Olá Papai Noel,
Confesso que é um pouco estranho escrever pra você depois de tanto tempo e, na verdade, já faz alguns anos que não nos falamos, não é mesmo? Seja como for, eu não passei um ano inteiro sendo um bom moço pra que pudesse desperdiçar essa oportunidade de acertar as contas com o senhor e, sendo assim, é sobre isso que se trata essa carta.
Pra ser honesto, talvez eu já esteja fora da faixa etária do seu público, né? Com vinte anos não dá mais pra esperar que te tratem como uma criança. Mas a Madonna, que é uma senhora, muito em forma, diga-se de passagem, ainda a trata como uma “garota” em suas letras, o que me dá certa esperança de que o senhor, sendo um personagem fantasioso (com todo o respeito, claro), aceite os pedidos de alguém mais velho caso as convicções dessas pessoas na sua figura sejam tão fortes quanto de uma ingênua criança — o que eu garanto que são.
Sem delongas, eu queria começar implorando pelo disco novo da Rihanna, Seu Noel. Tenho a impressão de que já esperamos pelo “ANTI” há uns vinte anos e está certo que o público dela não é tão infantil quanto da Katy Perry ou Taylor Swift, mas tenho certeza que muitos outros dos que te escrevem também ficarão felizes em ouvir esse disco. Se puder, manda alguns dos seus ajudantes pra saber o que está acontecendo nos bastidores desse álbum para nos dar um parecer, vocês não correm riscos, já que não precisam usar aviões.
Outra coisa que eu quero pedir é mais iconicidade na indústria. Tá certo que temos artistas grandiosas, como a própria Rihanna, Beyoncé e Lady Gaga, mas viu o que acontece? Basta elas passarem um tempo longe pra que os fãs de música pop, na ausência de outros ícones tão grandes, saiam idolatrando a primeira loira que aparecer com um refrão chiclete, se é que você sabe de quem estou falando. Isso é desmotivador e digo isso como um amante da cultura pop.
Se estiver ao seu alcance, adoraria que seus ajudantes também dessem uma força pra que diretores como Jonas Akerlund, Joseph Kahn, Yoann Lemoine, Rankin e Ray Kay conseguissem mais oportunidades de estarem por trás dos videoclipes dessas cantoras que estão voltando em 2016. Está certo que esse ano ainda tivemos alguns vídeos incríveis, mas, até voltando ao pedido anterior, faltam coisas que nos façam pensar que sobreviverão na nossa memória pelos próximos dez anos, sabe? Nada é como “Telephone” da Lady Gaga, “Like A Prayer” da Madonna (essa o senhor deve gostar) e “Thriller” do Michael, entende o que eu quero dizer?
Sei que você deve estar quebrando a cabeça agora, afinal, deve ter começado essa carta esperando por pedidos de brinquedos, mas a cultura pop é a minha maior diversão, é o lugar que busco pelo meu entretenimento, assim como muitas outras pessoas, de forma que conto com seus poderes além da capacidade humana para salvá-la dessa uniformidade, heteronormatividade, falta de iconicidade e também dessa constante injustiça com artistas realmente talentosos, mas que não conseguem alcançar o topo da pirâmide por fugirem de alguma forma à regra.
Retornos que eu também adoraria que o senhor desse uma mãozinha: Lady Gaga, Kesha, Robyn, Nicola Roberts, Beyoncé, Kanye West, Frank Ocean, Sky Ferreira, Gwen Stefani, Black Eyed Peas e eu já disse Lady Gaga, né? Só reforçando.
Enfim, quebra essa pra mim?
Um feliz natal e muita música pop para todos nós, senhor Noel!