Se tem um ritmo que tem se aproveitado bastante da era dos streamings (além do rap, claro) é a música eletrônica. Vejamos a hot 100: dentre as 20 primeiras músicas, 3 são eletrônicas. No UK, que sempre teve uma tendência maior para o EDM, 5 entre as 20 iniciais pertencem ao ritmo. Isso tudo sem contar as canções que possuem influência da música eletrônica em ambas as paradas. Um número considerável, né? Porém, outro dado tem impactado ainda mais: o número de estrelas do pop que tem usado a ajuda e a facilidade de produtores em lidar com o mundo da música na atualidade para crescer.
Entre as estrelas já consolidadas, tivemos esse ano Selena Gomez apostando na parceria "It Ain't Me", com o Kygo, enquanto não abria os trabalhos de seu próprio CD. Outra que também foi para esse lado foi Demi Lovato, fazendo sucesso na Europa com "No Promises", colaboração com o trio de DJs Cheat Codes.
O mais interessante de tudo isso, no entanto, é ver as estrelas da música pop em ascensão procurando se firmar com a ajuda da eletrônica. Nomes da nova geração que, você pode não estar tão familiarizado, mas que já entendem muito bem como funciona essa indústria. E vale a pena destacar: esses nomes crescem com a ajuda de outros também novos no cenário eletrônico. É aquele bom e velho ditado: uma mão lava a outra.
O principal grupo quando falamos em dar oportunidades aos que estão chegando agora é o Clean Bandit. Misturando eletrônica e música clássica, o trio é uma sensação no Reino Unido, e não é difícil de imaginar o porquê. Lá atrás, em 2013, eles apresentaram ao mundo a Jess Glynne por meio dos hits "Rather Be" e "Real Love". Resultado: pouco tempo depois, em 2015, ela hitou MUITO no UK com seu trabalho de estreia (e o Clean Bandit também!). Agora, eles fazem o mesmo com Louisa Johnson em "Tears", Anne-Marie em "Rockabye" e, principalmente, Zara Larsson em "Symphony".
Dentre as revelações citadas acima, nenhuma tem um alcance tão grande quanto Zara, e talvez seja seguro dizer que ela é o (ou, pelo menos, um dos) nome(s) mais promissores dessa nova geração. Tendo conquistado um #2 na parada britânica com seu single "I Would Like", foi só com a parceria em "Symphony" que ela chegou ao primeiro e conseguiu, assim, dizer pra todo mundo que veio pra ficar. Essa é a importância do encontrão pop e EDM: ele ajuda a firmar artistas, principalmente aqueles que estão só no começo.
Dentre as revelações citadas acima, nenhuma tem um alcance tão grande quanto Zara, e talvez seja seguro dizer que ela é o (ou, pelo menos, um dos) nome(s) mais promissores dessa nova geração. Tendo conquistado um #2 na parada britânica com seu single "I Would Like", foi só com a parceria em "Symphony" que ela chegou ao primeiro e conseguiu, assim, dizer pra todo mundo que veio pra ficar. Essa é a importância do encontrão pop e EDM: ele ajuda a firmar artistas, principalmente aqueles que estão só no começo.
Outro nome do dance (que também é novíssimo!) é o Martin Garrix. Eleito DJ do ano de 2016 pela DJ Mag, principal revista do gênero, o cara também é um que tem procurado ajudar artistas novos no pop a crescer, enquanto se ajuda também. Primeiro, ele chamou Bebe Rexha para "In The Name Of Love" e continuou com Dua Lipa em "Scared To Be Lonely". Duas cantoras que, assim como Zara, Anne e Louisa, ainda estão se firmando, estando Dua um pouco mais a frente.
Os números de "In The Name Of Love" ajudaram Bebe: a canção chegou ao #24 no USA e ao #9 no UK e mostrou que a então compositora de hits também tem muita capacidade de cantar um sucesso. Para Dua, foi ainda melhor: a parceria com Garrix rendeu um Top 15 no UK, ao mesmo tempo em que outras duas músicas suas, "No Lie", parceria com o Sean Paul, e "Be The One". O que falar de uma cantora estreante já com três músicas de sucesso ao mesmo tempo? Estabilidade é tudo!
E se o encontro pop e EDM serve para estabilizar o nome de artistas que ainda nem lançaram seu primeiro disco, também pode servir para manter em alta aqueles que já revelaram seu primeiro trabalho, ou lançaram um álbum a um tempo considerável, e estão trabalhando no CD sucessor. Recentemente, Martin se uniu a Troye Sivan em "There For You", que tem esse mesmo efeito: manter o sul-africano, atualmente em estúdio trabalhando em seu novo material, em alta. Esse é o caso também de Zedd e Alessia Cara em sua "Stay", hit estável no top 10 da Billboard que chegou ao #7, além das próprias "It Ain't Me" de Selena e Kygo e "No Promises" de Demi e Cheat Codes.
Nesse caso de "fazer uma parceria EDM até meu novo disco sair e ver no que dá", não podemos deixar de citar Halsey com o duo The Chainsmokers em "Closer". Enquanto preparava o sucessor do "Badlands", a americana participou da música que se tornou um mega hit e agora colhe os frutos: seu segundo disco, "hopeless fountain kingdom", é o primeiro álbum feminino a chegar ao topo da Hot 200 em 2017, com 115.000 de vendas/streamings. Tá bom ou quer mais?
Não é difícil imaginar o porquê do sucesso da música eletrônica se estender ou até aumentar na era dos streamings. Além de pegar carona muitas vezes nos ritmos do momento, ou fazendo algo único que se destaque da maioria, os artistas de eletrônica também se beneficiam dessa fase atual em que singles importam muito mais do que álbuns, já que sempre foi um costume para eles lançar muitas músicas e só depois pensar em um disco. Não é à toa que Calvin Harris queria apenar lançar singles esse ano, ou que esses produtores demorem tanto para revelar seus CDs, lançando várias músicas de trabalho antes do lançamento do material completo. E a possibilidade de se adaptar a essa era tão difícil e crescer enche os olhos de muito artista, principalmente os novatos.
As parcerias entre DJs e cantores pop se tornam os novos buzz singles desses últimos: uma forma deles falarem "ei, eu to aqui!", seja pra dizer que não sumiram ou pra pedir atenção e reconhecimento. Para os artistas pop, uma forma de se adaptar ao mundo dos streamings enquanto saem de sua zona de conforto e fazem algo que provavelmente em nada terá a ver com seu novo disco, mas mantém os fãs animados e o público atento. Para os produtores, uma forma de se consolidar na indústria, ter não só seus hits, mas seus nomes conhecidos, e uma porta de entrada para o mundo do pop, o que ajuda a expandir seu público e traz a possibilidade de produzir grandes sucessos (alô, Skrillex por trás dos smashs do Justin Bieber!). Todo mundo sai ganhando, principalmente a gente.