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MARINA reencontra o que a faz ser uma popstar tão única no “Ancient Dreams In A Modern Land”

O álbum traz o melhor dos trabalhos passados da MARINA (menos do "Love + Fear", ainda bem!)


Ela voltou e retornou à sua melhor forma. MARINA se reencontra consigo mesma e com o diferencial que a faz ser uma artista tão especial no “Ancient Dreams In A Modern Land”, seu quinto álbum lançado nessa última sexta (11).

Parte do que faz parecer que no “Ancient Dreams” a artista acha o caminho de volta para si é que, agora, MARINA voltou a compor suas músicas sozinhas. A quarentena também teve um papel fundamente nisso. Isolada em casa, ela fez o que todos nós também fizemos: refletiu sobre a vida, aproveitando para olhar para fora, fazendo uma crítica ao mundo caótico em que vivemos, e para dentro de si, analisando suas relações interpessoais. 

O resultado disso é um álbum que mistura todos os sentimentos que tivemos nessa pandemia, tanto com relação à sociedade, quanto com relação aos nossos próprios relacionamentos. Por exemplo, em músicas como a faixa-título, ela canta sobre querer voltar pra um tempo em que tudo dava certo - ou seja, uma época em que ainda éramos amebas. Só assim, né? Ela fala de feminismo em “Man’s World”, dos problemas raciais dos Estados Unidos em “New America” e até incorpora a neta do Karl Marx ao criticar o capitalismo em “Purge The Poison”.

Mas ela também fala de amor, de términos e de suas relação consigo mesma, e é aí em que ela entrega suas melhores letras. “Pandora’s Box” fala sobre encontrarmos em nós emoções e caraterísticas que nem sabíamos que existiam. “Flowers” é delicada ao abordar um assunto muito comum: relacionamentos que acabam pela falta de surpresas. “I Love You But I Love Me More” é a clássica música sobre amar alguém, mas se amar mais, mas com aquele twist que só ela sabe dar. Em “Goodbye”, ela fecha o álbum avisando que agora será uma nova mulher, pois está cansada de cometer os mesmos erros. Será? Se sim ou não, a gente não sabe. Mas sabemos que MARINA é uma das poucas a conseguir escrever sobre assuntos simples de forma complexa e especial. 

Falando da parte política, muita gente ficou um pouco confusa ao ver a galesa abordar tópicos assim, reclamando que tudo parecia um pouco superficial. Vale lembrar que MARINA sempre falou desses assuntos, desde seu primeiro álbum, o “The Family Jewels”. Aliás, o “Ancient Dreams” soa como uma mistura da maioria de seus projetos: as críticas sociais do primeiro, as análises de amor e poder do “Electra Heart” e a sonoridade do “FROOT” (com o “Love + Fear” ficando com Deus, como deve ser).

E é claro que, em um álbum tão cheio de temas assim, tudo pode soar um pouco contraditório. Ainda mais quando MARINA canta orgulhosamente sobre ser uma milionária em “Venus Fly Trap”, a melhor faixa do disco. Mas, o que faz a artista ser interessante e diferente é a forma como ela sabe muito bem abordar as contradições humanas - e ela mesma não fica de fora dessa análise. Afinal, somos todos naturalmente “Highly Emotional People”, ainda mais quando nos vemos presos dentro de casa, pensando sobre nossas falhas enquanto pessoas e membros da sociedade.

No “Ancient Dreams In A Modern Land”, a cantora cria um material que resume um pouco de quem ela é como artista, das letras à sonoridade. Um resumão, capaz de agradar aos fãs, sedentos por algo que os relembrem da MARINA de antigamente, mas que também pode chegar em outras pessoas ao mostrar o que ela tem de melhor a oferecer. 

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