Hey!, demos alguns spoilers no decorrer do texto, viu?
Com o sucesso de "Super Sentai", franquia de séries japonesa, a Saban Entertainment resolveu trazer uma adaptação ao mercado norte-americano, resultando numa bagunça de recortes de cenas das séries do Japão — principalmente as cenas de batalha — e cenas dos atores norte-americanos. Estranhamente, esta mistura deu certo. "Power Rangers" tinha até então dois filmes, além de se encontrar hoje em sua 25ª temporada. É um ícone da cultura pop, e Hollywood em algum momento iria trazer os heróis morfados para o cinema novamente.
A Lionsgate foi quem pegou todos de surpresa ao adquirir os direitos da Saban para uma nova adaptação cinematográfica. O lado trash e baixo orçamento presente até hoje na série foi uma preocupação eminente desde o anúncio do novo filme, proposto como um reboot — tais aspectos não seriam bem aceitos pelo público em geral. O público clamava por um tom maduro e que soubesse o que realmente queria ser, mas que não deixasse de lado a essência da série que conquistou gerações.
Dirigido por Dean Israelite, "Power Rangers" finalmente chegou aos cinemas ontem, com enorme potencial para tornar a produção em uma franquia grandiosa. A versão da Lionsgate soube muito bem o que queria ser, apresentando um tom certeiro. Porém tais pontos positivos compensam os inúmeros erros encontrados ao longo da produção?
A trama é bem simples, e bebe de fontes louváveis, como "O Clube dos Cinco" e "Poder Sem Limites". Em "Power Rangers" somos apresentados a um grupo de cinco desajustados, cada um com suas problemáticas, que logo após os dez primeiros minutos se veem juntos em uma pedreira. Após uma explosão causada por um deles, os cinco encontram moedas coloridas. Só depois de um acidente, a descoberta de poderes causados por estas moedas e de uma nave que os cinco descobrem que foram escolhidos para compor o novo grupo dos Power Rangers que vão defender a Terra de Rita Repulsa (Elizabeth Banks), a ex-Ranger Verde que busca o poder do Cristal Zeo.
Jason (Dacre Montgomery), Kimberly (Naomi Scott), Billy (RJ Cyler), Zack (Ludi Lin) e Trini (Becky G) compõem o quinteto principal do longa, sendo também um dos grandes acertos. Seja pela dramática super atual por traz de cada um deles, e sua diversidade, os personagens se tornam críveis e urgentes para que qualquer adolescente possa se identificar com cada um deles. O mais incrível, é que o espectador consegue se envolver com os personagens logo nos primeiros minutos da produção, e a química dos atores contribui para tal.
A diversidade dos personagens que compõem o quinteto principal talvez seja o maior acerto da produção. É do histórico da série um certo grau de diversidade entre os heróis, porém aqui vamos além. Dentre os cinco, temos quatro etnias diferentes. E não podemos esquecer da grande representatividade que temos com a primeira heroína lésbica do cinema e um herói negro e com TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Rita Repulsa é um show à parte! A antagonista da produção é a clássica vilã má por ser má e que anceia poder. O filme de Dean Israelite não se preocupa em justificar profundamente sua maldade. Rita Repulsa é má e ponto. Talvez pela busca desenfreada de poder, a ex-Ranger Verde tenha ido para o mal caminho. Mas quem realmente se importa? Banks emula sua própria versão da personagem com maestria, sendo em alguns momentos até mesmo assustadora.
Por não ter medo em deixar claro suas inspirações em "O Clube dos Cinco", "Power Rangers" é um filme que quer conversar com os adolescentes, é um filme direcionado a eles. Porém a trilha sonora segue caminho contrário, usando, por exemplo, a clássica música-tema da série de TV, buscando aquecer os corações de quem passava todas as manhãs vendo as aventuras dos heróis morfados. A Lionsgate conseguiu misturar muito bem nostalgia e modernidade, fazendo com que a produção conversasse com qualquer público que já tenha tido contato com a franquia.
A trilha sonora também auxilia no tom de humor da produção. Uma das melhores cenas ficam por conta de Rita Repulsa comendo donuts ao som de "Survivor" das Destiny's Child em quanto Goldar está destruindo tudo ao fundo. O humor aqui ganha inúmeros pontos ao ser pop, com referências a alguns personagens dos quadrinhos, e em alguns momentos é até mesmo ousado, alfinetando outra franquia com robôs gigantes.
Ao contrário do original de 95, esta produção é um filme de origem, logo, passamos boa parte dela com os heróis sem seus uniformes, e é aí que encontramos um dos problemas de "Power Rangers". Claro, não é necessário que o quinteto esteja morfado para termos um ótimo longa — para falar verdade, ele caminha muito bem apenas com os dramas pessoais. Porém deixar a morfagem apenas para o ato final implicou em sequências de ação corridas e mal executadas.
Entretanto, algumas sequências se destacam entre o primeiro e segundo ato. Como as cenas de perseguição, com uma delas contando com uma filmagem excelente em 360º. Até mesmo o primeiro encontro de todos os Rangers e Rita, que conta com uma ação minimamente tímida, consegue ser melhor que o misto de explosões e robôs gigantes do último ato. Talvez se tivéssemos um extensão daquela farofa, o saldo seria bem positivo.
Os problemas do longa de Dean Israelite não param por aí. O roteiro muitas vezes não é nem um pouco efetivo, deixando inúmeras pontas para trás. A computação gráfica não é das melhores. A sensação de estarmos vendo algo que precisava passar por mais alguns processos de renderização antes de chegar às telonas é eminente.
"Power Rangers" tem seus erros, mas compensa com seu tom pé no chão, sabendo muito bem o que queria ser. Banhando-se do humor, drama, um toque de nostalgia e muita diversidade entre os personagens, a produção traz também um grande potencial para a prometida franquia de 7 filmes. Os erros encontrados são de aspecto técnico e que podem (e devem!) ser corrigidos em um segundo filme. "Power Rangers" é surpreendentemente um ótimo ponta pé inicial, e não vemos a hora de morfar de novo!
A diversidade dos personagens que compõem o quinteto principal talvez seja o maior acerto da produção. É do histórico da série um certo grau de diversidade entre os heróis, porém aqui vamos além. Dentre os cinco, temos quatro etnias diferentes. E não podemos esquecer da grande representatividade que temos com a primeira heroína lésbica do cinema e um herói negro e com TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Rita Repulsa é um show à parte! A antagonista da produção é a clássica vilã má por ser má e que anceia poder. O filme de Dean Israelite não se preocupa em justificar profundamente sua maldade. Rita Repulsa é má e ponto. Talvez pela busca desenfreada de poder, a ex-Ranger Verde tenha ido para o mal caminho. Mas quem realmente se importa? Banks emula sua própria versão da personagem com maestria, sendo em alguns momentos até mesmo assustadora.
Por não ter medo em deixar claro suas inspirações em "O Clube dos Cinco", "Power Rangers" é um filme que quer conversar com os adolescentes, é um filme direcionado a eles. Porém a trilha sonora segue caminho contrário, usando, por exemplo, a clássica música-tema da série de TV, buscando aquecer os corações de quem passava todas as manhãs vendo as aventuras dos heróis morfados. A Lionsgate conseguiu misturar muito bem nostalgia e modernidade, fazendo com que a produção conversasse com qualquer público que já tenha tido contato com a franquia.
A trilha sonora também auxilia no tom de humor da produção. Uma das melhores cenas ficam por conta de Rita Repulsa comendo donuts ao som de "Survivor" das Destiny's Child em quanto Goldar está destruindo tudo ao fundo. O humor aqui ganha inúmeros pontos ao ser pop, com referências a alguns personagens dos quadrinhos, e em alguns momentos é até mesmo ousado, alfinetando outra franquia com robôs gigantes.
Ao contrário do original de 95, esta produção é um filme de origem, logo, passamos boa parte dela com os heróis sem seus uniformes, e é aí que encontramos um dos problemas de "Power Rangers". Claro, não é necessário que o quinteto esteja morfado para termos um ótimo longa — para falar verdade, ele caminha muito bem apenas com os dramas pessoais. Porém deixar a morfagem apenas para o ato final implicou em sequências de ação corridas e mal executadas.
Entretanto, algumas sequências se destacam entre o primeiro e segundo ato. Como as cenas de perseguição, com uma delas contando com uma filmagem excelente em 360º. Até mesmo o primeiro encontro de todos os Rangers e Rita, que conta com uma ação minimamente tímida, consegue ser melhor que o misto de explosões e robôs gigantes do último ato. Talvez se tivéssemos um extensão daquela farofa, o saldo seria bem positivo.
Os problemas do longa de Dean Israelite não param por aí. O roteiro muitas vezes não é nem um pouco efetivo, deixando inúmeras pontas para trás. A computação gráfica não é das melhores. A sensação de estarmos vendo algo que precisava passar por mais alguns processos de renderização antes de chegar às telonas é eminente.
"Power Rangers" tem seus erros, mas compensa com seu tom pé no chão, sabendo muito bem o que queria ser. Banhando-se do humor, drama, um toque de nostalgia e muita diversidade entre os personagens, a produção traz também um grande potencial para a prometida franquia de 7 filmes. Os erros encontrados são de aspecto técnico e que podem (e devem!) ser corrigidos em um segundo filme. "Power Rangers" é surpreendentemente um ótimo ponta pé inicial, e não vemos a hora de morfar de novo!