Pra quem acompanha a cultura pop há muito tempo, esse momento está longe de ser novidade. Britney Spears e Christina Aguilera, por exemplo, começaram a carreira cedo e, pouco depois de interpretarem as meninas inocentes e apaixonadas, se viram encarnando mulheres pra lá de sensuais, mas pode-se dizer que Cyrus foi um pouquinho além, não economizando no shock value para nos mostrar quem já era de maioridade.
O primeiro single de Miley com o CD “Bangerz” foi a canção “We Can’t Stop” e, MEU DEUS!, alguém se lembra de como foi estranho escutar a música pela primeira vez? Quando saiu a capa e o título, todos esperavam que “We Can’t Stop” pendesse para algo dançante, eletrônico, festivo, mas a cantora fez um pouco diferente e, com forte influência dos nomes com quem dividiu estúdio, apostou numa midtempo bem diferente de tudo o que já havia lançado e pendendo fortemente para o lado urbano da força. Não poderia ter sido mais inteligente. A música, ainda que bem diferente, funcionou como um perfeito chiclete e foi o primeiro smash hit da moça com a RCA Records, o que logo a tornou uma prioridade na gravadora, que não tem lá dos melhores históricos de divulgação (alô, “Lotus”! Saudações da Terra, “Britney Jean”!).
Em seu passo seguinte, Miley soube manter o buzz ao seu favor. “Wrecking Ball” foi definida como segundo single do disco e, se não bastasse ser uma das melhores baladinhas lançadas no ano, além de contar com um refrão mais que potente, ainda contou com um clipe dirigido pelo polêmico Terry Richardson, E QUE CLIPE! Logo que foi lançado, choveram artigos com títulos tipo “Miley Cyrus aparece nua e lambendo marreta em seu novo clipe” e isso, por sua vez, rapidamente despertou o falso conservadorismo de muita gente, que achou aquilo a coisa mais vulgar do mundo. Talvez, só não mais vulgar que a performance feita por ela semanas antes, no palco do VMA, aonde cantou com o Robin Thicke (dono do smash hit “Blurred Lines”) e usou e abusou do cara, dominando o palco com todas as suas porralouquices e muita sensualidade, de um jeito bem Miley, dançando, rebolando, twerkando e fazendo da MTV a sua zona pessoal.
O tempo passou e, até aqui, Miley ainda contou com outro single (“Adore U”) e em breve deve trabalhar sua parceria com o Pharrell Williams em “4X4”, mas nunca é cedo pra afirmar que, na fase Bangerz, a cantora nos mostrou a sua melhor forma e, sem dúvida alguma, garantiu uma passagem sem volta para uma trajetória beeeem longa pelo cenário pop, se mostrando uma das artistas mais interessante já revelada pela Disney e, por que não?, um dos nomes mais legais do pop atual, que andava bem morno enquanto a prioridade dos fãs era discutir sobre Katy Perry e Lady Gaga estarem ou não aptas a substituir Madonna e outras coisas importantes como o corte de cabelo da Ariana Grande, a testa da Rihanna, os negócios de Beyoncé, etc. Além disso, Miley Cyrus também conseguiu converter polêmica em importantes discussões como a diferença entre feminismo e machismo, liberdade sexual feminina e outros temas, tudo muito bem “maquiado” para as massas sob o pretexto de uma performance despretensiosa, “só pra chamar a atenção”.
Como nem só com vendas de singles e discos vive um artista, “Bangerz” também ganhou uma grande turnê e, daqui algumas semanas, Miley Cyrus desembarca com ela no Brasil pra uma série de três shows. Há pouco, ela confirmou que, devido a questões de estrutura, não trará com ela a língua e cachorro-quente gigantes, que eram dois dos maiores atrativos do show, literalmente, mas ainda devemos contar com diversão de sobra, seja pela setlist repleta de sucessos da norte-americana ou por se tratar de Miley Cyrus mesmo, que de certo ainda pode nos impressionar e muito.
A Bangerz Tour no Brasil passará por Brasília (24/09), São Paulo (26) e Rio de Janeiro (28). Ingressos estão à venda no site da Tickets For Fun. :p
Cultura pop do jeito que importa.