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"Pantera Negra" é uma das produções mais inovadoras do gênero nos últimos anos

Filme do herói é um sopro de frescor ao cinema de super-heróis
Como nós dissemos há alguns dias aqui no It Pop, "Pantera Negra" é um dos filmes mais importantes em termos de representatividade negra na Hollywood atual (e talvez em toda a sua história), o que já faz destaca positivamente a produção e é um bom motivo para assisti-la. Levando isso em consideração, chegou a hora de trazer aqui a nossa tradicional review, que busca explorar com mais afinco alguns aspectos do longa-metragem.

Construído em torno do super-herói da Marvel que dá título ao filme, Pantera Negra (Chadwick Boseman, de "Deuses do Egito"[2016]), e apresentando sua nação fictícia Wakanda, que é composta pela união de tribos africanas, a produção ocupa-se em melhor explorar e introduzir elementos levemente abordados em "Capitão América: Guerra Civil" (2016), que contou com a primeira aparição do protagonista e eventos que só viriam a ser revisitados agora, em seu momento solo, e por meio de uma trama que condensa situações do passado com elementos futuristas.

De cara, a primeira coisa que chama atenção no filme é o quão inovador ele é - uma palavra que há tempos não era utilizada dentro do "cinema de super-heróis", gênero que se consolidou neste século e  atualmente conta com diversas produções ao ano, já quase enlatadas em sua fórmula técnica. Os primeiros momentos de "Pantera Negra" em si já elevam toda a coisa a outro nível, fazendo o espectador perguntar para si mesmo o que ele está vendo em tela: há uma tecnologia ainda mais avançada; uma fantasia mais curiosa e deslumbrante; uma ação com mais fôlego, que é apresentada sob diferentes aspectos, passando por sequências de animação em frames de luz pulsante, de coreografia em uma superfície aquática e até por um quase plano-sequência. Sim, é bem intrigante e diferente de assistir.

Percebe-se que, ao mesmo tempo em que a direção de Ryan Coogler ("Creed", 2015) é cautelosa em apresentar um sopro de novidade, ela é bastante contemplativa; a abordagem de toda a produção, ainda que sob a superfície do já existente MCU (Marvel's Cinematic Universe), não deixa os elementos africanos para trás, tendo noção de que são um grande diferencial e influência do filme. Há muito do moderno, sim; mas também há muito respeito à tradição cultural, com cores, roupas, ritmos, crenças e outros aspectos tribais que permeiam a direção de arte e o desenvolvimento narrativo do filme. Esses elementos, unidos à seleção de canções feita por Kendrick Lamar e à trilha sonora de Ludwig Göransson (frequente colaborador de Childish Gambino [aka Donald Glover]), trazem um contraste geracional que consegue assumir ritmo harmonioso. 

No roteiro, escrito pelo próprio diretor e Joe Robert Cole, que é vencedor de muitos prêmios importantes da área pela minissérie "The People v. O. J. Simpson: American Crime Story", há ainda espaço para política, trazendo um vilão que (amém) possui motivações relevantes dentro deste aspecto. Na verdade, o estúdio possui praticamente nenhum filme tão político (ou mais, até) do que "Capitão América 2: O Soldado Invernal" (2014).

Sobre o vilão Erik Stevens, é preciso destacar que seu intérprete, Michael B. Jordan, rouba a cena desde sua primeira aparição. Já parceiro de Coogler há alguns anos, o ator externa camadas de rancor, ódio, tristeza e cinismo. O elenco inteiro, inclusive, tira nota dez no dever de casa: repleto de atores premiados, como Lupita Nyong'o, Forest Whitaker, Angela Bassett, Sterling K. Brown, Danai Gurira e o indicado ao Oscar de Melhor Ator desse ano Daniel Kaluuya, não há coadjuvantes que não brilhem em tela; exceto Martin Freeman, com um sotaque de inglês americano horroroso. Curiosamente, Chadwick Boseman não chega a ser de fato ofuscado, mas não permanece tão marcado na mente quanto seus colegas, mesmo sendo o personagem-título.

"Pantera Negra", no entanto, não é um filme perfeito; embora seja diferente da maioria, ainda carece do mal de seu gênero, com uma montagem que às vezes parece ter sido feita às pressas e arcos que são esquecidos ou se desenvolvem de forma episódica. Existem, também, muitas e marcantes semelhanças com a animação da Disney "O Rei Leão" (1994); não pela prevalência da temática africana, mas pelo dilema envolvendo ancestrais, família e disputa pelo trono em uma monarquia. Pode ser um ponto negativo aqui, mas ao mesmo tempo indica que não precisamos temer tanto a versão live action do filme clássico, que possui previsão de lançamento para o ano que vem.  

O filme do príncipe T'Challa e seu alter-ego felino, carregado de relevância cultural e impacto na indústria do entretenimento, é um bom exemplo do resultado exemplar que se obtém quando um estúdio grande reúne um time de profissionais de talento e investe alto por seu trabalho. E isso é ótimo para o público; afinal, é muito bom finalmente ter algo fresco no prato.

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