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Kendrick Lamar encerra Lolla 2019 rimando sobre racismo pra público majoritariamente branco

Um dos artistas mais importantes da música atual, rapper americano fez show grandioso, que não passou na TV, mas ficará na história do festival.
Foto: Fábio Tito/G1

Kendrick Lamar certamente é um dos nomes mais relevantes da cultura atual. Aclamado pela crítica e comercialmente, com dois dos discos mais importantes da história negra contemporânea na música e, de quebra, um prêmio Pulitzer pelo disco “DAMN.”, o músico é daqueles que você sabe que vale a pena ouvir antes mesmo de saber do que se trata e, com essa moral, encerrou a edição deste ano do Lollapalooza à todo vapor.

Maior atração deste domingo (07), o rapper apresentou um show curto e objetivo, composto pelas músicas mais marcantes de sua carreira, de “m.a.a.d. city” aos hits “Alright”, “Bitch Don’t Kill My Vibe” e “HUMBLE.”. E ainda encerrou com “All The Stars”, parceria com a revelação SZA, presente na trilha sonora de “Pantera Negra”.



Ao contrário do que rolou com Post Malone na noite anterior, Kendrick foi de poucas palavras: agradeceu o carinho dos fãs e pediu pra que cantassem ao longo do show, que não foi transmitido na TV. A interação mais marcante, sem dúvidas, fica para o final, quando o rapper brinca sobre não querer sair do palco e, ainda sob o arranjo de “All The Stars”, garante: eu vou voltar.

Com letras que discutem sobre o racismo e violência racial dos EUA, ficou difícil esconder o incômodo em meio ao público majoritariamente branco presente no festival. Muitos eram fãs, usavam camisetas e gritavam com cada uma de suas rimas, mas também houve quem estivesse apenas pelo hype ou vacilasse em repetir expressões racialmente problemáticas, como a palavra “n*gga”, equivalente a “criolo” em inglês, e se apropriasse de trejeitos estereotipados que provavelmente não utilizariam se estivessem no palco vizinho, ao som de Years & Years. Se já conheciam o som do rapper, faltou se aprofundar na interpretação das letras.



Valendo a máxima seria-trágico-se-não-fosse-cômico, uma mulher branca que assistia ao show não hesitou em alertar a amiga, também branca, ao ver uma bandeira dos EUA exposta no telão: tinha certeza de que a próxima música seria “This is America”. O que ela provavelmente não sabia é que, na verdade, esse é o hit de outro músico, o também talentosíssimo Childish Gambino.
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