Geralmente os pipocões são os que
mais faturam em bilheteria: efeitos especiais a rodo, animações e seres
fantásticos e/ou irreais são alguns dos ingredientes quase que imprescindíveis
para a fórmula dos blockbusters. Porém, nem sempre isso dá certo e, às vezes, o
filme arrecada menos do que o esperado, obtendo pouco lucro em cima do que foi
gasto para produzi-lo.
O fato é: existe uma possibilidade de “Blade
Runner 2049”, que contraditoriamente teve boas críticas, seguir este caminho. Apesar
de ter obtido um bom resultado de bilheteria na pré-estreia estadunidense, que
rolou na última quinta-feira à noite (5 de outubro), o longa, que dá
continuidade à “Blade Runner” (1982), teve um resultado decepcionante no final
de semana de estreia, arrecadando apenas US$ 31,5 milhões – enquanto a
expectativa da Sony era de somar cerca de US$ 50 milhões nos EUA. Vale lembrar que seu antecessor também não foi um sucesso de bilheteria.
Acredita-se que há chances de
esses números alavancarem com o lançamento na Ásia, o que é comum de acontecer.
Na Coreia do Sul, o filme estreia nesta semana (12 de outubro), mas no Japão o
lançamento acontece apenas no dia 27 de outubro e é só no dia 10 de novembro
que “Blade Runner 2049” chega aos cinemas chineses. Com o custo de US$ 150
milhões, os dedos estão cruzados para que o longa de Denis Villeneuve ("A Chegada", "Sicario") atinja a
marca dos US$ 400 milhões em bilheteria mundial, que é o valor esperado.
Neste ano mesmo tivemos alguns
exemplos de longas que prometiam uma maior margem de lucro, mas acabaram
falhando na missão. “Power Rangers”, por exemplo, arrecadou apenas US$ 142
milhões, sendo que o orçamento foi de US$ 100 milhões. “Alien: Covenant” teve
um pouco mais de sorte e fez US$ 232 milhões com o mesmo orçamento de “Power
Rangers”, mas ainda assim é pouco se comparado ao seu antecessor, “Prometheus”,
que levantou, em 2012, US$ 403 milhões. “Blade Runner 2049” não é, exatamente,
um pipocão, o que poderia justificar sua falta se sucesso.
Muitos acreditam que a
continuação filme de 1982 seja uma espécie de “novo Mad Max”, o que é
justificável, já que a história sobre um mundo distópico repleto de androides é
pano de fundo para questionamentos filosóficos sobre nossa própria condição
humana. Resta saber se o longa, que é cheio de surpresas (e que, diga-se de
passagem, tem grandes chances de disputar por títulos no Globo de Ouro e Oscar),
conseguirá recuperar o fôlego. Isso é a prova de que nem sempre
qualidade é sinônimo de sucesso – e que sucesso é sinônimo de qualidade.