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MARINA anuncia novo disco com clipe de “Purge The Poison”, pop feminista sobre mudanças climáticas, sexismo e Britney Spears

“Vocês esquecem que, sem mim, não vão muito longe”, canta MARINA em sua música nova, “Purge The Poison”, que retoma os passos da artista britânica com seu novo disco, anunciado na manhã desta quarta-feira (14): “Ancient Dreams in a Modern Land”.

Introduzido ao público pela faixa “Man’s World” que, meses mais tarde, se tornou um feat com Pabllo Vittar, “Ancient Dreams” foi prometido como uma história que precisa ser contada por mulheres e pessoas LGBTQs, grupos minorizados e afetados por essa sociedade estruturalmente pensada para priorizar homens brancos, cis e heterossexuais.

Segundo ato da artista desde que passou a estudar psicologia, o álbum busca o equilíbrio entre sua sonoridade pop e os assuntos que não cabem num só “TikTok”, e acerta nessa balança com a música nova que fala em mudanças climáticas, sexismo, isolamento social, pandemia, Britney Spears e até mesmo as guerras incentivadas pelo sonho americano sob uma sonoridade dançante, grudenta, que empresta muito da new wave com um pé no pop punk, relembrando algumas camadas estéticas de discos anteriores como a atmosfera alternativa de “The Family Jewels” sob a ótica comercial de “Electra Heart”.

“Ancient Dreams in a Modern Land” será lançado no dia 11 de junho e, nesta quarta (14), teve também a sua capa e tracklist reveladas, até então, sem nenhuma parceria. Cata tudo aí embaixo:


1. Ancient Dreams in a Modern Land

2. Venus Fly Trap

3. Man’s World

4. Purge the Poison

5. Highly Emotional People

6. New America 

7. Pandora’s Box

8. I Love You But I Love Me More

9. Flowers

10. Goodbye

A gente ama uma era? A gente ama uma música? Não tem UMA linha que seja ruim nesta canção. Marininha fez muitíssimo bom uso dos streams tardios de “Bubblegum Bitch” desde que a faixa viralizou no meio dessa quarentena. Que continue assim.

Pabllo Vittar é homenageada com outdoor em Minas Gerais após não incentivar shows drive-in

Ao contrário de inúmeros artistas que têm se adaptado aos ditos “novos formatos da indústria”, apostando na baixa temporada de shows pra se apresentarem nos formatos de drive-in, a cantora Pabllo Vittar está disposta a esperar até que realmente seja seguro retornar aos palcos, com a promessa de que só voltará a fazer shows quando houver uma vacina contra o COVID-19.

A decisão é, obviamente, a mais sensata. Sem uma vacina, ainda que os eventos se comprometam a cumprir com todas as normas da OMS, não têm controle total aos processos de entrada e saída do público, bem como colocam em exposição a saúde de seus funcionários, ou, em casos como o criticado show dos Chainsmokers nos EUA, podem ainda contar com a irresponsabilidade do público que, não contente em saírem de casa numa quarentena, podem descumprir com as regras desse tipo de show e colocarem em risco a saúde de todos ao redor.

Desta vez não indo longe demais, uma vez que faz coro ao pedido de que “se puder, fique em casa”, Pabllo foi tão elogiada por suas palavras sobre esse atual cenário, que ganhou até mesmo uma homenagem feita pelos moradores de São Gotardo, em Minas Gerais, que expuseram um outdoor agradecendo as palavras da drag queen. “O povo trabalhador de São Gotardo está contigo, Pabllo Vittar. #ficaemcasa”, diz o cartaz.


Sobre os shows drive-in, Pabllo afirmou em entrevista ao Estadão:

“Eu acordo de manhã sabendo que ainda não tem vacina e é muito triste ver que o governo também não faz quase nada pela população que mais precisa. Então, como eu vou subir num palco pra drive-in? Primeiramente, para isso a pessoa tem que ter carro. Quem tem carro no Brasil? Não tem como eu subir num palco sabendo que tem um monte de gente que não está nem podendo trabalhar. Essa não é a energia que quero pra mim.”

No comecinho desse ano, em março, Vittar lançou o disco “111”, de onde extraiu hits como “Amor de que”, “Parabéns” e o feat. com a Charli XCX em “Flash Pose”. Sem a divulgação massiva pelos palcos e programas de televisão, a cantora cumpriu uma longa agenda de lives e participações em eventos virtuais, além de ter apostado no formato animação para o clipe da canção “Rajadão”, lançado em julho.

“Juntos”, a versão de Paula Fernandes para “Shallow”, é tudo o que o Brasil precisa ouvir em 2019

Se “Shallow” significou a consolidação de Lady Gaga pós-“Joanne” nos EUA, dando a ela ainda mais prestígio e prêmios na música e atuação, no Brasil, a versão autorizada e cantada por Paula Fernandes e Luan Santana, “Juntos”, vem com a intenção de alçar voos ainda maiores.

Com uma prévia já liberada pela internet, “Juntos” será a versão em português para o hit de “Nasce Uma Estrela” e, apesar dos memes e protestos dos fãs da cantora americana, que não gostaram nada da ideia de ter a canção traduzida, precisamos assumir: essa parceria e essa versão é exatamente tudo o que precisávamos neste momento.

Desde as eleições, o país caiu numa tensão e clima de desunião muito grande, com todos funcionando numa ótica bipolar na qual você só pode ser X ou Y, no máximo um Ciro ou Marina ali pelo meio termo, e com “Juntos”, Paula Fernandes, que já havia nos presenteado com uma versão de “Long Live”, da Taylor Swift, e Luan Santana que, entre outras coisas, possui hits como “Acordando o Prédio” e “MC Lençol e DJ Travesseiro”, nos mostram que a união não só é o possível, como também o caminho certo, empregando o conceito em sua própria letra, que ultrapassa qualquer fronteira linguística e mescla trechos em inglês e português, como o refrão: “cole de uma vez nossas metades, juntos e ‘shallow now’”.


“Shallow”, tamanho sucesso da canção desde a estreia de “Nasce Uma Estrela”, já havia ganhado inúmeras versões abrasileiradas, do remix forró com os vocais de Lady Gaga e Bradley Cooper, às reinterpretações como “No Chão”, da banda Desejar.



Para Paula Fernandes e Luan Santana, fica agora a responsabilidade de tornar “Juntos” tão relevante quanto a premiada música de Lady Gaga e, quem sabe, tornarem-a um hino sobre amor e união para este momento de tanta tensão que ainda enfrentamos. Juntos. E Shallow. Now.

Ludmilla se manifesta sobre fuzilamento no Rio de Janeiro: “Política de extermínio”

Um dos maiores nomes femininos e negros do pop e funk brasileiro, a cantora Ludmilla usou suas redes sociais para manifestar insatisfação quanto ao fuzilamento ocorrido no Rio de Janeiro no último domingo, 07, no qual militares do Exército mataram o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, disparando mais de 80 tiros contra o carro em que o senhor estava com sua família.

Como justificativa, os responsáveis pelo assassinato alegaram terem confundido o carro que levava a família com o de assaltantes e, além de Evaldo, que faleceu na hora, feriram seu sogro, que estava no mesmo carro com sua esposa e filho de sete anos, e um pedestre que passava pelo local no momento do assassinato e tentou socorrer as vítimas.

Pelo Twitter, Ludmilla se uniu a hashtag “80 Tiros de Incompetência”, afirmando: “não é engano, é política de extermínio”.


A crítica pode ser associada não só ao acontecimento deste domingo, mas, sim, todo o discurso que vêm ganhando força desde as últimas eleições, no qual líderes do Estado incentivam o assassinato de pessoas negras, se apoiando em políticas e discursos racistas, que associam a negritude ao crime e, sobrepassando a Constituição, resgatam a máxima de que “bandido bom, é bandido morto”.

Longe de serem bandidos, só neste ano, os ditos “casos isolados” já foram vários, como do menino Kauan, de 12 anos, morto numa operação policial em Chatuba, no Rio de Janeiro, ou Pedro Henrique, de 19, estrangulado por um segurança do supermercado Extra, também no Rio de Janeiro. Tudo isso, vale ilustrar, pouco menos de um ano após o assassinato ainda não solucionado da vereadora e ativista, também do Rio, Marielle Franco.

Além da hashtag utilizada pela cantora, um dos termos mais utilizados no Twitter nesta segunda-feira (08) foi “Vidas negras importam”, reunindo outras publicações de indignação sobre esse e outros episódios racistas no Brasil.

Abram alas pro rei! Djonga estreia seu disco nacional do ano, “Ladrão”

A rima é cirúrgica, toca na ferida. O homem se diz Deus, mas, numa contraversão dos valores tanto insistidos pelos mais religiosos, também se diz ladrão: rouba pra devolver aos seus. Deveras miraculoso.

Djonga é um dos nomes mais relevantes da nova safra do rap nacional, ao lado de parceiros de profissão como Baco Exu do Blues, BK e Coruja BC1, e nesta sexta (15) revela seu mais novo trabalho, o disco conciso, mas não menos certeiro, “Ladrão”.

Em seu terceiro álbum, o rapper mineiro surge ainda mais assertivo quanto ao recado que já vem passando desde os seus trabalhos anteriores, “Heresia” e “O Menino Que Queria Ser Deus”; as referências, assim como muito acontece no hip-hop de Kanye, Jay-Z, J Cole e Kendrick, são diversas, do capuz da Klu Klux Klan em sangue na sua capa à releitura do clássico samba “Moleque atrevido”, de Jorge Aragão, aqui chamado por “Mlk 4tr3vido”. Atual até no nome.

Antes da chegada oficial aos streamings, “Ladrão” estreou no Youtube. O rapper explica: “nem todo mundo tem condições de usar as diversas plataformas.” E, por mais simples que a estratégia pareça, até nisso ele mantém o diálogo com a sua música. Contradiz o sistema, rouba pra devolver aos seus.

“Ladrão” é daqueles discos que já chegam com lugar garantido nas listas de final de ano. A gente sabe o quanto o cara é foda e Djonga sabe o que faz. Como o próprio canta na faixa que abre o disco, a sem massagem “Hat-Trick”, abram alas pro rei:

Hit sobre Fábio Assunção ganhará nova letra e terá lucro doado para o apoio de dependentes químicos

Se para muita gente ainda há incerteza sobre qual será o hit do verão e, consequentemente, carnaval, para muitos, a aposta é uma das mais infelizes possíveis. E nem estamos falando daquela “Jenifer”. A música em questão é uma parceria da banda La Fúria com o youtuber Bartz, chamada “Fábio Assunção”.

Releitura para um funk de mesmo nome, lançado pelo youtuber Bartz no ano passado, a música se inspira no ator brasileiro da pior forma possível, zombando do seu histórico de dependência química para descrever um rolê em que vão beber até “ficar loucão”.

Em tratamento há mais de 10 anos, Fábio Assunção tornou seu caso público como uma forma de servir de exemplo e apoiar outras pessoas que se vejam no mesmo quadro, mas, mais de uma vez, também teve sua dependência exposta em momentos de recaídas e exploradas com todo o sensacionalismo da mídia que, despreparada para esse tipo de assunto, não levou em consideração os efeitos dessas narrativas para a vida pessoal dele e outros dependentes químicos.

Nas mãos do tal youtuber, o trauma do ator vira motivo de piada e incentiva ainda mais zoeiras, como máscaras e camisetas que deverão surgir aos montes durante o carnaval. Exatamente da forma que ninguém gostaria de ver se, no lugar da figura pública, o dependente químico fosse você, um amigo ou algum familiar.

Fazendo desse limão, uma limonada, entretanto, Fábio Assunção resolveu reverter essa situação e, num acordo com a banda La Fúria, propôs que a canção não fosse tirada do ar, mas tivesse toda a sua renda revertida para uma instituição de apoio a dependentes químicos.

“É muita gente sofrendo por não conseguir controlar suas compulsões”, explicou o ator em seu Instagram. “Todo mundo começa do mesmo jeito. Achando que tudo bem. E pode não terminar tudo bem. Foi pensando nisso que eu, minha equipe de comunicação e o corpo jurídico que me atende, decidimos entrar em contato com os meninos e tornar essa história um ato propositivo de ajuda a quem precisa e de conscientização de quem pode ainda acreditar ser um super herói.”

Para frear a glamourização em torno do tema, o vocalista da banda, Bruno Magnata, também confirmou que irá trabalhar numa nova versão para a sua letra, em acordo com o youtuber Bartz e o próprio ator.


No Youtube, o clipe de “Fábio Assunção”, lançado no último mês, acumula mais de 1,8 milhões de visualizações; sua versão funk, lançada no ano passado pelo canal do youtuber, mais de 1,2 milhões. Já no Spotify, a banda La Furia possui duas versões da música, que juntas somam cerca de 400 mil audições.

Na dúvida, bora praticar a empatia e curtir de uma forma que não ofenda, nem represente um gatilho para ninguém, combinado? :)

O novo disco do Baco Exu do Blues, um “Bluesman” que entende Kanye West e ama Beyoncé

Do premiado “Moonlight” aos discos de Kanye West e Frank Ocean, ainda são muitas as amarras que separam a vivência do homem negro dos privilégios brancos e, na arte, isso tem se tornado um assunto cada vez mais explorado, seja de forma direta, ou também com a própria falando por si só, se expressando por ela mesma, e é aqui que nasce “Bluesman”, o disco novo, impecável e classudo pra caralho do Baco Exu do Blues.

Baco, pra quem não conhece, é um rapper baiano de apenas 22 anos, que atravessou as fronteiras do país ao som do seu disco de estreia, “Esú” (2017), e acumulou fãs e odiadores por faixas como a hypada “Te Amo Disgraça”, que hoje acumula mais de 17 milhões de audições no Spotify.



Seu som é tão complexo quanto característico, mas acima da sonoridade que vai do funk ao rap, tem como marca principal suas letras, onde ‘Exu do Blues’ transborda seus amores, desafetos, desabafos e divagações.

No trabalho novo, “Bluesman”, o rapper reflete sobre a reviravolta que viveu desde o seu primeiro sucesso e as consequências disso na cabeça de um jovem negro que, após deixar o anonimato, lidou de uma forma ainda mais próxima com seus demônios interiores, e traça daí críticas e provocações também sobre racismo, sociedade e a indústria musical.

Entre elas rolam ainda precisas referências à cultura pop, como quando associa o ápice de sua depressão com a crise que Britney Spears sofreu em 2007, na faixa “Minotauro de Borges”, confessa ter sonhos com Beyoncé em “Me Desculpa Jay-Z”, afirmando amar a cantora ao falar sobre a canção ao site Genius, e se autointitula o “Kanye West da Bahia”, conhecido por sua genialidade e incontáveis posturas e declarações controversas.

O nome do disco é uma provocação por si só. Explicada já em sua primeira faixa, na qual o rapper diz:

“Eu sou o primeiro ritmo a formar pretos ricos. O primeiro ritmo que tornou pretos livres (...) A partir de agora, considero tudo blues. O samba é blues, o rock é blues, o jazz é blues, o funk é blues, o soul é blues. E sou Exu do Blues. Tudo que quando era preto era do demônio e depois virou branco e foi aceito, eu vou chamar de Blues. É isso, entenda: Jesus é blues.”


Da introdução crua e grandiosa ao soco no estômago que carrega sua conclusão, “Bluesman” é um disco preciso e necessário, que não se desespera por hits, ao tempo que nos sugere inúmeros deles, e, dos arranjos às batidas, se atenta em soar como o único trabalho possível para suceder o impecável “Esú”, mostrando mais uma vez que, sim, o rapper baiano é um nome que não esqueceremos tão cedo.

Ouça abaixo o segundo álbum do Baco Exu do Blues, “Bluesman”:

“Eu Não Vou Embora”, do DJ Zullu, enfim leva Anitta aos 150BPM

Depois do megalomaníaco EP “Solo”, cantado em três línguas e revelado com videoclipes para as suas três faixas, seguido da estreia da série “Vai Anitta”, na Netflix, Anitta não parou mais e já engatou mais um lançamento: a parceria com DJ Zullu, revelação do funk em 150BPM, ao lado do MC G15, conhecido por hits como “Deu Onda”, “Cara Bacana” e “Só Você”.

A música, que havia caído na internet antes de seu lançamento oficial, estava planejada para 2019, segundo Anitta, mas foi revelada depois de viralizar de forma não oficial, e mantém o que a cantora já vinha buscando desde faixas como “Vai Malandra”, do projeto “Check Mate”, e “Perdendo a Mão”, do duo Seakret com ela e a Jojo Maronttinni: a volta às suas origens.

Entregue ao batidão da forma mais carioca possível, “Eu Não Vou Embora” finalmente desembarca Anitta na tendência dos 150BPM, que marcou a ascensão de músicas como “Tu Tá Na Gaiola” e “Dentro do Carro”, e como não poderia ser diferente vindo da cantora, faz isso da maneira mais pop possível, encontrando um ponto de encontro entre o que estoura nos morros do Rio de Janeiro com o que muito provavelmente tocará incessantemente nas pistas do Brasil afora.

O recado é dado: ela não vai embora e onde estiver, será a sua casa agora.


Pra quem não sabe, BPM é uma sigla para “beats per minute” ou, em português, “batidas por minuto”, que indica a quantidade de batidas que uma música tem a cada 60 segundos. Essa contagem é o que dita a cadência e pulsação de toda canção e, no caso dos famigerados 150BPM, faz com que a batida do funk soe “acelerada” se comparada aos hits usuais do gênero.

Antes de Anitta, essa tendência já havia sido abraçada por nomes como Ludmilla (“Não Encosta” e “Din Din Din”), Lexa (“Sapequinha”), Valesca (“Meu Ex”) e MC Pocahontas (“Quer mais?”).

Editorial: Ainda não é uma receita de bolo

Este texto não é em apoio a qualquer partido político, mas, sim, ao nosso direito de seguir escolhendo quem nos representará pelos próximos anos e não permitir que quaisquer discursos de ódio contra tudo aquilo o que somos e defendemos sejam maiores do que a nossa liberdade de existirmos e podermos nos manifestar pelos nossos.

Desde o início do It Pop, há oito anos, nós sempre buscamos ir além do simples entreter e noticiar. Queríamos - e seguimos querendo - discutir, dialogar, levantar debates, trazer a informação e, com ela, construir não só uma base de leitores em busca de algo maior, mas, sim, pessoas dispostas a usarem a sua voz em prol da mudança.


Nesses anos, o que não faltaram foram brigas compradas por nós e camisas que, por todos os valores que carregamos, simplesmente não tínhamos como não vestir. E, desta forma, falamos sobre Lady Gaga para falarmos sobre a luta LGBTQI+; falamos sobre Azealia Banks e Kanye West para conversarmos sobre racismo; falamos sobre Beyoncé para discutir sobre feminismo (e o feminismo negro) e assim por diante. Utilizamos de todo paralelo possível para entregar mais do que meros textos sobre cultura pop. Pra falarmos sobre pessoas para outras pessoas. Fossem elas parte desses grupos ou não. A ideia sempre foi debater, falar em privilégios, falar em opressões e, claro, aprender sobre tudo isso junto com vocês, também.

Hoje, o Brasil se vê assombrado por um velho inimigo que, em alguns meses, pode colocar em ameaça absolutamente tudo o que conquistamos desde a ainda recente redemocratização do país e, enquanto fãs de cultura pop que sempre entenderam o lado que estavam em obras que vão de “Star Wars” à “1984”, “Admirável Mundo Novo” à “Jogos Vorazes”, “Fahrenheit 451” à “Blade Runner”, “X-Men” à “The Handmaid’s Tale”, nos sentimos no dever de defender este lado.

Assim como nossos leitores, o It Pop é um site formado por pessoas de diferentes origens e vivências e, em nossa equipe, nós somos homens e mulheres negros, brancos, LGBTQIs, das mais variadas regiões do país. Enquanto partes desses grupos minorizados, nós compreendemos a importância de lutar por nossa existência antes mesmo de serem idealizados os mitos ditos salvadores da pátria e, embasados por nossa história, agora real, não fictícia, compreendemos também o perigo dos discursos de ódio, da relativização de um período tão sanguinário como foi a ditadura e desse flerte escancarado com o fascismo. Ainda mais quando falamos do país que mais mata LGBTQIs no mundo, em que um negro morre a cada 23 minutos e uma mulher é assassinada a cada duas horas.



Como princípio de uma pluralidade democrática, nós compreendemos, respeitamos e defendemos que todos possam ser livres para seguirem as suas próprias inclinações políticas, assim como entendemos que, no cenário atual, a discussão vai extremamente além do ser contra ou a favor do partido X ou Y, bem como de estar ao lado esquerdo ou direito da bandeja. E, neste sentido, ressaltamos que só existe um lado possível para quem não defende toda essa violência e, se você a relativiza por qualquer outro tópico que julgue mais importante, provavelmente ainda não compreendeu o que está em risco.

Leia, se informe, questione, duvide. Leia de novo. E outra vez. Converse com seus amigos. Se coloque no lugar de cada um deles. Pense, discuta, se informe mais uma vez. E não abra mão do seu voto. 

Uma vez disse Nina Simone que a “liberdade significa não sentir medo”. Este é um texto por nossa liberdade. Ele não, nunca, jamais. Haddad, sim.

Mano Brown, Criolo, Emicida, D2 e outros rappers se unem em manifesto contra o coiso

Já dizia Nina Simone, não há como ser artista sem refletir a sua época. E, enquanto muitas figuras públicas ainda se equilibram em cima do muro, faltando pouco mais de uma semana para o segundo turno das eleições para presidente, um manifesto chegou ao público, com a participação de inúmeros nomes do rap nacional.

Representando várias gerações do hip-hop brasileiro, o vídeo conta com as participações de nomes como Mano Brown, Dexter, Thaide, Criolo, Emicida, Baco Exu do Blues, Rico Dalasam, Drik Barbosa, Bivolt, Quebrada Queer, Haikaiss, Cone Crew Diretoria, entre outros, e traz uma mensagem de conscientização contra o candidato à presidência, Jair Bolsonaro, e em prol da democracia.

Com quase trinta anos de vida pública, Bolsonaro só ganhou notoriedade quando atraiu a imprensa por suas falas problemáticas: ofensas às mulheres, negros e LGBTQs. Durante o processo de impeachment contra a presidenta Dilma, voltou aos holofotes com homenagens e sinais de admiração à época da ditadura. E apesar da fala mais mansa no segundo turno, tem como mote de sua campanha o projeto de armamento da população, dentro de um país que já sofre com seu alto nível de violência.

Chamado como “Rap pela democracia”, o vídeo com o manifesto pode ser assistido pelo Youtube:


As votações do segundo turno à presidência acontecerão no dia 28 de outubro e, para àqueles que defendem a democracia e a liberdade de existência e sobrevivência de tantos grupos já minorizados no Brasil, há apenas uma alternativa. 

Por mais nenhuma vida e direito a menos.

Pra não dizer que eu não falei de Anitta

É nos memes que sobrevive uma questão conveniente para os dias atuais: o que é uma artista de verdade? Para Nina Simone, uma das mais incríveis artistas da história, é ter o dom de usar a sua voz em prol de algo maior, de refletir a época em que você vive e se permitir ser um agente da mudança.

No documentário da Netflix, “What Happened, Miss Simone?”, toda a trajetória da voz que marcou o jazz e soul é dissecada em torno dos dramas que atravessaram a sua vida e, principalmente, como a cantora se tornou a sua própria causa e, por conta da militância, e o quanto ela pode ser incômoda, se viu deixada de lado, apesar do indiscutível talento.

A forma como subestimaram e deslegitimaram uma artista no cacife de Nina Simone não tem volta, nem perdão, mas todos os seus feitos, falas e reflexões permaneceram na história, para a história, assim como seus tantos hits, hoje eternizados seja por meio de covers, samples ou inegáveis inspirações. 

Kanye West vira e mexe revira a discografia da artista em seus próprios trabalhos, ao exemplo de faixas como “Blood On The Leaves”, “New Day”, “Bad News” e “Famous”. Nesta última, inclusive, é Rihanna quem assume os vocais de Nina, interpretando os versos da impecável “Do What You Gotta Do”, do final dos anos 60.

No hall das divas, Beyoncé também já homenageou Simone. Um vinil de Nina foi sutilmente deixado entre as referências do álbum visual “Lemonade” e, mais tarde, a voz da própria cantora ecoou ao som de “Lilac Wine”, durante a tão comentada performance no Coachella. E a lista não para por aí, também chegando ao Brasil, só que na voz de Iza, que até lançou a sua própria versão para o clássico “I Put A Spell On You”.



Iza, por sua vez, é um bem vindo ponto fora da curva para o solo tupiniquim. Antes mesmo de lançar seu primeiro single, a cantora já se dizia uma mulher negra empoderada e feminista. Antes de ser pop e emplacar seus primeiros hits, já fazia da sua carreira o seu ativismo. E ilustrando toda essa trajetória de uma forma que todo seu trabalho pudesse ser naturalmente visto como militante e vice-versa, carregou esse discurso das suas letras, em sua maioria pautadas na sua independência, liberdade, sentimentos e poder feminino, aos videoclipes, majoritariamente estrelados por negros.

Exemplo a ser seguido, a intérprete do disco “Dona de Mim” não foi menos cantora por ser política, nem menos valorizada por tratar de assuntos que afetam diretamente à ela e seu público. Muito pelo contrário, permitiu que esses discursos agregassem valor aos seus passos e, quanto mais cresce, permite também que esse alcance cada vez mais amplo entenda quem ela é além dos versos que tomam conta do Youtube, Spotify e TVZ, e o que ela representa.

A diferença entre Iza e Nina Simone é uma mistura da questão geracional com aquela história do “lugar certo na hora certa”. Visto que, ao contrário da lenda do soul, a brasileira surgiu exatamente num momento em que o público já não aguentava mais consumir artistas que eram pop apenas por serem e alimentava uma necessidade cada vez mais sufocante de consumirem aquilo que não apenas os apoiassem ou vestissem a camisa, mas, de fato, os fossem, e assim sendo, os refletissem de maneira direta. Sem meio termo.

Não por coincidência, a ascensão da cantora acontece no mesmo momento em que o pop nacional ganha um crescimento absurdamente político e representativo, tomado por artistas queers, que desencadeiam todo um novo momento musical e visual para a nossa indústria, e que não se limitam ao circuito mainstream. Podemos mencionar as drag queens Pabllo Vittar, Gloria Groove, Lia Clark e Aretuza Lovi, as cantoras Linn da Quebrada, Liniker, Candy Mel, as vocalistas d’As Bahias e a Cozinha Mineira e o rapper Rico Dalasam, que abriu as portas para projetos como o primeiro coletivo LGBTQ+ do hip-hop nacional, Quebrada Queer.




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Em dias obscuros, a história já encontrou na arte um dos seus poucos refúgios de liberdade e expressão, traçando um caminho que intrinsecamente a tornou política, ativista e militante. De Nina Simone à Aretha Franklin, Madonna a Lady Gaga, Beyoncé a Iza, o pop, por si só, se faz político, e negar ou omitir essa posição é um silêncio carregado de discursos ou, em outras palavras, posicionamentos, também. O que puder ser usado, dito, exposto e cantado contra o que é fascista, racista, machista e LGBTQfóbico, assim deve ser feito. E se não o faz, se torna conivente sobre isso.

A importância que Nina Simone ainda tem nos dias de hoje é reflexo de tudo o que não enxergaram em seu trabalho, pessoa e palavras lá atrás. Reflexo dos esforços de uma mulher visionária, que ansiava pela vitória de todas as bandeiras que a rodeavam e fazia da sua música a sua causa, sem sequer se imaginar usando a sua voz de uma maneira que já não fosse política.

“Para mim, isso é o meu dever”, afirmou Nina em uma das entrevistas resgatadas em seu documentário. “Neste momento crucial de nossas vidas, quando tudo é tão desesperador, quando tentamos apenas sobreviver a cada dia, não tem como não se envolver”, e conclui: “Como ser artista e não refletir a época?”

Yassss! 👑 Ícone queer negro, MNEK está fabuloso no clipe de “Correct”, do disco “Language”

Sextou,  gente! E em ótimo estilo, porque saiu “Correct”, mais um single do MNEK com seu tão aguardado álbum de estreia, “Language”, que será lançado na próxima semana, dia 7 de setembro.

Pra quem não lembra, MNEK é aquele cantor de “Never Forget You”, com a Zara Larsson. Ele também tem “Colour”, com a Hailee Steinfeld, que estará no seu disco, e os singles “Tongue” e “Crazy World”. Todas essenciais para qualquer pessoa LGBTQ que queira terminar o ano dizendo ter ouvido vários hinos pop.



Britânico, o músico é conhecido por suas influências que mesclam gospel, R&B e house music e, fora seus singles, também esteve por trás de alguns hits desse ano, como “IDGAF”, da Dua Lipa, e “You Don’t Know Me”, do Jax Jones, compostas por ele.

Em “Correct”, ele vem cheeeeio de autoestima, avisando que chegou pra ajeitar a vida de quem está com ele, afinal, agora essa pessoa está ao lado do cara certo. O clipe, como todos dele, é lindíssimo e transborda excelência negra. O título da música, inclusive, traz uma sutil referência ao icônico “respect!”, de Aretha Franklin, que também é mencionada na sua letra. Transcrevendo a própria canção: reis negros, nós ficamos orgulhosos em nossos tronos!

Se você ainda não conhecia esse reizinho negro LGBTQ talentoso, chegou a hora de corrigir esse erro:

Designer recria capas de Rihanna, Beyoncé e Kanye West como vinis dos anos 70

Se você é daqueles fãs que vive imaginando como aquela capa do seu ídolo poderia ter ficado muito mais foda se ele tivesse optado por uma direção diferente da original, vai pirar com o trabalho do designer gráfico Patso Dimitrov, que vem recriando capas de álbuns dos mais variados artistas, incorporando o visual dos vinis dos anos 70 e 80.

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Em seu Instagram (onde assina como @pvtso), o artista de Barcelona exibe suas versões para o trabalho de artistas como Rihanna, Beyoncé, Kendrick Lamar e Kanye West, e os leva direto para décadas passadas, com inspirações e referências que, arriscamos dizer, ficam ainda mais fodas que os trabalhos originais, já impecáveis.

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Numa entrevista para a Crack, Patso explica que a inspiração para estes trabalhos veio da admiração que ele sempre teve pelos discos de jazz e funk dos anos 70, somada ao interesse dele se aproximar de obras mais atuais, e conta ainda que desde sempre deu o seu toque para materiais que gostava.


Foda demais, né? Nas redes sociais do cara, tem sido cada vez mais frequente a presença de fãs pedindo por novas versões para as artes de seus artistas favoritos, então vale ficar de olho e, quem sabe, deixar os seus pedidos também.

Carlos Nunez: “Não acredito que exista DJ ruim”

“Não acredito que exista DJ ruim”, conta Carlos Nunez, de 37 anos, numa conversa com o blog. DJ e produtor há mais de vinte anos, o músico atualmente integra a banda do cantor Jaloo e, em seu histórico, possui uma longa trajetória que foi do metal ao funk, passando ainda pelo disco de estreia da Linn da Quebrada, no qual produziu faixas como “Necomancia”.


Em São Paulo, ele pode ser encontrado pelas festas noturnas Augusta afora, e, em horário comercial, também sob o comando do Lab Factory, um projeto de formação de novos DJs.

Eu sempre tive essa vontade de passar adiante minha experiência, de poder fazer a diferença na vida das pessoas musicalmente, e nada melhor do que poder ter a chance de fazer isso da maneira como se deveria: em um ambiente mais real possível”, explica Nunez sobre o curso, que acontece no Lab Club. “Uma das casas mais tradicionais da rua Augusta.

O curso que começou neste ano, já formou a sua primeira turma e, atualmente, segue com a formação de novos profissionais para a noite, com inscrições abertas para as turmas seguintes.

É super gratificante sentir que eles realmente absorveram o que foi ensinado e estão colocando em prática, dia após dia”, ele conta sobre sua primeira turma. “A segunda já começou e estão empolgadíssimos também!

Entre os formandos de Carlos, estão tanto pessoas que já trabalhavam com a noite, mas ainda não eram profissionais, como outros que sempre sonharam com a profissão, mas não tiveram uma oportunidade anterior de torná-la realidade. 

Quando questionado sobre o que definiria um bom DJ, ele explica: “Respeito pela arte, acima de tudo. Não pode se esquecer que todo envolvimento –seja ele em qualquer ramo – com a arte, é uma responsabilidade. Ele representa a inovação diária, trazendo informações e ditando tendências, mas sem se esquecer das origens e da história. Nedu Lopes, que é meu amigo e um dos DJs mais completos que já vi tocar, disse uma frase que sintetiza bem o que penso sobre a profissão: ‘Ser DJ é ter o fascinante poder de conduzir o humor das pessoas usando a música’.”

E quanto aos DJs ruins? Carlos também responde:

“Não acredito que exista DJ ruim. Prefiro dizer que existe DJ profissional, que leva a profissão à sério, e o restante, que considero pessoas que simplesmente não são do ramo.”


Com uma longa carreira também como produtor musical, o brasileiro recentemente viralizou com uma versão funk do novo single de Christina Aguilera, “Accelerate”, e gostaria de vê-la chegando aos ouvidos da própria cantora. “Tomara que chegue nela sim! Seria um sonho!”, comentou no Soundcloud, onde seu remix já conta com mais de 14 mil audições e segue disponível pra download gratuito:



No Brasil, por sua vez, ele quer mesmo é trabalhar com o funkeiro MC WM e a drag queen Gloria Groove.

Eu gostaria de trabalhar com o MC WM, que considero um dos melhores artistas dessa nova geração, e também com a Gloria Groove, que sou fã de carteirinha!”, conta Carlos. “[O pop nacional] Está encontrando seu próprio caminho. Quando passou a reconhecer o quão rica a sonoridade brasileira é e deixou de querer soar como os artistas internacionais, a coisa começou a andar.

Pra saber mais sobre o curso da Lab Factory, acesse a sua página no Facebook. Aproveite pra seguir e conhecer mais sobre o Carlos Nunez na mesma rede social e também no Instagram.

Chance the Rapper critica campanha racista da Heineken e marca tira vídeo do ar

Pouco depois de se apresentar pela primeira vez no Brasil, como uma das atrações do Lollapalooza, o Chance the Rapper usou suas redes sociais pra se manifestar contra a nova campanha da Heineken, intitulada “Sometimes lighter is better” ou, em tradução livre, “às vezes o mais claro é melhor”.


Em seu Twitter, o hitmaker de “No Problem” disse acreditar que algumas marcas estejam cometendo erros grotestos pra chamarem a atenção, de tão inacreditáveis que são certas campanhas, e apesar de não querer promover a marca ou a nova campanha, não conseguiu se calar diante da propaganda racista.



“Acho que algumas empresas estão lançando propositalmente comerciais racistas para ter mais visualizações”, disse Chance. “A propaganda ‘sometimes lighter is better’ da Heineken é terrivelmente racista, meu deus! Não estou dizendo para boicotá-los, só estou apontando que isso acontece com frequência e acho que eles estão fisgando os consumidores. Eu não queria tuitar sobre isso, mas como não poderia?”

Em resposta às críticas do rapper e outros usuários pela internet, a marca retirou a propaganda do ar e reconheceu o erro em um comunicado, emitido via BBC:

“A Heineken desenvolveu um marketing diverso que mostra que há mais coisas nos unindo do que nos dividindo. Embora acreditemos que o anúncio faz referência à nossa cerveja Heineken Light, erramos o alvo e estamos levando a reação a sério e usaremos isto para influenciar campanhas futuras.”

Dono de três Grammys por seu trabalho com o disco “Coloring Book”, Chance the Rapper sempre esteve muito empenhado em usar seu nome em prol de causas sociais e, nos últimos anos, participou de inúmeros debates, movimentos e campanhas nos EUA, abordando tópicos como o desarmamento e a desigualdade racial no país.

De mulheres, para mulheres: o papel da mulher na música é tema de debates em festival de SP

Neste mês de março, pelo terceiro ano consecutivo, o Festival Sonora São Paulo chega chegando pra procurar estimular o real papel das mulheres na indústria musical.

Neste ano, o evento intensifica a promoção de encontros entre as profissionais do meio com uma programação ao longo de todo o ano. E sabe qual o melhor? O evento é feito de mulheres para mulheres. Tá bom pra você, @?

O evento principal acontece só no segundo semestre do ano. Até lá, eventos como palestras, shows, oficinas e debates ocorrem com presença de compositoras, com o objetivo de ser um centro de informação e formação para o mercado musical.

Mas a primeira ação ocorre nesta sexta, dia 9, com a estreia do Mês da Mulher Sonora. O Dia da Mulher Sonora, na Casa do Baixo Augusta, une shows dos cristais da música Aíla e Luedji Luna, com direito até a debate que trata sobre o papel da música no combate à violência contra a mulher.


Se você não puder ir no evento amanhã em sampa, respira e calma, porque a programação do Mês da Mulher Sonora continua online, do jeitinho que a gente ama, em uma parceria com a Showlivre. Fica ligado, porque durante o mês vão rolar vários shows de minas fodas transmitidos ao vivo pelo portal do Estúdio Showlivre.

Serviço: 
DIA DA MULHER SONORA @ CASA DO BAIXO AUGUSTA
9 de março de 2018, sexta-feira, a partir das 20h
Casa do Baixo Augusta - Rua Rêgo Freitas, 572 – São Paulo, SP
Entrada gratuita para o debate. Ingressos para os shows: R$ 20 (compra apenas na porta do evento).

10 mulheres fodas da música brasileira que você precisa conhecer

A música brasileira sempre esteve rodeada de nomes femininos, é verdade, mas a realidade da indústria para as mulheres sempre foi dura, injusta e cheia de obstáculos, de maneira que, historicamente falando, muitos nomes fodas acabaram ficando pra trás ou não sendo tão valorizados o quanto deveriam.

Nos últimos anos, a internet se tornou um importante meio de se fazer e compartilhar música, facilitando pra que coletivos e artistas independentes se encontrem e se apoiem, e incentivando que não só mulheres, mas também cada vez mais artistas LGBTQs e negros se sintam incentivados a ocuparem um número cada vez maior de espaços.

Neste Dia Internacional da Mulher, a gente aproveita esse espaço pra compartilhar o nome de algumas mulheres que estão transformando a nossa música e, esperamos nós, fazendo o seu nome pra que as próximas gerações possam olhar para uma música ainda mais diversa e igualitária.

Prepara os fones de ouvido e o Spotify, porque com elas, os hinos estão garantidos. 

A lista foi organizada em ordem alfabética:

ABRONCA

Só o bonde pesadão! ABRONCA é formado por Jay, Slick e May, três mulheres negras, cantoras e rappers, que começaram como o grupo Pearls Negras, mas renovaram seu som e retornaram no ano passado com o single “Chegando de Assalto”, com produção do Leo Justi (MC Carol, M.I.A, Heavy Baile).


Bivolt

No Youtube, ela tem apenas três canções, mas senta e assiste, porque ela tá só começando. Bivolt é mais uma rapper em busca do seu espaço num gênero ainda muito limitado para mulheres e, caminhando a passos largos, já passou pelo Rock in Rio, se preparando agora para lançar o seu primeiro EP.



Danna Lisboa

Ela começou este ano ao som de “Quebradeira”, com a Gloria Groove, mas foi no ano passado que lançou seu primeiro EP, “Ideais”, no qual canta sobre seus amores, seres e lutas, enquanto rapper, cantora, mulher, negra e trans.


Drik Barbosa

Se tem um nome que tem tudo pra virar o rap nacional de cabeça para baixo neste ano, é de Drik Barbosa. Seu EP de estreia, “Espelho”, será lançado pelo selo do Emicida, Lab Fantasma, e já conta com o single “Melanina”, ao lado de Rincon Sapiência.

Geo

Autointitulada como uma cantora de “sad pop”, Geo vem fazendo seu nome pelas beiradas e com uma proposta que foge de tudo o que é comum para o pop nacional, trazendo letras em português para batidas que, facilmente, poderiam embalar o som de artistas como Lorde, Lana del Rey e Banks.

Jade Baraldo

Uma das maiores surpresas vindas do The Voice Brasil, Jade Baraldo faz um pop alternativo, sensual, agressivo e ousado, tudo na mesma medida. No Spotify, ela já conta com os singles “Brasa” e “Vou Passar”, além de versões para alguns hits internacionais.


Linn da Quebrada

Ela se diz uma “bicha estranha, louca, preta, da favela”, adjetivos esses que LGBTQs negros podem ter passado a vida ouvindo de maneira pejorativa mas, na voz dela, se tornam gritos de guerra, de força, de insistência e resistência. Seu disco de estreia, “Pajubá”, é uma das produções mais fodas do último ano.

Mahmundi

Essa é uma artista que já conhecemos de muitos verões, mas que agora, de contrato assinado com uma major e um ótimo primeiro single já lançado, tem tudo para ir ainda além. Mahmundi é um sopro de ar fresco e ousadia para a música pop, sempre tão enlatada.

Malía

A preta aqui não tá de bobeira. Malía foi descoberta após cantar Ludmilla, Rihanna, entre outras artistas pela internet, mas agora quer mesmo é levar cada vez mais longe o seu próprio som. O EP “Zum Zum Zum” é tudo o que você precisa pra se convencer do quanto ela é incrível.


Xênia França

Xênia França é uma força da natureza. Seu disco de estreia, lançado no último ano, “Xenia”, trata de toda a sua força, empoderamento e lutas contra o machismo, racismo e mais o que estiver no seu caminho, embalado por um classudo som que passeia das influências africanas ao jazz, fruto da América negra.

Querida pessoa branca, “Pantera Negra” não foi feito pra você

Nesta quinta-feira, 15, chega aos cinemas a mais nova produção da Marvel, “Pantera Negra”, e com todo um peso e relevância que vão bem além das tradicionais estreias dos caras: essa é a primeira vez que um super-herói negro de origem africana e todo o seu universo ganham um filme solo.


A história gira em torno do príncipe T’Challa (Chadwick Boseman) e seu reino, Wakanda, e traz um puta elenco, incluindo nomes como Michael B. Jordan (“Quarteto Fantástico”, “Creed”), Lupita Nyong'o (“Star Wars”, “12 Anos de Escravidão”), Danai Gurira (“Vingadores: Guerra Infinita”, “The Walking Dead”) e Daniel Kaluuya (“Corra!”, “Black Mirror”).



Em tempos de discussões sobre representatividade, o longa faz a lição de casa. Todo o visual é fielmente inspirado na cultura de época da África, além da produção ser majoritariamente feita por artistas negros, dos atores ao diretor, Ryan Coogler. E a título de informação, há apenas dois personagens brancos de destaque, interpretados por Andy Serkis e Martin Freeman, o que, apesar de ser raro no cinema, principalmente neste universo de super-heróis, ainda rendeu reclamações e ameaças de boicote.

Levando o mesmo nome que, por mera coincidência, também batizou o movimento que marcou a luta contra o racismo nos EUA entre as décadas de 60 e 80, o herói da Marvel ressurge num momento de importantes passos para a cultura negra em Hollywood, visto ser também o ano em que o terror “Get Out!”, de Jordan Peele, é um dos favoritos ao Oscar 2018, e que plataformas como a Netflix têm demonstrado uma preocupação cada vez maior em também fazer a sua parte nesta busca por reparação, com produções como a bem-humorada e mais do que necessária “Dear White People”.

A importância desse momento, por sua vez, não se dá apenas pela presença, destaque e premiação desses artistas e produções negras, mas também pela oportunidade de finalmente conseguirmos nos ver representados de maneiras que fujam dos velhos estereótipos do cinema e TV, com toda a pluralidade que existe e resiste na história e cultura negra, além da chance de assumirmos essas narrativas na linha de frente e, mesmo que aos poucos, fazermos a diferença para os tantos negros desta e de futuras gerações, que poderão olhar para todos esses filmes e personagens e se identificarem de uma maneira bastante positiva.



Com o perdão da brincadeira no título, o longa está aí para todos apreciarem, sem distinções, e antes mesmo de sua estreia, já estava fadado a fazer a diferença. Aos que se sentiram incomodados de alguma forma no que tange a representatividade e maioria negra na produção, sejam muito bem vindos ao outro lado da história, foi mais ou menos assim que nos sentimos enquanto víamos esse tipo de filme por todos os últimos anos e vocês vão sobreviver.

“Pantera Negra” chega aos principais cinemas de todo o Brasil nesta quinta, 15, e pra encerrar, aproveitamos para mostrar a trilha-sonora do longa, que estreou na última semana no Spotify e, com curadoria do sempre foda Kendrick Lamar, também veio repleta de artistas negros talentosíssimos:




Excelência negra! ✊🏿

Aposta de hit para o carnaval, “Envolvimento”, da MC Loma, ganhará nova versão com clipe do Kondzilla

Bastaram algumas horas após se apresentarem com Anitta, durante um festival em Pernambuco, pra MC Loma e as Gêmeas Lacração começarem a ver outras portas se abrindo por conta do seu primeiro sucesso, o viral “Envolvimento”.

Editorial: “Envolvimento”, da MC Loma, e como ainda subestimam o poder da favela

Com mais de 7 milhões de exibições no Youtube, a música figurou entre as mais ouvidas do Spotify apenas 72h após a sua estreia e, só no último final de semana, já ganhou versões nas vozes de Wesley Safadão e Solange Almeida.

Agora, a música vai além: de contrato assinado com a gravadora Start Music, o trio, formado pela cantora Paloma e as gêmeas Mirella e Marielly Santos, irão regravar a canção, antes produzida de maneira amadora pelas próprias meninas, e ainda irão relançá-la com um clipe dirigido pelo Kondzilla, que atualmente é o maior canal brasileiro no Youtube, além de ter se tornado um verdadeiro termômetro para os hits de funk dos últimos anos.

A gente fica na torcida pra que não deixem perder a essência da música, né? Que caso você ainda não tenha visto, é essa aqui:



Escama só de peixe! 

Em meio aos vários lançamentos dedicados ao carnaval, MC Loma, de apenas 15 anos, parece ter encontrado a fórmula que está fazendo todo mundo dançar e, como a própria canta em “Envolvimento”, “esse hit é chiclete e na sua mente vai ficar”.



Com a benção de Anitta e outros artistas responsáveis por hits dessa época nos mais variados gêneros, não fica difícil imaginá-la vencendo essa corrida. Mas elas não param por aí! Isso porque, além da nova versão do hit, o trio já está pronto para gravar mais uma canção, chamada “Se Concentra”. O Brasil ganhou uma nova estrela?

Novo duo sueco, BC Unidos estreia EP com participações de Charli XCX, Carly Rae Jepsen e Santigold

Sabe o que Robyn, Carly Rae Jepsen, Icona Pop, Lana Del Rey, Santigold e Charli XCX têm em comum? Todos esses artistas estiveram em estúdio ao menos uma vez com um cara chamado Patrik Berger.

O produtor sueco tem ganhado cada vez mais espaço entre esses nomes do pop alternativo, fora do circuito convencional de hitmakers, e ao lado do seu parceiro de longa data, Markus Krunegård, deu vida ao projeto BC Unidos, que lançou na última sexta-feira (10) o seu primeiro EP.

Markus conta que o projeto é “uma zona musical livre,  onde regras não são aplicadas, provando que mentes abertas e união podem criar um mundo melhor, mais amável e divertido”, e a sua primeira aparição rolou na faixa “Can’t Get Enough of Myself”, de Santigold, presente no disco mais recente da cantora e, agora, também no EP dos caras.


Quem também figura entre as faixas do EP, que se chama “Bicycle”, são Charli XCX (“I’m a Dream”) e Carly Rae Jepsen (“Trouble In The Streets”), além de Shungudzo, que aparece no lead-single “Bicycle” e na faixa final, “Ouagadougou”.

O EP de estreia da BC Unidos está disponível no Spotify e você pode ouvir na íntegra abaixo:

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