Eu, obviamente, não discuto sobre Cinema apenas nessa bela coluna que se chama Cinematofagia. Numa roda de amigos debatendo as delícias da Sétima Arte, um deles me perguntou o porquê eu gostar de filmes "difíceis", filmes estes que ele mantinha segura distância. Minha resposta foi automática: "Porque eles são prepotentes".
Gargalho gostosamente quando vejo alguém usando esse adjetivo, prepotente, como demérito de alguma obra. "Ah, esse filme é péssimo, muito prepotente". Há algo mais prepotente no mundo que o Cinema? Entre um longa prepotente e outro que está feliz apenas em existir, eu fico com o primeiro. Pensei em fazer uma lista com filmes prepotentes, mas isso soa ridículo. A saída brotou com obviedade: uma lista com filmes que discutem temas tabus.
O tabu designa qualquer assunto que esteja rodeado por uma áurea de proibição ou censura. Não se assuste, você, ao saber que o tabu é uma regra puramente religiosa, que atualmente se espalha para o âmbito social e cultural. Por isso, o que é tabu para nosso contexto pode ser algo tranquilo para outro, afinal, a moralidade é cultural. Isso não quer dizer que temas tabus são apenas aqueles assuntos que o conservadorismo tenta esconder. Tabu também é algo que fazemos/somos/queremos, mas não admitimos por vergonha ou por medo.
Escolhi 10 filmes, todos dos anos 2000, que estudam e desafiam 10 temas que não estamos tão confortáveis assim, o que comprova a importância do Cinema: pôr na tela discussões de maneira segura, gerando contestações e desconstruções na cabeça do público. Claro, todos os filmes listados possuem meu selo de qualidade, não sendo escolhidos apenas pelo tema, mas também pelo afinco que o aborda. Mesmo não sendo exatamente entretenimento, todos os filmes possuem um função educacional importante. Maratoná-los fica por sua conta e risco - mas a desconstrução é garantida.