Beyoncé sintetizou como ninguém a definição de “feminista”, ao adotar o discurso da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie em “Flawless”, presente em seu último álbum, e parece também servir como um símbolo de empoderamento para a brasileira Clarice Falcão e seu clipe de retorno.
A cantora, que despontou como uma das maiores revelações dessa “nova MPB” desde o lançamento do seu disco de estreia, “Monomania” (2013), demorou até que desse um novo sinal de sua carreira musical e, quando o fez, entrou de cabeça nos debates sobre feminismo que seguem sendo amplamente repercutidos no Brasil.
Resenha: Clarice Falcão, um violão e amável obsessão em “Monomania”
Isso porque a volta da moça acontece ao som de uma versão para “Survivor”, das Destiny’s Child, aqui empregada como uma forma de dizer que ela e todas as outras mulheres são sobreviventes, uma vez que diariamente precisam lidar e lutar contra uma sociedade sempre tão disposta a oprimi-las.
Ainda que por meio de elementos simples, o clipe de Clarice para “Survivor” é um belo exemplo daqueles casos onde menos é mais e, com um plano de tela fechado, todo o vídeo se passa com mulheres, aparentemente nuas, usando batom vermelho como elas bem entenderem.
Toda a proposta nos lembra bastante de outros vídeos em que a vulnerabilidade é exposta como uma forma de se mostrar forte, como são os casos de “Nothing Compares 2 U”, da Sinead O’Connor, “Wrecking Ball”, da Miley Cyrus, e “Big Girls Cry”, da Sia, e até o batom vermelho possui um importante significado, visto ter sido motivo para discussões há pouco tempo, após a Youtuber e feminista, Jout Jout, publicar um vídeo em que fala sobre relacionamentos abusivos e exemplifica o problema contando o caso em que o namorado se incomoda ao ver a mulher usando a maquiagem, porque, no seu ponto de vista machista, isso a deixa com “cara de puta”.
Toda essa história voltou a ganhar visibilidade também devido a entrevista da vlogueira ao Jô Soares que, longe de entender a importância dos debates por ela propostos, fez graça da situação em rede nacional.
Toda essa história voltou a ganhar visibilidade também devido a entrevista da vlogueira ao Jô Soares que, longe de entender a importância dos debates por ela propostos, fez graça da situação em rede nacional.
Assista ao clipe de “Survivor”, da Clarice Falcão, abaixo:
A gente viu muita gente reclamando, mas essa versão ficou uma delícia, hein? Aliás, sempre achamos maravilhoso quando um artista faz um cover e consegue trazer a canção original para um contexto totalmente aplicável à sua própria musicalidade. Ponto pra Clarice. Outra coisa que não podemos deixar passar em branco é o fato de que o vídeo é protagonizado por mulheres de todas as idades e etnias, não se apegando à um padrão específico, além da mensagem final, de que todo o dinheiro arrecadado com as vendas do single será doado para a ONG Think Olga.