Não existe música pop sem reinvenções. De Michael Jackson a Beyoncé, são muitos os artistas que só se mantiveram no topo porque souberam ir além do que esperavam que eles fizessem e, ainda que divida bastante opiniões, na geração atual, Justin Bieber tem o seu mérito.
O canadense foi um dos precursores do pop adolescente pós-Youtube, abrindo as portas para o que ouvimos mais tarde com One Direction, Shawn Mendes, entre outros nomes, e com o disco “Purpose”, definiu também o sucesso do tropical house, que ditou a música pop de 2015 e 2016.
Em 2017, não teve tempo pra folga. Mesmo sem disco, o cantor foi responsável por impulsionar a música latina nos EUA, ao participar do smash hit de Luis Fonsi, “Despacito”, e agora retorna com o que deverá ser o primeiro passo para seu novo disco: a colaboração com Bloodpop em “Friends”.
Numa primeira audição, alguns detalhes podem passar despercebidos, mas a união de Bloodpop e Bieber acerta em elevar mais uma vez a sua música pop, numa proposta tão eletrônica quanto seu último disco, mas já distante do minimalismo tropical de Diplo e Skrillex, com quem produziu hits como “Where Are Ü Now” e “What Do You Mean”.
Bloodpop, inclusive, tem seu crédito no que Justin Bieber fez com o disco “Purpose”. O músico, que anteriormente assinava como Blood Diamonds, co-produziu o hit “Sorry”, maior sucesso do álbum, além de faixas como “Mark My Words”, “Children” e “I’ll Show You” - essa última talvez seja a mais próxima do que eles nos apresentam agora.
A música pop está sempre gritando por novidades. Nos últimos anos, o que mais vimos foram grandes nomes buscando se fortalecer em cima de tendências, porque, na playlist do Spotify, tudo é imediato demais; se não me atrai, eu pulo. E após dois singles em que muito se repetiu ou repetiu outrem, “Cold Water”, com Major Lazer, e “2U”, com David Guetta, Bieber volta a se colocar nos trilhos e, muito provavelmente, a trilhá-lo para quem virá a seguir.
Não há nada muito inédito em “Friends”, e quem já ouviu “Into You”, da Ariana Grande, o último disco da Carly Rae Jepsen e qualquer coisa lançada pela Robyn sabe disso. Mas a música acerta em usar um nome forte para fazer a música pop interessante outra vez, num momento em que, após tantas misturas, ela muito carece de uma identidade.
Vamos ser amigos do Justin Bieber?