Não é todo dia que, aos vinte anos e sem qualquer feito significativo na indústria, você consegue ter uma música sua se tornando um hit na voz da Rihanna, entretanto, foi exatamente assim que ascendeu a carreira da cantora e compositora Bibi Bourelly.
Nascida em Berlim, na Alemanha, a cantora cresceu ao lado de músicos, seu pai era um, e como contou numa entrevista para o site da Noisey britânica, sua cozinha era rodeada por baixistas africanos tocando e discutindo sobre teorias conspiratórias, então a música foi algo que sempre teve em seus genes.
Ainda mais jovem, aos 16, Bourelly começou a compor suas primeiras canções e, atualmente contratada pela Def Jam, deu a sorte de estar no lugar certo e na hora certa... Várias vezes. Numa dessas foi quando começou a escrever uma música por brincadeira, em que dizia coisas como “vadia, é melhor você ter o meu dinheiro” e, olha só, deu a sorte de dividir o estúdio com o Kanye West, que logo tratou de mostrar a canção para Rihanna.
Em busca de uma música impactante, que pudesse suceder a parceria com o Paul McCartney em “FourFiveSeconds” nas rádios, Rihanna ficou louca pela composição da novata e não deu outra, “Bitch Better Have My Money” ganhou seu espaço em “Anti”, oitavo disco de inéditas da cantora barbadiana, se tornando também o segundo single oficial do CD.
Repetindo uma história que a gente assistiu com a Sia há alguns anos, logo após o lançamento de “Diamonds”, muita gente começou a ficar de olho em Bibi Bourelly, só que pelos bastidores da indústria. Pra Rihanna, ela escreveu cerca de outras cinco canções e, aparentemente, pelo menos uma delas também estará no álbum, a inédita “Higher”, que até teve uma prévia divulgada pelo Instagram:
As outras devem ser promovidas pela própria Bibi, como foi o caso de “RIOT”, revelada em seu Soundcloud e, um pouco mais tarde, também lançada no Spotify:
Mas que voz é essa, gente? Dá até pra dizer que a mulher é uma mistura da Sia com a Rihanna. Ou uma versão melhorada da Rihanna pós-Sia, o que está longe de ser algo ruim.
Cientes de que Bourelly tem tudo pra fazer um barulho e tanto por aí, a gravadora Def Jam já começou a agilizar os passos para a sua estreia e, entre outras coisas, continua a colocando ao lado de grandes nomes da atualidade. O próprio Kanye West já gravou algumas coisas que poderão aparecer em seu novo disco, mesmo em que colabora com a Sia, na faixa “Wolves”; o Lil’ Wayne também botou a mulher pra cantar em “Without You”, do CD “Free Weezy”; o novato Nick Brewer divide os vocais com ela no seu single de estreia, o hit pronto “Talk To Me” e até a Selena Gomez pegou sua fatia do bolo em “Camouflage”, co-composta por Bibi para o CD “Revival”.
Mas como quem vive de compor para os outros é Bonnie McKee, Bibi já mandou avisar que chegou pra brigar como gente grande e sua primeira colaboração realmente importante é “Chains”, single novo do Usher com participação dela e do rapper Nas.
Com as discussões sobre racismo em alta nos EUA, principalmente após o caso em Ferguson, no qual o adolescente negro Michael Brown foi morto à tiros e gerou revolta na população, levantando questionamentos sobre a maneira com que as autoridades americanas lidam com esses casos, Usher trata na música nova sobre as injustiças da polícia estadunidense com os negros e, na primeira performance televisionada da faixa, canta ao lado de Bibi Bourelly enquanto está algemado.
Ainda que muitos artistas negros estejam conquistando seu espaço na música por lá, como é o caso da própria Rihanna, bem como The Weeknd, Nicki Minaj, Bruno Mars, Beyoncé e outros, tocar no racismo é algo que poucos arriscam fazer, por compreender a pressão de todo o cenário ao redor quanto a isso, incluindo um histórico de artistas que terminaram silenciados por incomodar com seus questionamentos. Azealia Banks é um desses casos. Então estrear numa música inserida num contexto tão pesado é algo que não pode e nem deve passar despercebido.
Mas não para por aí. Isso porque, pouco depois da primeira performance de “Chains”, que rolou no evento Tidal X, Bourelly revelou também o seu single de estreia, e esse repete o efeito de “RIOT”, nos deixando impressionados com o quanto essa menina consegue fazer em tão pouco tempo.
“Ego” parece ser a perspectiva de Bibi antes da sua vida começar a virar de cabeça pra baixo e, já mostrando ter uma personalidade forte, também presente em “Bitch Better Have My Money” e “Riot”, ela introduz a faixa com um “eu tenho só dezenove anos, mas um ego enorme”, sob um instrumental carregado de cordas e uma bateria que só não cresce mais do que a sua voz. Nos lembra um pouco de “Same Old Love”, da Selena Gomez, também descartada pela Rihanna.
Ainda que seja uma proposta simples, o lirismo e maneira como ela canta denuncia uma ligação enorme ao hip-hop, que deve ficar ainda mais clara nos lançamentos seguintes, e com essa postura, somada ao seu talento vocal e composições, não duvidamos que o mundo ficará pequeno para quando ela e todo o seu ego explodirem.
O que você achou da moça?