Como todo momento em que música pop parece soar igual (ou, nesse atual momento, quando o pop está em baixa, se recuperando aos poucos), surge sempre algum artista com um som por vezes pop, por vezes algo que a gente nem sabe definir muito bem, chamando atenção e se tornando mainstream. Foi o caso, por exemplo, da Lorde, e é agora o caso da Billie Eilish.
Com apenas 17 anos, a artista está fazendo um grande barulho, principalmente considerando que antes dessa sexta-feira (29) ela só tinha apenas um EP, "don't smile at me", que chegou à marca de 1 bilhão de plays no Spotify, e alguns singles avulsos. Seu som experimental, estranho e visceral conquistou uma grande fanbase, principalmente entre os adolescentes e jovens, enquanto seu jeito de garota edgy e diferentona despertou uma implicância de alguns.
Mas aí que, entre opiniões diversas e muita expectativa, chegou a hora de Billie provar que realmente tem competência para se estabelecer nessa indústria e que pode ser muito mais do que uma moda passageira com seu álbum de estreia, "WHERE WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?". E ela realmente deu tudo de si.
Numa clara evolução do que vimos em seu EP, seu primeiro disco traz uma maturidade musical ainda maior, o que já seria chocante em qualquer álbum de estreia, ainda mais vindo de uma garota tão nova. Ela sabe quem é como artista, o que quer fazer e, principalmente, como, experimentando sem medo todo tipo de som (mesmo!), saindo de sussurros ao uso de seu grave, optando por caminhos nada convencionais que simplesmente funcionam.
Esse senso de experimento percorre o álbum todo e talvez o principal motivo seja a produção do material, que ficou nas mãos do FINNEAS, irmão mais velho de Billie e co-compositor do disco. Juntos, eles se sentem confortáveis para ousar e realmente tentar coisas novas, dos barulhos ensurdecedores de "xanny" ao background com cara de filme de terror de "bury a friend", duas das melhores faixas do material.
Assim como as duas citadas acima, "bad guy", "ilomilo" e "my strange addiction", essa com vários samples da série de comédia The Office (US), também são faixas daquelas definitivas, que realmente consolidam o som do material, e vem cheias de identidade. Se você quer primeiro testar algumas canções antes de se jogar no disco todo, recomendamos essas.
O som de Billie não é fácil de digerir. Quando parece que ela vai pegar a rota mais óbvia, fazer algo que a gente já viu, nos dar um descanso, ela vai lá e surpreende. É incômodo, é aleatório, mas é interessante, vai além. E ao passarmos por toda a camada experimental, somos capazes de entender totalmente como e porque o "WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?" é um dos melhores discos de estreia dos últimos anos.
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