Provavelmente, você já assistiu algum videoclipe dirigido pelo diretor francês Romain Gavras (filho do cineasta Costa-Gavras), seus filmes, comerciais e videoclipes; que sempre buscam retratar de alguma forma mais realista algumas subculturas. Como modo de vida ou manifestações artísticas, ou algum assunto que permeia a sociedade trazendo isso à tona de forma mais bruta, sempre se justapondo com a energia que a música pede.
Em seu currículo há grandes nomes da música como Jay-Z, M.I.A, Jamie XX, Mark Ronson, Justice, DJ Mehdi e Kanye West. Marcas e produtos como Adidas, Powerade e Samsung já tiveram comerciais dirigidos pelo o mesmo, assim como grandes grifes como Dior, Yves Saint Laurent e Louis Vuitton. Mas o que nos interessa aqui são os videoclipes, vamos a eles!
Os trabalhos de Maya com Romain começaram em 2010, quando a cantora lançou o curta-metragem de "BORN FREE", o filme de 9 minutos mostra um grupo da S.W.A.T invadindo um prédio atrás de um jovem ruivo. O clipe mostra a perseguição e a chegada ao campo de concentração enquanto a bagunça de sintetizadores e guitarras da música ilustram as cenas fortes de extermínio. Na época, foi um grande choque, banido do território americano no Youtube em sua estreia, e mais uma adição à coleção de críticas sóciopolíticas que a cantora sempre deu na sociedade.
4) JUSTICE, "Stress" (2008)
O videoclipe de "Stress" deu o que falar. Proibido de passar na TV em alguns países da Europa, levantando a discussão entre vários setores da sociedade, como o filósofo espanhol Eduardo Subirats que definiu o clipe como “cinismo, irresponsável e genocida”, e do jornalista americano David Knight que defendeu o videoclipe das acusações de “apologia a violência”.
Apelidado por alguns como “o Laranja Mecânica do Terceiro Milênio” o clipe do álbum de estreia, "Cross", do duo francês de música eletrônica Justice, mostra um grupo de jovens negros e imigrantes causando pelas ruas dos subúrbios Paris; assolando pessoas com grande violência, assédio, assaltos, vandalizando tudo pela frente (eles não perdão nem o cameraman que gravava eles pela cidade). O ultra realismo das imagens com a cacofonia dos instrumentos, fazem jus ao nome da música e a gangue que causam usando jaquetas com a estampa da cruz-caixão, a mesma usada na capa de "Cross".
3) JAMIE XX, "Gosh" (2016)
Fazendo parte do projeto solo do responsável pela alçada eletrônica da banda The XX, "In Colours", do Jamie XX. A cereja do bolo do clipe é o local de filmagem, uma cidade abandonada na China, chamada Tianducheng, criada para ser uma réplica exata de Paris. O clipe conta com 400 atores, e um batalhão de jovens que usam o mesmo figurino e o mesmo corte de cabelo e nenhum tipo de efeito especial. Com cortes de câmera e estratégias de filmagem que deixariam qualquer filme hollywoodiano de queixo caído.
Você pode ver o making of do videoclipe aqui.
2) M.I.A., "Bad Girls" (2012)
Somado a conturbada aparição da cantora no intervalo do Super Bowl de Madonna, Gavras e Maya retornam a trabalhar juntos, desta vez o duo viaja para Marrocos para gravar, porque não, o videoclipe da carreira de M.I.A.. A ideia surgiu depois que Maya se encantou com vídeos na internet de Sauditas se arriscando em corridas e manobras de carros guiados pelas duas rodas laterais. Com os veículos inclinados, homens dançam em cima da lataria do carro, compartilham refeição, dançam do lado de fora com o carro em movimento. Isso foi o bastante para M.I.A. e Romain idealizarem o clipe.
Quando lançado, o videoclipe foi acusado de forçar os estereótipos da cultura Saudita, com homens e mulheres armados, uso de burqas e ao fundo das imagens, campos de extração de petróleo. Lembrando que Maya já era conhecida por representar pessoas marginalizadas e silenciadas pelas grandes potências, isso vem desde Paper Planes ou até antes.
Contudo, "Bad Girls" ainda é empoderador, de certa forma, já que mulheres são proibidas de dirigir automóveis na Arabia Saudita, as imagens e cortes rápidos, se não fosse a música, poderia muito bem ser um corte de algum "Velozes e Furiosos" da vida.
Veja os bastidores das gravações aqui.
1) JAY-Z & KANYE WEST, "No Church in the Wild" (2011)
A faixa que abre o aclamado "Watch The Thrones", o trabalho em conjunto de Jay-Z e Kanye West conta com a colaboração de Frank Ocean nos refrões, que time não? Pois é, e o videoclipe não pediria menos. Gravado no leste europeu, o clipe pega referências dos últimos combates do Oriente Médio e da Primavera Árabe para ilustrar uma guerra civil entre civis e todo poderio da polícia. A música em conjunto com o clipe abordam o que pode acontecer com a falta de bom senso daqueles que exercem e aplicam o poder e a religião como uma dessas fontes de forças. É mais que um videoclipe, assistir "No Church in the Wild" em fullscreen é de encher os olhos, é algo que deveria ser levado aos cinemas. É lindo.
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