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Porque seu amor de fã não tem preço: o mal do Meet & Greet


Sem nenhum grande sucesso mundial há algum tempo, a cantora canadense Avril Lavigne tá longe de possuir a mesma relevância de outrora no cenário musical, com exceção da Ásia, onde ainda, assim como várias artistas, rende ótimos números, mas é inegável o fato de que, em palco, a mulher com cara de menina ainda consegue atrair um número absurdo de fãs, mais atraídos por seus trabalhos anteriores do que pelas coisas que coloca nas rádios atualmente.



No Brasil com sua Avril On Tour, Lavigne podia ter deixado o país com as melhores impressões possíveis. Seu último disco rende um repertório bem animado, além dos seus hits também soarem incrivelmente bem com o coro do público, mas o assunto que marcou sua passagem pelos solos tupiniquins foi a polêmica em torno do seu Meet & Greet, aquele momento dos bastidores onde alguns fãs $ortudos têm a chance de chegar perto do artista, tirar uma foto e, levando o nome em questão ao pé da letra, conhecer e cumprimentá-lo. Longe de tornar esse conceito do Meet & Greet algo literal, o que gerou a polêmica foi justamente isso, uma vez que o encontro de fãs com a cantora terminou marcado por uma enorme falta de interação com o público, que chegou a ser proibido de tocá-la durante o encontro — todos foram previamente orientados a não tocá-la, nem para um abraço ou aperto de mão. Rs.

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Os fãs, tanto os que participaram do evento quanto os que só viram as fotos, obviamente, foram contra toda essa onda de críticas e ressaltaram os raros momentos de quem conseguiu abraçá-la, roubar uma pose mais extrovertida ou até mesmo bater um rápido papo, coisas que, de acordo com eles, podiam ser facilmente conquistadas, apenas pedindo para Avril, mas fica bem difícil ficar do lado desses quando, na maioria dos momentos que foram registrados e revelados na internet, o que vimos foi justamente essa distância entre ela e os fãs. Fãs que pagaram nada menos que R$800 para esse singelo encontro.


Não é essa a primeira vez que algo assim acontece por aqui. Com a Femme Fatale Tour, a cantora Britney Spears se tornou motivo de piada na internet por seu afetado catálogo de poses, além do claro desconforto ao lado do seu próprio público, e em um caso mais recente, tivemos o Justin Bieber (que é canadense, assim como a Avril) e sua lamentável passagem pelo Brasil, que rendeu um episódio de desrespeito com os fãs em mais um desses Meet & Greets, onde as fãs, tratadas como gado, eram empurradas por um gargalo, conseguindo, no máximo, olhar para o cara por alguns segundos. 


O público brasileiro é caloroso e sempre motivo dos mais desmoderados elogios. A gente não quer só ver o artista ali, fazendo seu trabalho. Queremos gritar, suar, cantar junto cada uma das canções e, em oportunidades como essas que deveriam ser dadas em Meet & Greets, abraçá-lo, fazê-lo sentir que realmente é amado, idolatrado, deixar nele aquela vontade de voltar para sentir toda aquela febre nem que só por mais alguns instantes. Mas isso, assim como nos destaca quando os artistas pensam em falar sobre os shows que mais gostaram de fazer ou qual foi seu público mais insano, também nos afeta de maneira negativa quando nos deparamos com eventos assim, onde tudo o que queremos é uma ação que comprove que o sentimento, o tal amor de fã, é recíproco, e recebemos como resposta essa postura de quem só está ali por obrigação, porque faz parte dessa agenda em turnê e ajuda a cobrir os gastos não compensados com o lançamento de álbuns.


Como para tudo há uma exceção, temos que reconhecer uma grande leva de artistas que tiram de letra isso do Meet & Greet, indo de divas pop como Miley Cyrus, Rihanna e Lady Gaga à bandas de rock, como Paramore e Metallica, que fazem desse momento algo realmente válido para o valor cobrado e, o principal, especial para os fãs presentes e em qualquer parte do mundo, mas em um caso como esse, nos esforçamos ao máximo para não culpar Avril Lavigne, tanto pela merda já ter sido feita, quanto pela decisão de limitar o contato com o público não ter partido dela, que até cedeu a simpatia de alguns quanto assim insistiam.

Pra não perder a prática, Meet & Greet da canadense também virou meme.

A internet e boa parte da mídia, obviamente, vão extrair disso o máximo que puder e até esse artigo, ainda que tenha um propósito, aproveita do oportunismo em falar deste assunto justamente agora, no auge da polêmica, mas os que realmente deveriam reclamar foram os fãs que desembolsaram quase mil reais pra sorrir na frente de um fundo vermelho, posando para uma foto que poderia até ter saído melhor com alguns truques em casa mesmo, e esses se mostraram bem satisfeitos com a chance que tiveram de conhecer seu ídolo, ainda que dessa maneira tão fria e exploradora. 


Entretanto, apenas reclamar enquanto continua topando e pagando por eventos assim é tão útil quanto tentar combater o racismo se assumindo macaco e comendo bananas, pois enquanto houver público que aceite esse abuso, haverão esses Meet & Greets abusivos e, bem, é assim que o capitalismo funciona. Só esperamos que você, sendo ou não um fã da Avril Lavigne, tire disso alguma lição, pensando duas, três ou até quatro vezes antes de desembolsar um só centavo para o que é, de fato, apenas mais uma chance dos grandões das gravadoras lucrarem em cima de você e seu lindo amor de fã.

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