Um dos álbuns mais esperados do ano foi lançado na semana passada. Em tempos de vendas baixas que caem sucessivamente, ano após ano, o tal disco consegue vender quase 1 milhão e 300 mil cópias só na sua estreia nos Estados Unidos. Isso sem nem mesmo precisar de lançamento surpresa com 17 clipes ou de qualquer escândalo ou polêmica. Um nome bastou para mobilizar a América e o mundo. Taylor Swift.
Nem Britney Spears sabia, mas com o lançamento do "1989" se aproximando, começou também a especulação sobre a possibilidade de Taylor bater seu recorde como álbum feminino mais vendido na primeira semana nos EUA. A garota vinha de dois debuts de mais de um milhão de cópias e tudo apontava para que a glória fosse alcançada. Com menos de 100 mil cópias de diferença, Taylor não conseguiu passar a marca de Britney. Mas isso realmente importa?
Que outro artista conseguiu, na história da música americana, três álbuns seguidos com estreias acima de 1 milhão de cópias? Feito realizado, vale destacar, numa época em que discos das maiores estrelas dos charts penam para conseguir o certificado de Platina, mesmo depois de meses do lançamento. Com exceção de Adele que acumulou mais de 25 milhões de discos vendidos com seu último trabalho, algum outro artista conseguiria se tornar responsável por 22% das vendas totais de discos nos Estados Unidos só em uma semana?
Chamar Taylor Swift de fenômeno é pouco. Fenômenos acontecem e passam, aparecem e somem, estouram e minguam. Taylor conseguiu seu recorde de vendas no quinto CD. Britney Spears, por exemplo, que ainda detém a marca da semana mais vendida, não comercializou nem 50% do total de vendas da estreia do "1989" no lançamento do seu quinto álbum, "Blackout", em 2007. Taylor parece ter conseguido algo muito mais duradouro, construiu seu nome ao longo de vários anos e hoje, tem um império só seu.
Talvez o segredo de tanto sucesso seja o total controle que a moça tem de sua própria carreira. Lá em 2006, quando ainda tinha os cachos enroladinhos e cantava junto de um violão, Taylor já compunha todas as suas canções e ganhava a admiração de adolescentes e jovens. No segundo trabalho, veio a primeira grande conquista. "Fearless" foi o vencedor do Grammy de Álbum do Ano. Taylor continuava sendo responsável por cada um de seus passos e já tinha os críticos e a indústria inteira em suas mãos.
Foi preciso muita coragem para fazer o que ela foi capaz. Apesar de sempre flertar com o pop, Taylor era uma cantora country e tinha respeito no segmento. As pessoas a conheceram assim e viram, a cada álbum, a mudança sutil de estilo e a transformação de sua imagem. "Shake It Off", então, é lançada há alguns meses e não tem mais nada de country ali. Taylor havia assumido o seu lado 100% pop e até a Academia de Música Country americana desejou sorte para a nova empreitada da moça, como se a expulsasse delicadamente da casa que sempre esteve.
Fim da linha? Não para Taylor, que continuou abraçada por crítica e público, independente da mudança total de estilo. Nem todo o artista - sejamos sinceros, praticamente nenhum - consegue continuar sendo querido depois de virar as costas para suas origens. As rádios country americanas estão num dilema: como tocar as músicas de Taylor que não são mais tipicamente country ou como não tocar as músicas de Taylor, sendo ela ainda tão querida? Não sei se é pelo carisma, pela carinho com os fãs, pelo trabalho sempre esmerado... fato é que, independente do que Taylor faça, ela só continua sendo mais e mais amada.
Mais recentemente, a garota - garota? Mulher! - retirou todos os seus discos e músicas do Spotify, o mais famoso serviço de streaming digital atualmente, alegando não estar satisfeita com os lucros que são repassados aos artistas de acordo com o número de execuções no site. Taylor sente que o serviço não valoriza o trabalho do artista. Vale lembrar que os streams estão a um passo de se tornarem um dos principais meios de divulgação de um cantor e já têm um peso tão grande ou maior quanto às vendas digitais para os charts. Que outro artista poderia virar as costas para o Spotify? Taylor Swift sabe que pode. Não sei se é a melhor solução a longo prazo, mas fato é que seu novo disco está vendendo feito água, estando ou não disponível nas plataformas de stream.
Taylor Swift pode tudo. Ela compõe, canta, toca, vende, faz sucesso, muda de estilo, escolhe como suas músicas serão comercializadas. Mais do que uma artista, ela é uma grande empresária. Seu próximo passo provavelmente envolve deixar a Big Machine Records para o estabelecimento de sua própria gravadora. E quem pode segurá-la? Taylor Swift pode não ser a mais original, a mais talentosa, a mais desenvolta, a mais carismática. Mas do seu próprio jeitinho, sem ninguém nem notar, ela é o nome no comando. Como disse a rede americana de TV, CNN, nesta semana: "Taylor é uma das grandes artistas do momento. Mas para a indústria musical, atualmente, talvez ela seja a única que importe." Haters gonna hate, hate, hate.