Slider

Editorial: Ainda não é uma receita de bolo

Uma vez disse Nina Simone que a “liberdade significa não sentir medo”. Este é um texto por nossa liberdade.
Este texto não é em apoio a qualquer partido político, mas, sim, ao nosso direito de seguir escolhendo quem nos representará pelos próximos anos e não permitir que quaisquer discursos de ódio contra tudo aquilo o que somos e defendemos sejam maiores do que a nossa liberdade de existirmos e podermos nos manifestar pelos nossos.

Desde o início do It Pop, há oito anos, nós sempre buscamos ir além do simples entreter e noticiar. Queríamos - e seguimos querendo - discutir, dialogar, levantar debates, trazer a informação e, com ela, construir não só uma base de leitores em busca de algo maior, mas, sim, pessoas dispostas a usarem a sua voz em prol da mudança.


Nesses anos, o que não faltaram foram brigas compradas por nós e camisas que, por todos os valores que carregamos, simplesmente não tínhamos como não vestir. E, desta forma, falamos sobre Lady Gaga para falarmos sobre a luta LGBTQI+; falamos sobre Azealia Banks e Kanye West para conversarmos sobre racismo; falamos sobre Beyoncé para discutir sobre feminismo (e o feminismo negro) e assim por diante. Utilizamos de todo paralelo possível para entregar mais do que meros textos sobre cultura pop. Pra falarmos sobre pessoas para outras pessoas. Fossem elas parte desses grupos ou não. A ideia sempre foi debater, falar em privilégios, falar em opressões e, claro, aprender sobre tudo isso junto com vocês, também.

Hoje, o Brasil se vê assombrado por um velho inimigo que, em alguns meses, pode colocar em ameaça absolutamente tudo o que conquistamos desde a ainda recente redemocratização do país e, enquanto fãs de cultura pop que sempre entenderam o lado que estavam em obras que vão de “Star Wars” à “1984”, “Admirável Mundo Novo” à “Jogos Vorazes”, “Fahrenheit 451” à “Blade Runner”, “X-Men” à “The Handmaid’s Tale”, nos sentimos no dever de defender este lado.

Assim como nossos leitores, o It Pop é um site formado por pessoas de diferentes origens e vivências e, em nossa equipe, nós somos homens e mulheres negros, brancos, LGBTQIs, das mais variadas regiões do país. Enquanto partes desses grupos minorizados, nós compreendemos a importância de lutar por nossa existência antes mesmo de serem idealizados os mitos ditos salvadores da pátria e, embasados por nossa história, agora real, não fictícia, compreendemos também o perigo dos discursos de ódio, da relativização de um período tão sanguinário como foi a ditadura e desse flerte escancarado com o fascismo. Ainda mais quando falamos do país que mais mata LGBTQIs no mundo, em que um negro morre a cada 23 minutos e uma mulher é assassinada a cada duas horas.



Como princípio de uma pluralidade democrática, nós compreendemos, respeitamos e defendemos que todos possam ser livres para seguirem as suas próprias inclinações políticas, assim como entendemos que, no cenário atual, a discussão vai extremamente além do ser contra ou a favor do partido X ou Y, bem como de estar ao lado esquerdo ou direito da bandeja. E, neste sentido, ressaltamos que só existe um lado possível para quem não defende toda essa violência e, se você a relativiza por qualquer outro tópico que julgue mais importante, provavelmente ainda não compreendeu o que está em risco.

Leia, se informe, questione, duvide. Leia de novo. E outra vez. Converse com seus amigos. Se coloque no lugar de cada um deles. Pense, discuta, se informe mais uma vez. E não abra mão do seu voto. 

Uma vez disse Nina Simone que a “liberdade significa não sentir medo”. Este é um texto por nossa liberdade. Ele não, nunca, jamais. Haddad, sim.

disqus, portalitpop-1

NÃO SAIA ANTES DE LER

música, notícias, cinema
© all rights reserved
made with by templateszoo