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Baco Exu do Blues anuncia disco gravado em 3 dias, “Não tem bacanal na quarentena”

Autointitulado o ‘Kanye West da Bahia’, como canta em seu último disco, “Bluesman”, o rapper baiano Baco Exu do Blues está pronto pra virar a trilha sonora da nossa quarentena com seu novo álbum extraoficial: “Não tem bacanal na quarentena”.

O título, além da ironia sobre nosso estado de isolamento, é também um aviso sobre seu terceiro disco prometido para este ano, “Bacanal”, que deverá contar com a participação de nomes como Duda Beat, Urias e BK’ e, por enquanto, não tem previsão de lançamento.



Neste novo trabalho, Exu do Blues se desafiou enquanto artista e liricista, se unindo a um time de produtores e compositores para, em três dias, finalizarem o registro que conheceremos na próxima segunda, dia 30. Já nos vocais, o rapper divide espaço com nomes como 1LUM3, com quem colaborou no hit “Me Desculpa Jay-Z”, e Aísha, que o acompanhou como backing vocal da turnê “Bluesman”. As produções são assinadas por DKVPZ, JLZ, Nansy Silvz e PG.

A tracklist será a seguinte:

1. Jovem Preto Rico 
2. Tudo Vai Dar Certo (part. 1LUM3)
3. Ela É Gostosa Pra Caralho (part. Maya)
4. Preso Em Casa Cheio de Tesão (part. Lelle)
5. Humanos Não Machucam Deuses
6. O Sol Mais Quente (part. Aisha)
7. Dedo No Cu e Gritaria (part. Celo Dut, Piva e Vírus)
8. Tropa do Babu (part. Dactes)
9. Amo Cardi B e Odeio Bozo

Baco Exu do Blues se consagrou como um dos grandes novos nomes do rap há cerca de três anos, com o disco “Esú”. Em seu trabalho seguinte, “Bluesman”, emplacou hits como “Me Desculpa Jay-Z”, “Kanye West da Bahia” e “Flamingos”, se tornando figurinha carimbada em alguns dos principais festivais do país.

Kendrick Lamar, Drake, Lollapalooza e a consolidação do rap nos festivais brasileiros

Familiarizado com o consumo pela internet, pela cultura das mixtapes e, na era pré-Spotify, a utilização massiva de videoclipes e compilados do Youtube para a divulgação de suas obras, o rap coube como uma luva na era dos streamings, que só fez centralizar o que eles já exploravam como ninguém por plataformas como Soundcloud.

De olho nesse nicho, as plataformas não tardaram em abraçar os gêneros e seus principais representantes, do Tidal com Kanye West a Apple Music com Drake, e aí não deu outra: o gênero cresceu esmagadoramente pelas paradas, ocupando posições antes tomadas por artistas pop, e disseminou ainda mais os seus hits e mensagens.



No lado offline da história, não poderia ser diferente. Os festivais viram nessa virada uma possibilidade de agarrar mais um público no seu target e, pra ontem, pegaram os rappers, antes presentes timidamente pelas menores, para o posto de headliners.

Em 2016, por exemplo, Lollapalooza trouxe dois nomes de peso: Eminem e Snoop Dogg. Dois anos mais tarde, em 2018, vieram de Mano Brown, Chance The Rapper e Wiz Khalifa. E já neste ano, meteram o pé na porta com o gigante Kendrick Lamar, acompanhado de Post Malone e os brasileiros BK’ e Rashid.



Seguindo pelo mesmo caminho, outro grande festival brasileiro, Rock in Rio, também foi ambicioso e tentou chegar na dobradinha de Beyoncé e Jay-Z, The Carters, mas, pelo menos desta vez, não rolou. Em compensação, fechou com outros dois gigantes da era digital: o canadense Drake e a americana Cardi B.

E a história se repete pelos eventos com menor porte, como o maravilhoso Coala Festival que, no último ano, apoiou e produziu a obra visual “Bluesman”, do rapper baiano Baco Exu do Blues, que encabeça toda uma nova geração do gênero entre os nomes brasileiros.



Para o próximo ano, as apostas são ainda mais altas: Kanye West, que se apresenta no Coachella daqui alguns dias, estará com novo material nas ruas; Nicki Minaj, todo ano especulada num desses festivais, pisou no Brasil para um evento fechado em 2018 e prometeu voltar; Childish Gambino, também no Coachella e no Lollapalooza Chicago 2019, chegou a vir ao Lolla brasileiro em 2015, mas agora está envolto de todo o hype pós-“This is America” e com um disco visual saindo de forno e, claro, brasileiros como Djonga, Baco, Coruja BC1, Drik Barbosa, entre outros, acenam para uma nova era do rap nacional, que precisa marcar presença também nos palcos.


No último domingo (07) de encerramento do Lollapalooza, como atração principal e mais aguardada do maior palco do festival, Kendrick Lamar fez mais do que um puta show, ele selou a consolidação do rap como gênero obrigatório nesses festivais.

O novo disco do Baco Exu do Blues, um “Bluesman” que entende Kanye West e ama Beyoncé

Do premiado “Moonlight” aos discos de Kanye West e Frank Ocean, ainda são muitas as amarras que separam a vivência do homem negro dos privilégios brancos e, na arte, isso tem se tornado um assunto cada vez mais explorado, seja de forma direta, ou também com a própria falando por si só, se expressando por ela mesma, e é aqui que nasce “Bluesman”, o disco novo, impecável e classudo pra caralho do Baco Exu do Blues.

Baco, pra quem não conhece, é um rapper baiano de apenas 22 anos, que atravessou as fronteiras do país ao som do seu disco de estreia, “Esú” (2017), e acumulou fãs e odiadores por faixas como a hypada “Te Amo Disgraça”, que hoje acumula mais de 17 milhões de audições no Spotify.



Seu som é tão complexo quanto característico, mas acima da sonoridade que vai do funk ao rap, tem como marca principal suas letras, onde ‘Exu do Blues’ transborda seus amores, desafetos, desabafos e divagações.

No trabalho novo, “Bluesman”, o rapper reflete sobre a reviravolta que viveu desde o seu primeiro sucesso e as consequências disso na cabeça de um jovem negro que, após deixar o anonimato, lidou de uma forma ainda mais próxima com seus demônios interiores, e traça daí críticas e provocações também sobre racismo, sociedade e a indústria musical.

Entre elas rolam ainda precisas referências à cultura pop, como quando associa o ápice de sua depressão com a crise que Britney Spears sofreu em 2007, na faixa “Minotauro de Borges”, confessa ter sonhos com Beyoncé em “Me Desculpa Jay-Z”, afirmando amar a cantora ao falar sobre a canção ao site Genius, e se autointitula o “Kanye West da Bahia”, conhecido por sua genialidade e incontáveis posturas e declarações controversas.

O nome do disco é uma provocação por si só. Explicada já em sua primeira faixa, na qual o rapper diz:

“Eu sou o primeiro ritmo a formar pretos ricos. O primeiro ritmo que tornou pretos livres (...) A partir de agora, considero tudo blues. O samba é blues, o rock é blues, o jazz é blues, o funk é blues, o soul é blues. E sou Exu do Blues. Tudo que quando era preto era do demônio e depois virou branco e foi aceito, eu vou chamar de Blues. É isso, entenda: Jesus é blues.”


Da introdução crua e grandiosa ao soco no estômago que carrega sua conclusão, “Bluesman” é um disco preciso e necessário, que não se desespera por hits, ao tempo que nos sugere inúmeros deles, e, dos arranjos às batidas, se atenta em soar como o único trabalho possível para suceder o impecável “Esú”, mostrando mais uma vez que, sim, o rapper baiano é um nome que não esqueceremos tão cedo.

Ouça abaixo o segundo álbum do Baco Exu do Blues, “Bluesman”:

10 discos de artistas negros para ouvir em 2017

A história da música sempre foi marcada pelo apagamento de artistas negros, ainda que eles sejam as bases e influências para boa parte do que as massas consomem hoje, e, aproveitando que esta segunda-feira (20) é o Dia da Consciência Negra, preparamos uma lista para reconhecer alguns dos ótimos discos lançados por eles neste ano.

Tanto na gringa quanto no Brasil, foram muitos os álbuns impecáveis lançados por nomes negros, de forma que a lista terminou bem diversa, mas desde já ressaltamos que você talvez sinta falta de alguns nomes, porque priorizamos trabalhos fodas de artistas menos reconhecidos e, ainda assim, sofremos bastante até conseguirmos apenas dez.

Já prepara o Spotify e segura esses hinários!

01) SZA, “CTRL”

Foi com “Consideration”, presente no “ANTI” de Rihanna, que SZA viu o holofote sob o seu nome. A cantora e compositora já tinha uma mixtape pra chamar de sua e, após várias parcerias de peso, lançou também seu álbum de estreia, o hinário “Ctrl”. Bebendo muito do R&B e, por suas colaborações, também do hip-hop, “Ctrl” passeia do indie-rock ao rap-pós-Drake, oferecendo uma experiência que te fará questionar o que costumava chamar de música antes de conhecer esta fada.

Pra testar: “Love Galore”, “Prom” e “The Weekend”.



02) Flora Matos, “Eletrocardiograma”

Você provavelmente conhece Flora Matos por seu maior hit, “Pretin”. A música foi só uma das responsáveis por colocá-la no radar do rap nacional e, superando quaisquer barreiras impostas neste gênero para mulheres, foi nesse ano que estreou seu primeiro disco, “Eletrocardiograma”, com um compilado de confissões e pensamentos altos sobre relacionamentos, amores e suas dificuldades.

Pra testar: “Preta de Quebrada”, “Perdendo o Juízo” e “Parando as Horas”.



03) Kehlani, “SweetSexySavage”

Nós já fizemos um manifesto em prol da carreira de Kehlani aqui. Cantora e compositora, a moça é uma das grandes apostas do R&B há algum tempo e tem o apoio de muita gente do meio e fora dele, incluindo produtores como Calvin Harris e o rapper Chance The Rapper, com quem já colaborou. Seu disco de estreia por uma grande gravadora, “SweetSexySavage”, é uma boa amostra do que ela é capaz.

Pra testar: “Distraction”, “CRZY” e “In My Feelings”.



04) Gloria Groove, “O Proceder”

“É que eu sou dona da porra toda”, canta Gloria Groove na última faixa do seu álbum de estreia. Em meio a tantas drag queens se encontrando na música pop, foi no rap que ela se descobriu, com composições que falam sobre a sua resistência em existir, sua descoberta enquanto homem gay, autoestima e relacionamentos. As influências passeiam do R&B dos anos 90 e 2000 às novidades do hip-hop atual, como Shamir e Le1f.

Pra testar: “O Proceder”, “Gloriosa” e “Muleke Brasileiro”.



05) Lil Yachty, “Teenage Emotions”

Sua voz lembra o Future, o uso do autotune remete imediatamente ao Kanye West e Lil Wayne, enquanto seus arranjos parecem saídos dos principais hits pop de Akon e outros rappers que tinham alguma relevância nos anos 2000. Mesmo com tantas lembranças, tudo soa fresco no primeiro álbum de Lil Yachty, principalmente num momento em que o rap tem se prendido cada vez mais às fórmulas prontas, com tudo soando como um amontoado de singles do Migos.

Pra testar: “Forever Young”, “Better” e “Running With a Ghost”.



06) Rincon Sapiência, “Galanga Livre”

Na era dos álbuns visuais, ter discos que, apenas com o som, nos permitem assistir sua história é fascinante. “Galanga Livre” é a estreia de Rincon Sapiência e, na correria do escravo e revolucionário Galanga, nos conta uma aventura cheia de reviravoltas, revoltas,  críticas e sentimentos.

Pra testar: “Crime Bárbaro”, “A Coisa Tá Preta” e “Ponta de Lança”.



07) Khalid, “American Teen”

Outra revelação do ano, Khalid lançou neste ano o disco “American Teen”, com a mesma produção do álbum de estreia da Lorde, o aclamado “Pure Heroine” (2013). Infelizmente, o disco do moço está longe de ter conquistado o mesmo reconhecimento da dona de “Royals”, mas ao menos nos rendeu boas audições, passeando do indie-pop ao trip-hop.

Pra testar: “Young, Dumb & Broke”, “Saved” e “8TEEN”.



08) Baco Exu do Blues, “Esú”

Tudo é caótico, intenso e íntimo em “Esú”, o álbum de estreia provocativo do rapper baiano Baco Exu do Blues. Da religião ao racismo, o disco te carrega por discursos, desabafos e delírios, compartilhando com o ouvinte as dores, orgulhos e receios do músico.

Pra testar: “Abre Caminho”, “En Tu Mira” e “Capitães de Areia”.



09) Tyler The Creator, “Flower Boy”

Quando lançou o disco “Melodrama”, a cantora neozelandesa Lorde afirmou que o cantor Frank Ocean redefiniu as possibilidades em estúdio com seu último álbum, “Blonde”. Ouvir Tyler The Creator e seu “Flower Boy”, que muito bebe do que Ocean fez neste trabalho, é uma boa razão para acreditar que ela estava certa. “Flower” é colorido, honesto e ácido, vez ou outra.

Pra testar: “Who Dat Boy”, “I Ain’t Got Time” e “Boredom”.



10) Linn da Quebrada, “Pajubá”

Não existe eufemismo quando se fala na cantora Linn da Quebrada e seu primeiro CD. “Pajubá”, a palavra, é o nome dado para o conjunto de gírias utilizados por pessoas LGBTQs e, ressignificando inclusive esta ideia de significados, nas mãos de Linn se transforma num conjunto do que os LGBTQs podem ou não ser, baseado em suas verdades e experiências.

Pra testar: “Necomancia”, “Tomara” e “A Lenda”.

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