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X Factor BR: 4 pontos que merecem muito a nossa atenção

Demos tempo ao tempo e meses após a estreia do X Factor BR, chegou a hora de conversarmos sobre a nossa versão.

O que era sonho para os fãs do formato se tornou realidade: O Brasil ganhou uma versão pra chamar de sua do reality show musical mais incrível dos últimos anos!

Desde que a Band anunciou a produção de uma versão brasileira do X Factor, ficamos animados e confiantes de que o projeto seria um sucesso no Brasil, afinal, a emissora tem feito um ótimo trabalho com o MasterChef, e o Brasil, mais do que qualquer outro país, têm revelado artistas em que o "Fator X" é uma característica determinante para o sucesso. Anitta, Ludmilla, Karol Conka e Luan Santana são alguns nomes recentes que podemos citar.

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Em meados de julho, tivemos as primeiras informações a respeito das gravações do X Factor Brasil. Pelas imagens, tudo parecia no lugar: a produção, a comunicação visual, o número de inscritos e a qualidade da produção. Mas bastou o final de semana em que os jurados foram confirmados – conversaremos já já sobre isso – e as audições começarem, para que algumas falhas começassem a aparecer. 

Com as audições realizadas na Arena Corinthians (Itaquera, SP) durante um final de semana frio, críticas e comentários negativos tomaram conta da internet. Na época, batemos um papo por telefone com o Leandro Buenno – ex-The Voice Brasil – e pudemos entender a desorganização da produção e o desrespeito com os candidatos: filas quilométricas, falta de estrutura e avaliações superficiais para apresentações de 15 segundos configuraram as principais reclamações dos futuros candidatos.


[A gente sabe que o Leandro daria conta do recado. Ele tem a cara do programa e os nossos corações]

Assim como boa parte do público, ficamos com um pé atrás, mas resolvemos dar um voto de confiança ao formato e acompanhamos a estreia do programa. Já nos primeiros dez minutos pudemos perceber que a qualidade da produção não era das melhores e, após um primeiro episódio com candidatos fracos, começamos a nos perguntar: Será que o X Factor Brasil vai realmente acontecer?

Para que não fôssemos injustos, demos tempo ao tempo, mas hoje, meses após a estreia do programa e da apresentação ao vivo do Top 16 na última segunda e quarta-feira, temos uma certeza: o programa tem muito a evoluir para dar certo. 

Para te explicar essa nosso posicionamento, listamos abaixo os 4 maiores erros do X Factor Brasil.

1) SUPERFICIALIDADE NOS COMENTÁRIOS

Tirando a Alinne Rosa – que até o anúncio como jurada era praticamente desconhecida pelo grande público (gente, sabemos da importância dela dentro do Axé e já a conhecíamos) – os jurados escolhidos para a edição brasileira pareciam interessantes. Rick Bonadio comandou o reality show que revelou dois dos maiores sucessos pop do Brasil (Rouge e Br’Oz) na primeira metade de 2000. Di Ferrero soa atual e conectado com o perfil do programa, que busca atingir um público jovem e antenado. E Paulo Miklos, integrante de uma das maiores bandas brasileiras de todos os tempos, prometia trazer sua imensa bagagem musical para o programa. Pensando assim, a bancada tinha tudo para funcionar lindamente.

Isso mesmo. Tinha. O grande lance dessas bancadas não é ter nomes conhecidos e amados pelo público – até o começo do American Idol, em 2002, você fazia ideia de quem era Simon Cowell? –, mas sim, ter personagens comprometidos com o programa, que nos representem e que sejam sinceros. O que a gente mais espera desses jurados é que eles consigam avaliar os cantores, aprimorando pontos que ajudem no desenvolvimento dos candidatos. Para isso, pitadas de humor, comentários ácidos e química entre eles também são indispensáveis - Por favor, vejam o trabalho incrível que a bancada do X Factor Austrália tem feito esse ano, com destaques para Adam Lambert e Guy Sebastian.


Acontece que aqui no Brasil, os quatro jurados parecem nadar contra essa corrente. A impressão que temos é que eles se sentem na obrigação de elogiarem tudo e todos, afinal, precisam afirmar como o formato tem funcionado e vender o produto ao público. A química entre eles não é das piores, mas nada têm superado a superficialidade dos comentários. Rick e Di esboçaram momentos de coerência, mas que (ainda) não foram suficientes. Aline e Paulo parecem nunca terem entendido a verdadeira função de suas participações no programa e isso têm gerado um incômodo gigantesco durante essas semanas do programa. Tem hora que a gente para e pensa: será que estamos assistindo as mesmas apresentações? 



Outro ponto que causou um incômodo tremendo, mas passou um tanto quanto despercebido, veio no ao vivo de quarta-feira (26): Começou com TropeirAfrica, candidatos de origem angolana, sendo criticados energicamente por Rick, como um "desastre". Mediante a isso, Paulo, defendendo sua categoria, retrucou, dizendo que eles foram ótimos e que desastre era a "dívida histórica" pela escravidão que tínhamos com a África.

O que, aparentemente, tinha sido um fato isolado, se tornou, na sequência, um festival de despreparo e ignorância através de uma discriminação velada contra minorias, pois na vez de Diego, candidato assumidamente gay, Rick criticou sua performance retomando o assunto, afirmando que não se importava com a história do Brasil ou "opção sexual" (Em pleno 2016 e na TV ao vivo isso? OI?), mas sim com a voz do candidato e qualidade artística e que Diego, pra ele, não era cantor, nem artista.

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Di (mentor dos meninos) não gostou do comentário e resolveu alfinetar também, dizendo que ali não era um programa de boas vozes apenas, mas de um pacote completo. Rick não se conteve, dessa vez atacando o público de casa que votou para que Diego ficasse (em detrimento de Prih, sua candidata), dizendo que haviam outros motivos nos votos por causa do momento difícil que nosso país atravessa, insinuando claramente que os votos recebidos por Diego e TropeirAfrica vieram por serem representantes de minorias - no vídeo abaixo, a partir de 2:40.

Péssimo, Rick! [e a gente gosta de você, viu?]



2) FALTA DE PERSONALIDADE DOS CANDIDATOS

O Brasil tem artistas incríveis, talentosos e estilosos. A gente só está se perguntando onde eles estão, porque olha, o nível dos candidatos no X Factor Brasil está muito abaixo do esperado. Timbres que não agradam, repertório óbvio e falta de personalidade são marcantes nesse elenco. 

A gente já chegou a se perguntar se artistas realmente interessantes não confiam mais nesses programas e, por isso, nem passam perto das audições ou se a produção errou feio nas escolhas durante aquela famigerada primeira fase porque o Fama (Rede Globo), por exemplo, teve artistas interessantíssimos e ainda relevantes, mesmo mais de uma década depois de sua exibição.



Temos a impressão de qualquer candidato do The Voice Brasil é realmente melhor do que o Top 16 inteiro do X Factor Brasil. Simultaneamente, estamos acompanhando o X Factor UK com um elenco interessante, o X Factor Austrália com candidatos fortíssimos, o X Factor Itália com uma de suas melhores levas e a última temporada do X Factor Bulgária, que teve uma das melhores finais (em termos de gênero comercial diferente) e revelou um dos maiores sucessos atuais por lá no começo desse ano, tendo apenas 16 anos de idade e esbanjando personalidade artística.



Já aqui, o que vemos, são candidatos despreparados, insossos, com zero presença de palco e que se acham a/o ~última [insira aqui um nome de qualquer participante de sucesso ] do programa~. Sério, gente, isso é algo que irrita nas competições brasileiras: os candidatos acham que são muito mais do que realmente demonstram. Uma dose de humildade, se conscientizar que tem muito a aprender e que o programa é apenas uma plataforma de visibilidade pra sua carreira (não ela em definitivo), não faria mal a ninguém e elevaria o nível da competição também, porque exigiria foco e menos previsibilidade. Ou vocês realmente acham que só cantar bem te garante bons números no mercado?



Obviamente há algumas exceções na temporada, mas são poucas. E, mesmo assim, com muita coisa a evoluir. 



Sério, em anos acompanhando o formato mundo afora, nunca nos sentimos tão desconfortáveis como na nossa própria versão. E isso é uma pena por tudo já citado.

3) EDIÇÃO E PRODUÇÃO DEIXAM A DESEJAR 

Se os jurados já decepcionaram e os candidatos não cumpriram, nem sabemos o que comentar sobre a edição e a produção da versão brasileira. A gente te explica: a Band optou por oito episódios com audições e incontáveis episódios para o Centro de Treinamento e Desafio das Cadeiras. Isso significa que tivemos que esperar D-O-I-S meses para o primeiro show ao vivo. Isso até que não seria um grande problema se o programa tivesse ritmo. Acontece que as audições pareciam eternas, o Centro de Treinamento parecia não fazer sentido e o Desafio das Quatro Cadeiras forçou um drama desnecessário.

Fora a edição, a produção parece que nunca assistiu um episódio do X Factor em outro país. O palco está "ok", mas o corpo de balé é terrível, os arranjos estão datados (sempre soa a mesma base), a voz do locutor parece deslocada do estilo do programa e o nível dessas imagens que o programa têm postado nas Redes Sociais até diminuem a nossa expectativa de vida de tão ruins que são.


A gente jura que não é implicância, mas não da pra defender aquilo, quando temos isso na franquia:



Dá pra entender como um programa que tem o foco no X Factor pode optar por essas escolhas?

Outra coisa que incomoda bastante, é o tempo em que as apresentações demoram a chegar no Youtube. Enquanto nos outros países, geralmente, o candidato se apresenta na TV e, segundos depois, já podemos reassisti-lo via YouTube, no BR, isso tem levado 3 F*CKING DIAS (!!!) ou mais, fazendo com que o programa perca a audiência daqueles que não conseguiram ver na íntegra, que não possuem TNT para acompanhar a reprise e também os que só iriam acompanhar pela internet. Garantimos, é uma boa parcela desperdiçada. Nos ajudem a te ajudar, queridas!

Ah, por fim, adoramos a escolha da Fernanda Paes Leme como apresentadora, mas por favor, parem de roteirizar a menina! Ninguém percebeu que ela ficar forçadíssima nessas situações? O grande charme da Fernanda é justamente a espontaneidade, aqui, limitada a um roteiro careta e que não acrescenta!

4) MUDANÇAS BIZARRAS NO FORMATO

Mudanças são sempre bem-vindas, desde que melhorem algo, não o contrário. O X Factor Austráli, por exemplo, trouxe, pela primeira vez, a brilhante ideia do Underdog Judge, que movimentou o formato por lá esse ano.



A nossa temporada de estreia, ao invés de apostar no formato clássico, sucesso no mundo todo, escolheu intervir, como citamos acima, arrastando as fases preliminares com oito episódios de audições (uma versão normal tem, no máximo, cinco) e preferindo correr com a fase principal da competição, que são os Shows ao Vivo, limitando-os a dez episódios (5 de apresentações e 5 de resultados), piorando ainda mais, ao aumentar o número de classificados pra essa fase de 12 (padrão normal nos últimos anos) para 16 participantes.

E o que isso acarreta? Bem, uma enorme bagunça para enfiar 16 pessoas em cinco shows. Com isso, só na primeira semana, já tivemos seis participantes eliminados e daqui, até a final, teremos mais dois a cada quarta-feira, imitando o modelo do reality rival (The Voice) e levando quatro participantes para a decisão. Sério, gente, pra quê?

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E nem comentaremos a ideia dessa primeira semana, de dividir em dois grupos, com jurados salvando um participante de sua própria categoria, enquanto os restantes disputariam o voto do público, porque um outro programa abusa desse esquema há anos.

Nós realmente torcemos pra que as coisas se alinhem e o programa ainda decole, pra pelo menos garantir mais uma temporada no próximo ano. Mas tá difícil acreditar nisso por ora.

E precisamos dizer algo muito importante: nós não estamos pensando nesses pontos e criticando o programa porque não conseguimos valorizar o que o Brasil produz. Pelo contrário. Sabemos que o Brasil é capaz, acreditamos na capacidade da emissora nesse formato (pensando no ótimo trabalho do MasterChef Brasil), mas só queremos um X Factor que realmente se destaque e seja reconhecido pela qualidade. Inclusive, estamos abertos para um diálogo com a produção – caso, algum dia, queiram propor um grupo de discussão sobre a atração com fãs –, porque experiência adquirimos esses anos todos de franquia.


E vocês, estão satisfeitos com o programa?

The X Factor BR vai ao ar, toda segunda e quarta, às 22h30, na Band. Terça e quinta, às 20h30, no TNT. E nossas Recaps, dependendo de quando os vídeos forem postados, devem sair, atrasadas, entre sexta e domingo.

Até mais, pessoal!

* Texto desenvolvido em parceria com o Maicon Alex ;)

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