O termo “farofa” tem sido utilizado como uma maneira de classificar produções pop genéricas, diminuindo-as pelas fórmulas mais-do-mesmo e feitas para atingir as massas, e tanto assumindo o erro quanto tentando inverter o sentido pejorativo da palavra, a cantora de “Tombei” toma as críticas para si e com muito orgulho. Sou a única pessoa que eu quero agradar. Se ainda não entendeu, hoje eu quero é farofar. Eu farofei.
Essa não é a primeira vez que Conka se une ao Boss In Drama. A dupla conquistou um público significativo com sua primeira colaboração, a releitura de “212”, da Azealia Banks, em “Toda Doida”, e se manteve nas pistas com a mistura de Raul Seixas e Charli XCX na insossa “Lista VIP”, mas em sua terceira parceria, eles repetem erros não cometidos em faixas como “Tombei”, “Gandaia” e outras já lançadas pela rapper, que já soube dosar pop com rap sem perder suas singularidades.
“Farofei” é apelativamente radiofônica e utiliza de artifícios velhos para isso. O instrumental é descaradamente inspirado em “I Am The Best”, um dos maiores hits do grupo coreano 2NE1 entre o público ocidental, enquanto a letra se apoia em versos repetitivos e, consequentemente chicletes, com o refrão se resumindo ao preguiçoso bordão da vez.
Quando lançou “Tombei”, com Tropkillaz, Karol Conka trilhava um caminho promissor. A mistura de trap e funk com música pop, inspirado no que Major Lazer, Skrillex e outros DJs já vinham fazendo na gringa, era uma versão abrasileirada do que já dançávamos com Rihanna e Beyoncé, somada à uma puta letra feminista e empoderada, mas nas músicas seguintes, tudo isso se perdeu.
Não há nada de errado em ser pop e, principalmente se tratando de uma artista negra e feminista, disposta a usar sua música para discutir sobre causas sociais e empoderar as minorias, queremos mais é que Conka se torne cada vez maior, alcançando ainda mais espaços e fechando vários e vários contratos publicitários, mas além de tudo isso, ainda queremos vê-la com discursos fortes, que tragam mensagens além do mero entretenimento para as massas, da forma como ela já provou saber fazer.
Pela letra de “Farofei”, arriscamos dizer que ela e seus produtores não se importarão muito com o que dissermos, comprando a máxima de que “quem gostou, gostou. Quem não gostou, paciência”. Deixa eu cuidar de mim, não preciso dos seus conselhos. Mas, levando em consideração que nem todas as críticas partem de pessoas incomodadas por seu sucesso, esperamos que em algum momento ela se lembre do poder que tem em mãos. Não vou fugir de mim, só quero diversificar. Afinal, tudo o que sobe, desce – ou melhor, tomba. E ela pode mais do que isso.