Quando um remake em live-action de "Mulan" foi anunciado, não demorou muito para que as polêmicas mudanças - ausência de personagens e canções - fossem noticiadas e, consequentemente, não demorou para que os nostálgicos de plantão demonstrassem toda sua insatisfação. A gente entende a frustração de quem vê sua obra amada ganhando uma nova roupagem, mas é sempre válido lembrar que um remake não invalida sua versão original. Muito pelo contrário. Prova que duas visões de uma mesma obra podem coexistir. Esse é o caso de "Mulan".
Visando o mercado chinês - antes de uma pandemia por o fim dos planos gananciosos da Disney, a adaptação dirigida por Niki Caro optou por remover dois personagens: Li Shang, que foi substituído por Chen Honghui (Yoson An), e o clássico Mushu. O personagem dublado originalmente por Eddie Murphy não foi muito bem aceito pelo público chinês na época do lançamento da animação, então uma fênix entrou em seu lugar, cumprindo papel semelhante, mas sem o humor característico.
Além dos personagens, todas as músicas cantadas foram cortadas, mas isso não influi necessariamente que elas não estão, de fato, no longa-metragem. Um solução tomada foi fazer referência às canções em diálogos e, em alguns momentos, há instrumentais que remetem as músicas da animação. Há também a reinterpretação de uma fala muito amada pelos fãs, mas desta vez em um tom muito mais maduro, para fazer jus a seriedade que o longa-metragem quer passar, afinal, o seu cenário principal é uma guerra.
Enquanto os demais live-actions da Disney visam ser uma releitura de ponta a ponta, "Mulan" tem muito mais liberdade para ser livre. Há vários pontos que se cruzam com o original - caso contrário seria uma produção completamente diferente, mas há outros pontos que foram livremente mudados. Não por conta dos personagens removidos. Ao contrário. A trama toma caminhos interessantes graças a adição dos novos personagens.
Xian Lang (Gong Li) faz parte da nova leva, ao lado de Chen Honghui, mas diferente do "par" de Mulan sua presença é muito mais necessária e interessante. Xian é essencial para os novos caminhos optados nesta adaptação, principalmente para o modo que Mulan revela sua verdadeira identidade. A relação das duas é um dos pontos altos dessa versão, enquanto a relação entre Mulan e Honghui é deixada de lado. Porém, a decisão faz sentido para o final que os personagens recebem.
Se Gal Gadot e Robert Downey Jr. personificaram Mulher-Maravilha e Homem de Ferro, o mesmo acontece com Liu Yifei. Na verdade, boa parte do elenco consegue traduzir bem as versões originais nesta adaptação, mas Yifei consegue se destacar graças ao seu carisma como vilã. Sua química com Gong Li, aliás, é inegável e contribui bem para que ambas se destaquem.
A ação é outro ponto forte, mas não foge muito do que foi mostrado em trailers e outros materiais de divulgação. Isso não quer dizer que são ruins. Acontece que o longa-metragem pouco entrega novidades ao espectador. Todavia, é inegável que os movimentos de câmera contribuem muito para a imersão de algumas cenas, principalmente no ato final.
Apesar dos pontos altos citados até aqui, o longa-metragem não consegue fugir de alguns problemas. A montagem e edição incomodam. Há momentos em que se permanece a sensação de que está faltando algo e em outros a transição de cenas é brusca demais. Isso quebra um pouco o ritmo e faz com alguns momentos-chave não passem completamente a emoção necessária ao espectador.
Os efeitos visuais são competentes, mas a computação gráfica não faz jus ao orçamento de US$ 200 milhões. Na verdade, o longa-metragem como um todo não parece ter o custo que teve, mas provavelmente há cenas que foram cortadas - confirmadas pela diretora - que justifiquem o orçamento milionário. Uma pena, principalmente porque talvez tais cenas poderiam contribuir para a narrativa picotada.
O saldo final de "Mulan" acaba sendo mais positivo do que negativo, apesar de alguns pontos, que podem ser justificados devido a uma possível intervenção do estúdio - principalmente a montagem e edição. Esta nova versão é apenas mais uma da lenda chinesa, como o próprio filme deixa claro, e isso contribuiu para que a narrativa tomasse caminhos interessantes. "Mulan" definitivamente não foi feito para quem é nostálgico e isso é ótimo. Se não gostar, é só assistir a versão original.
A ação é outro ponto forte, mas não foge muito do que foi mostrado em trailers e outros materiais de divulgação. Isso não quer dizer que são ruins. Acontece que o longa-metragem pouco entrega novidades ao espectador. Todavia, é inegável que os movimentos de câmera contribuem muito para a imersão de algumas cenas, principalmente no ato final.
Apesar dos pontos altos citados até aqui, o longa-metragem não consegue fugir de alguns problemas. A montagem e edição incomodam. Há momentos em que se permanece a sensação de que está faltando algo e em outros a transição de cenas é brusca demais. Isso quebra um pouco o ritmo e faz com alguns momentos-chave não passem completamente a emoção necessária ao espectador.
Os efeitos visuais são competentes, mas a computação gráfica não faz jus ao orçamento de US$ 200 milhões. Na verdade, o longa-metragem como um todo não parece ter o custo que teve, mas provavelmente há cenas que foram cortadas - confirmadas pela diretora - que justifiquem o orçamento milionário. Uma pena, principalmente porque talvez tais cenas poderiam contribuir para a narrativa picotada.
O saldo final de "Mulan" acaba sendo mais positivo do que negativo, apesar de alguns pontos, que podem ser justificados devido a uma possível intervenção do estúdio - principalmente a montagem e edição. Esta nova versão é apenas mais uma da lenda chinesa, como o próprio filme deixa claro, e isso contribuiu para que a narrativa tomasse caminhos interessantes. "Mulan" definitivamente não foi feito para quem é nostálgico e isso é ótimo. Se não gostar, é só assistir a versão original.