No segundo episódio de “American Horror Story: Cult” fica evidente o afinamento do roteiro dessa temporada, que está muito mais focado do que em anos anteriores, sem criar tantos personagens que, muitas vezes, ficam sem terminar seu arco na história. Bem amarrada, a história foca em Ally (Sarah Paulson), sua mulher Ivy (Alison Pill) e seu filho. O relacionamento das duas fica mais difícil com as crises de Ally, e fica evidente como Ivy busca fugir do apoio à esposa, colocando nas mãos do psicólogo. Essa falta de companheirismo só faz aumentar o isolamento de Ally, que começa a perceber o distanciamento de seu filho Oz (Cooper Dodson), e é rejeitada até pela esquisita babá Winter (Billie Lourd).
Kai (Evan Peters) aparece como alguém mais inteligente do que vimos em um primeiro momento. A violência que instigou e sofreu no primeiro episódio tem consequências planejadas por ele. Além disso, sua história se encontra com a de Ally mais uma vez, e ficamos instigados para entender até onde isso vai. Kai pode ser o vilão por trás de tudo o que está acontecendo, como as mortes dos amigos de Ally e esses palhaços que começam a passar a impressão de que podem ser verdadeiros. Pelo menos em parte.
A chegada de Harrison (Billy Eichner) e Meadow (Leslie Grossman) na série, como novos residentes na casa onde aconteceram as mortes nos mostra um casal estranho, devotos de Nicole Kidman e adeptos do amor livre. Viram suspeitos automaticamente com esse papo todo. Com eles há também uma cena onde diversas armas são apresentadas à Ally, em nome da proteção familiar, e ficamos chocados com a naturalidade com que esses equipamentos são manuseados. É uma crítica e tanto a uma sociedade fã de armas, e bizarro para nós brasileiros. Fica claro aí como o medo pode modificar valores fundamentais do indivíduo, e que esses dois são mesmo estranhos.
O segundo episódio já dá pistas de onde a trama pretende nos conduzir. Diferente de temporadas anteriores, estamos em um roteiro feito praticamente da visão de Ally, e os medos de uma mulher de classe média, mas que parece ser instigada por todos a sua volta a perder a cabeça. A falta de apoio da esposa, a babá estranha, as mortes ao seu redor, a vizinhança suspeita. Não só a eleição ou fobias, há um mistério aí, e envolve Kai e seu projeto político. O final parece óbvio do jeito que aconteceu, um desastre para atordoar ainda mais Ally, mas funciona no caótico momento da protagonista. "AHS: Cult" é um capítulo dessa antologia que surpreende, e já se destaca pela narrativa. Ansiosos para o próximo, sobretudo pelo desenvolvimento dos vilões, que nessa temporada estão mais mascarados que nunca?