Frank Ocean fez todo o mundo esperar por seu segundo disco nos últimos quatro anos e, em menos de uma semana, entregou duas das produções mais interessantes do ano, sendo elas o álbum visual “Endless” e o disco sucessor do aclamado “channel Orange”, “Blonde”.
Antes esperado em julho do ano passado, depois agosto, outubro, dezembro... e por aí vai, o novo disco de Ocean, até então chamado “Boys Don’t Cry”, repetiu o efeito que acompanhamos com discos como o “Views”, do Drake, no qual o silêncio de seu artista principal e as muitas declarações dos nomes envolvidos alimentaram o seu hype, criando nos fãs uma expectativa inimaginável e, ainda assim, ao alcance do que o artista seria capaz de entregar.
O tempo foi crucial para que Frank Ocean se saísse bem nesta nova fase. Quando lançou seu álbum de estreia, em 2012, o músico havia acabado de conquistar o segundo lugar na lista de apostas da BBC, se tornando um nome para ficar de olho, e, como consequência, teve o álbum “channel Orange” como um dos favoritos desse ano, o que tinha tudo pra gerar uma pressão negativa quanto ao seu próximo trabalho, que se tornou maior que o anterior antes mesmo que fosse lançado.
Na construção de “Blonde”, o músico também soube trabalhar o seu nome como ninguém. Antes de ser cantor, Frank já atuava no meio musical como um “ghostwriter”, para uma lista de artistas que deve ser bem maior do que conhecemos, e aproveitou esses contatos para aumentar sua lista de relacionamentos enquanto não entregava esse disco. Só pra você ter uma ideia, foi nesse intervalo que ele colaborou com a Beyoncé em “Superpower”, do seu primeiro e hypadíssimo álbum visual, e com o Kanye, numa música que leva o seu próprio nome, “Frank’s Track”, presente no “The Life of Pablo”. Para o seu álbum, ele ainda entrou em estúdio com nomes como Kendrick Lamar, Chance The Rapper e Andre 3000. Todos estavam de olho no próximo cara do momento.
É claro que toda essa expectativa poderia ser convertida numa puta decepção, o “ANTI” de Rihanna, que passou por um processo semelhante e com alguns artistas em comum ao redor, não nos deixa mentir, e é aí que entra o álbum visual “Endless”. Uma produção que quebra o jejum musical de Ocean e pega seus fãs despreparados, com um material totalmente inesperado e estranhamente interessante, uma pegada arriscada, experimental, que nos fez pensar que ele poderia passar outros quatro anos sem um novo disco, porque era o tempo que levaríamos para digeri-lo como um todo – sem nem sabermos que o melhor ainda estava por vir.
Frank quebrou a internet, ao melhor estilo Kanye West ou Beyoncé, e agora que o álbum “Blonde” foi lançado, nos resta acompanhar a ascensão do cantor com esse disco, que tem tudo para render bons frutos e torná-lo o próximo grande artista pop (no sentido de popular, comentado) do momento. Drake que se cuide.