira (04) no Grand Metrópole, o que foi muito bem resolvido pelo pessoal da T4F que, numa forma de se redimir com o público, autorizou que as pessoas que tivessem ingressos pra esse show fossem ao Lolla ~na faixa~, mas aí ficamos meio sem entender quando, alegando o mesmo motivo ("problemas de saúde"), a banda proibiu que seu show fosse exibido na televisão — as emissoras Multishow, Globo e Bis cumpriram uma transmissão ao vivo de todo o festival. Foi medo de passar a virose pelas tevês em high definition? Rs.
Deixando de lado esses detalhes, outra coisa que fez com que notássemos uma postura diferente do Rock in Rio foi a setlist do show, além de toda a apresentação em si, onde Matt Bellamy e sua trupe deram ênfase para as faixas mais pesadas, num show carregadérrimo de guitarra e bateria, o que fez com que os velhos fãs da banda, ainda não adeptos ao mais eletrônico "The 2nd Law", bradasse de emoção com cada uma das canções. Não podemos deixar de falar também sobre o quão animados são os lirôus da banda, que já circulavam pelo festival desde o comecinho e, aproximadamente uma hora antes do show, estavam numa excitação sem tamanho (guarda esse pensamento), contagiando boa parte da multidão com diversas brincadeiras (um beijo pra Natasha, seja lá onde ela esteja).
O duo britânico Disclosure, formado pelos irmão Guy e Howard Lawrence, fez um dos melhores shows desse primeiro dia do Lollapaloza. Repleto de luzes, uma pegada inteligente nas batidas, boas canções e muito carisma, com direito a várias palavras em português, eles levantaram a multidão de um evento, em tese de rock 'n' roll, com uma pitada maravilhosa de música eletrônica.
Hits como "F For You" e "When a Fire Starts to Burn" incendiaram o show logo de cara, como uma forma de trazer o público e prender sua atenção para esses dois meninos, que possuem um único álbum lançado, mas que, no que depender do que já ouvimos no "Settle" e principalmente, no Lollapalooza, a estrada pra eles ainda será longa.
Por fim, ainda que as longas caminhadas tenham nos deixado beeeem cansados, o Lollapalooza da Time For Fun começou com o pé direito (e sem pisar em lamas). Daqui algumas horas lá estaremos nós no Autódromo novamente, para o segundo e último dia do evento, e aproveitaremos pra conhecer mais do espaço, conferir as ativações e, claro, comer bastante. Aliás, nesse domingo (06) vai rolar Ellie Goulding, Vampire Weekend, Jake Bugg e Arcade Fire, todos com transmissão ao vivo pela Multishow pra quem não esitver no festival, então nem há desculpa para perder.
[colaborou: Daniel Lopes e Maicon Alex, aqui do blog. :D | Fotos: Reprodução]