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Lista: as 15 melhores cenas do cinema em 2018

De "Shallow" em "Nasce Uma Estrela" ao Live Aid em "Bohemian Rhapsody", esses são os maiores momentos do ano
Antes da lista definitiva com os 40 melhores filmes de 2018, tenho que selecionar os maiores momentos da Sétima Arte no ano. Aquelas cenas ou sequências inesquecíveis, impactantes, visualmente belíssimas e que tiraram o fôlego - então atento que vários dos nomes aqui estarão na lista final.


O critério de escolha das cenas não passa por um só ponto, e sim o conjunto de tudo que foi citado no primeiro parágrafo - os textos explicam melhor o motivo da escolha. É importante pontuar que: inevitavelmente, algumas escolhas possuem spoilers. Tentarei ao máximo deixar as revelações de fora com textos mais curtos, todavia, há cenas (principalmente as que estão no final do determinado filme) que não dá para fugir. Então haverá um símbolo de aviso (⚠️) antes dos textos com spoilers para não estragar sua experiência. Bom apetite.


15. A Esposa: a entrega do Nobel ⚠️

Glenn Close teve que decorar muitos diálogos para viver a esposa de um famoso escritor, porém, sua melhor cena é quando não há diálogo algum. No momento em que o marido recebe o Nobel de Literatura e ela finalmente atinge o limite de tolerância ao ver o homem levando o crédito que deveria ser dela, o poder do Cinema é atingido pela montanha-russa de expressões da atriz.

14. As Boas Maneiras: o final ⚠️

O filme mais original a surgir em solo brasileiro há sabe-se lá quanto tempo, "As Boas Maneiras" é um mix de gêneros que sai do suspense e cai na fábula, com gore, musical e romance no meio. O que poderia ser uma bagunça é demonstração da criatividade tupiniquim que orquestra um final fabuloso, quando homem e criatura decidem unir forças em prol da salvação. O close - aqui ilustrado - é fenomenal.

13. Pororoca: o final ⚠️

"Pororoca" é um seco e difícil longa sobre o desaparecimento de uma garota, e como o evento impacta irreversivelmente a vida de seus pais. Com foco no pai, o filme segue sua queda ao abismo da insanidade enquanto procura desesperadamente a filha. Sob uma ótica humanista extrema, vemos o homem escolhendo um culpado e liberando todo seu ódio de forma desenfreada, numa cena assustadora. Os créditos sobem, mas as imagens ainda ecoam.

12. Oitava Série: a fogueira

"Oitava Série" tem inúmeros momentos que comprovam como já nasceu um marco para o coming-of-age e as dificuldades de crescer em meio a tantas pressões sociais. Mas nada supera a doçura da cena da fogueira, quando Kayla pergunta ao pai se ela o envergonha, já que ela se considera uma falha enquanto habitante desse planeta. Há tanta ternura, vulnerabilidade e paixão cinematográfica que você sai aquecido como se estivesse ao redor daquela fogueira.

11. Bohemian Rhapsody: o Live Aid

Se "Bohemian Rhapsody" falha como cinebiografia, a fita acerta enquanto celebração da obra do Queen, e toda a precisa sequência do Live Aid é o resultado disso. E nem me refiro à sincronia por vezes bizarra entre os movimentos dos atores e o momento real, mas sim pelo júbilo sonoro imposto pela reencenação do live de hinos como "We Are The Champions" e a faixa-título. Impossível não se contagiar - mesmo com o claro CGI na plateia.

10. Roma: o abraço na praia ⚠️

Se você leu minha crítica de "Roma", sabe que eu não faço parte do grande time que amou o longa, no entanto, é inegável o quão bela é a cena da praia. Encapsulação de todas as tensões emocionais do roteiro, o momento em que a protagonista enfrenta o medo do mar para salvar os filhos da patroa - já que se recusa a deixar mais alguma criança morrer - é celebração audiovisual.

9. Um Homem Íntegro: o ataque dos corvos ⚠️

A epopeia de um trabalhador lutando contra o sistema corrupto que o engalfinha de "Um Homem Íntegro" sofre diversas reviravoltas para piorar a situação do nosso herói de carne e osso. O ataque dos corvos leva o ouro pela direção fora de série, que gera um terror digno de "Os Pássaros" de Hitchcock ao vermos aquela chuva de penas cimentando a morte do ganha-pão do protagonista.

8. Sem Amor: o filho atrás da porta

Talvez o título mais direto e correto do ano seja o de "Sem Amor", então assistir ao filme é uma experiência bastante indigesta. O momento que consegue resumir tudo o que o árido longa quer falar é quando os pais discutem sem saber que o filho está ouvindo a tudo atrás da porta - revelado com um jogo de câmera majestoso. Enquanto eles estão ocupados demais se odiando, sobra para o garoto, renegado e símbolo de uma relação em ruínas.

7. Custódia: a ligação ⚠️

"Custódia" tem traços parecidos com o pontapé de "Sem Amor", mas o filho aqui é muito amado pela mãe. O pai, em contrapartida, manipula o menino para arrancar informações sobre a vida da ex-mulher. Um daqueles personagens para odiarmos, tudo vai ao máximo quando ele tenta matar a família num surto de ciúmes, um conto de horror da vida real que é espelho perfeito do feminicídio ao redor do mundo.

A paixão de verão mais aclamada dos últimos tempos, todos os problemas de desenvolvimento de "Me Chame Pelo Seu Nome" são sanados quando Elio tem o diálogo mais literário do ano. Sem soar ensaiado, a lição de vida dada pelo pai, que foge da auto-ajuda, é um verdadeiro tapa na cara. "Arrancamos tanta coisa de nós mesmos para nos curarmos mais rapidamente das coisas que aos 30 anos já estamos falidos e temos menos a oferecer cada vez que começamos com uma pessoa nova". Precisa falar mais?

5. Hereditário: o jantar ⚠️

O terror do século possui diversas cenas que poderiam estar aqui - a do poste e o final, por exemplo -, mas escolhi o jantar por ser peça-chave da condução do enredo. Todos os conflitos enterrados explodem como um vulcão quando remorsos e rancores são vomitados ao redor da mesa, uma aula de atuação de Toni Collette, que merecia um Oscar. Mesmo não sendo a primeira sequência ao pensarmos em "Hereditário", é a mais afiada enquanto Cinema.

4. Nasce Uma Estrela: Ally canta "Shallow" pela primeira vez

"Shallow" foi originalmente idealizada para ser a música de encerramento de "Nasce Uma Estrela", entretanto, sabiamente foi movida para o começo do filme. Parte fundamental no relacionamento de Jack e Ally, é aqui que todo o impacto visual e sonoro desse musical delicioso atinge seu clímax. Desde a sequência em que a câmera gruda no rosto de Lady Gaga tomando coragem para ir ao palco pela primeira vez até os vocais imaculados da cantora, "Shallow" vai receber um Oscar em 2019 sem resquício de contestações.

Que "Projeto Flórida" é uma obra necessária, já sabemos - a esnobada no Oscar foi um crime. O curioso é como a duração mantém um estilo quase documental e joga tudo pela janela no final, quando Moonee decide fugir para não ir a um orfanato. Abrindo uma metáfora cinematográfica, entramos na fantasia da menininha e aonde ela deseja parar, um sonho na tela tão desolador e puro que sacode a plateia.

2. A Casa que Jack Construiu: o Inferno ⚠️

Vaiado e ovacionado em sua estreia, "A Casa que Jack Construiu" segue a lógico do cinema de Lars Von Trier: o choque pela reflexão. Realmente há cenas pavorosas de violência, todavia, a beleza plástica da produção está resumida no último momento, quando o protagonista vai para o Inferno. Reproduzindo o quadro "A Barca de Dante" de Eugène Delacroix, Trier nos leva ao submundo à la "Inferno de Dante" e entrega sequências visuais irretocáveis. 

De todos os deleites visuais de 2018 - felizmente foram vários -, o final de "A Forma da Água" é tudo o que a Sétima Arte poderia pedir. Com uma mistura de efeitos visuais e práticos, a sutileza do ápice da paixão entre uma mulher muda e um anfíbio consegue arrancar lágrimas - e o poema recitado durante é a catarse absoluta: "Incapaz de distinguir sua forma, eu te encontrei todo ao meu redor".

***

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